Jovens de baixa renda são maioria nas faculdades

Um fenômeno recente está dando novo rosto às universidades brasileiras e mudando, para melhor, a vida de milhares de famílias. Pesquisa inédita do Data Popular, instituto especializado em mercado emergente no Brasil, revela que, pela primeira vez na década, jovens de baixa renda são maioria nas faculdades. A reportagem foi publicada no jornal O Dia deste domingo (7).

Segundo a pesquisa, os jovens são 73,7% dos universitários. “É um contingente enorme que representa a primeira geração de suas famílias a obter um diploma de nível superior”, constata Renato Meirelles, sócio-diretor do instituto de pesquisa.

O estudo mostra que os estudantes da classe D, oriundos de famílias que ganham menos de 3 salários mínimos (R$ 1.530), ultrapassaram os filhos da elite nos campi. Uma das razões para esta revolução no ensino apontada por Meirelles foi o Programa Universidade para Todos (ProUni) que já atendeu 747 mil estudantes de baixa renda nos últimos seis anos. Só em 2010 (primeiro e segundo semestres) mais de 240 mil bolsas do ProUni foram ofertadas, sendo mais de 11 mil no Rio de Janeiro.

De 2002 a 2009, as faculdades, públicas e particulares, receberam 700 mil estudantes da classe D — média de 100 mil jovens a cada ano. Se há oito anos eles ocupavam somente 5% do bolo universitário, em 2009 chegaram a 15,3%. Já os da classe A perderam participação no total: a fatia caiu de 24,6% para 7,3%.

De acordo com Meirelles, para esses jovens a universidade é um investimento pesado, mas que vale a pena: “A família vê no estudo a única chance de mudar as condições de vida de todos”.

Segundo ele, a classe C já representa o maior número de alunos em escolas privadas, com mais de 4 milhões de crianças matriculadas. Ainda na classe C, 68% das pessoas estudaram mais do que os pais; entre a classe A esse percentual é de apenas 10%.

A partir do ano que vem, jovens terão mais um incentivo. A UFRJ vai destinar 20% das vagas para estudantes de escolas públicas. Os candidatos serão aprovados por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). A instituição planeja dar mil bolsas-auxílio, Bilhete Único Intermunicipal e netbooks.

Número de universitários cresceu 57% em sete anos

-Entre 2002 e 2009, o número de universitários no Brasil passou de 3,6 milhões para 5,8 milhões, um avanço de 57%.

-Noventa por cento da população ganham até 10 salários mínimos e movimentam R$ 760 bilhões ao ano.

-As classes A e B detêm 26,3% das vagas no ensino superior, enquanto estudantes da C, D e E representam 73,7% do total.

-Em todas as classes sociais, houve aumento dos homens nas faculdades, mas as mulheres são a maioria (57%).

-A média da idade dos universitários aumentou: passou de 25,87 em 2002 para 26,32, em 2009.

-A necessidade de trabalhar para pagar a faculdade faz com que a maioria prefira estudar à noite ou em meio período.