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Dia da Consciência Negra: Senado homenageia vítima de preconceito

Os senadores realizaram, na manhã desta sexta-feira (19), sessão plenária em homenagem às pessoas que ainda são vítimas de preconceito no Brasil. O evento foi solicitado pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que estendeu a homenagem do Senado ao Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, aos demais grupos que atualmente sofrem discriminação.

Marlete Queiroz, representante dos grupos ciganos, disse que os 800 mil ciganos nesse país não são cidadãos porque não têm direito nem a Certidão de Nascimento e nem fazem parte do Censo, que reconhece apenas brancos, negros e índios. “Nós não estamos em estágio de discriminação, nós estamos além, somos invisíveis. Um povo invisível que ninguém conhece e precisa de respeito, dignidade e esperança”, disse em um discurso emocionado.

O senador disse que a discriminação "é inadmissível em pleno século 21, quando o mundo avança no combate ao racismo e ao preconceito, e no momento em que se elege um negro para presidente dos Estados Unidos", acrescentando que o Brasil elegeu para presidente um nordestino e operário e, agora, uma mulher. "Viver ainda hoje com esse tipo de conduta preconceituosa é um retrocesso", avaliou.

Cristovão Buarque (PDT-DF) disse que se emocionou com o discurso de Marlete e reconhece que o Brasil não será o país de todos até que estejam todos incluídos, com direito a todos os avanços. “O país precisa de ser um país provisório”, afirmou, destacando que “é preciso que o sistema de cota, o Bolsa-Família – ainda muito importantes – sejam coisas do passado, assim como sessões como essa.”

A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), que presidiu a sessão, disse que o momento era propício para reflexão sobre a desigualdade social como marca fundamental da sociedade brasileira. “Haveria a percepção de que a desigualdade social é algo inerente ao Brasil. Pior: a percepção de que tal desigualdade seria aceitável e não haveria o que fazer; de que as coisas são assim e não há problema que continuem a sê-lo”, alertou.

Reviravolta cultural

Para a senadora pelo PT, tais crenças levaram à aceitação das desigualdades, bem como sua continuidade e disseminação. Segundo ela, essa discriminação não ocorre apenas com negros e pessoas pobres. Ocorre também com mulheres de todas as classes sociais, pessoas com deficiência física ou mental, idosos, presidiários, índios e muitos outros.

Para reduzir o preconceito e inserir socialmente milhões de discriminados na sociedade, Serys defendeu a ampliação de programas de distribuição de renda e do acesso à educação de qualidade e à saúde, mas destacou que “é preciso uma reviravolta cultural em nossas relações sociais” – afirmou a senadora, para quem essa reviravolta precisa ir além da inclusão econômica, passando "por aquilo que se pode qualificar de cidadania para todos os brasileiros", concluiu.

Além de Marlete Queiroz, fizeram parte da sessão Ivonete Carvalho, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepir); Paulo Cezar Jardins, delegado da Polícia Civil do Rio Grande do Sul; Warley Martins, da Confederação Brasileira de Aposentados; e Toni Reis, da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).

De Brasília
Márcia Xavier