PSDB usará maior evento católico para fazer pregação anti-Dilma

Maior evento católico do país, a comemoração do dia de Nossa Senhora Aparecida, na Basílica de Aparecida do Norte, no interior de São Paulo, contará com a presença de Alckmin e Serra, que aproveitarão o ensejo para fazer a pregação anti-Dilma sobre a questão do aborto

Segundo a coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, o tucano deve martelar na tecla religiosa e na pregação antiaborto que adotou recentemente. O evento, que comemora o Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, reuniu 43 mil pessoas no ano passado e costuma ter ampla cobertura da mídia.

A "atração" da missa já está sendo anunciada pela arquidiocese local. O arcebispo Dom Raymundo Damasceno tem dito que "apenas políticos da região" devem participar dela. Entretanto, estarão lá os tucanos Alckmin e Serra — que venceu na cidade com 47% dos votos, contra 28% de Dilma Rousseff (PT) e 23% de Marina Silva (PV).

A coluna informa que a "programação santa" de Serra no dia 12 já chegou ao comando da campanha do PT.


Polêmicas e mentiras

Ao contrário do que dizem os jornalões, Dilma nunca mudou de posição com relação ao aborto, nem o PT o fez.

A candidata entende que esta é uma questão de saúde pública, não de moralidade, terreno no qual a direita tenta sempre assentar a discussão. E que já existe uma legislação que permite o aborto legal, realizado nos serviços de saúde pública em casos de estupro ou risco de morte para a mãe, que não vem sendo cumprida. São pouquíssimos os hospitais no país que prestam o serviço. Há estados, como o Tocantins, que não oferece um único serviço de abortamento legal. Garantir o direito dessas mulheres, hoje, já seria avanço.

O PT não recuou, pois não tinha resolução a favor da legalização do aborto, mas de sua descriminalização. São conceitualmente diferentes. Com a legalização, o aborto passaria a ser um direito da mulher, e, portanto, deveria ser oferecido em todos os serviços de saúde pública, com fácil acesso para todas as cidadãs, independentemente de sua motivação. Já a descriminalização apenas as impediria de serem presas pela interrupção da gravidez, mas desobriga o Estado a garantir o serviço, o que, na prática, o deixa ainda distante das classes mais baixas. Ou seja, a Folha mentiu.


Serra tergiversa

Ao contrário do que diz hoje o candidato Serra, em 1998, foi ele o ministro da Saúde que normatizou os serviços de abortamento legal no Brasil. Prestou, dessa forma, um grande serviço para as mulheres brasileiras, ainda que em número reduzido. Já que o aborto era legal nos casos previstos em lei citados acima desde a década de 40, mas nunca o serviço havia sido normatizado, na prática, nunca havia existido.

Um dos poucos bons feitos que o candidato trazia na bagagem, preferiu jogar fora com um discurso reacionário e mentiroso de que Dilma seria “aborteira” e ele “a favor da vida”.

No vale-tudo eleitoral, Serra optou por instrumentalizar a ignorância e o fundamentalismo religioso em detrimento de um debate conseqüente sobre a vida das mais de 1 milhão de brasileiras que se submetem aos perigos de um aborto inseguro anualmente.

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Da redação, com informações Folha de S.Paulo e do Blog Conversa Afiada