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Medidas austeras desencadeiam série de protestos na Europa

Uma onda de descontentamento social toma conta de vários países europeus, ocasionada pelo anúncio de planos de austeridade por parte de governos que descartam outra saída para sanar o déficit orçamentário.

Protesto em Londres

O saneamento das enormes dívidas públicas tornou-se um processo imperativo diante do fantasma da Grécia, que enfrenta um doloroso resgate por parte da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional na ordem de 110 bilhões de euros.

Na semana passada, foi a Irlanda quem pediu a ambas as entidades outro resgate no valor de 90 bilhões de euros para fazer frente a um déficit que chega a 32% do Produto Interno Bruto.
No Reino Unido, milhares de estudantes universitários saíram às ruas em cidades como Londres, Manchester, Liverpool, Sheffield, Bristol, Cambridge, Newcastle e Edimburgo para rechaçar a redução de fundos destinados à docência universitária e o aumento do custo das matrículas.

Duas semanas atrás, uma demonstração similar se tornou violenta quando um grupo de jovens tomou a sede do Partido Conservador na capital britânica e a polícia entrou em confronto com a multidão, o que resultou em 14 feridos e meia centena de presos.

Os protestos mais recentes chegaram, inclusive, à universidade de Oxford, onde cerca de 300 estudantes tomaram a biblioteca central, segundo informações de alunos desta entidade.

Tom semelhante adquiriram as demonstrações antigovernamentais na Itália a uma medida similar que impõe duros cortes ao orçamento das universidades públicas e à pesquisa, favorecendo assim os centros privados de ensino. Milhares de jovens protagonizaram na quarta e quinta-feira grandes jornadas de greve nas cidades de Florença, Bolonha, Milão, Roma e Palermo contra as medidas de austeridade impulsionadas pelo governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

Na Tosacana, região central da Itália, grupos de manifestantes ocuparam a famosa torre inclinada de Pisa, onde penduraram no último andar um banner no qual se podia ler “não à reforma da universidade”. Algo parecido aconteceu no Coliseu de Roma.

Mais de uma cidade italiana presenciou choques entre manifestantes e policiais. A Praça de Montecitorio, em frente à entrada da Câmara de Deputados, foi cenário de um dos enfrentamentos, quando os manifestantes tentaram romper o cordão policial. Munidos de cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo, os agentes da ordem impediram o avanço do grupo de jovens.

Segundo representantes da União dos Universitários, mais de 50 centros de altos estudos da Itália estão mobilizados em várias regiões e seguirão protestando até que o governo escute suas demandas.

Alto grau de participação registrou a paralisação nacional convocada pelos maiores sindicatos de Portugal na última quarta-feira contra as medidas de arrocho decretadas pelo gabinete do primeiro-ministro José Sócrates para satisfazer os mercados e tranquilizar a Comissão Europeia.

Segundo a Confederação Geral dos Trabalhadores de Portugal (CGTP) e a União Geral de Trabalhadores (UGT), a paralisação, primeira que as centrais realizaram juntas em 22 anos, afetou os serviços de transporte, saúde, o setor bancário e o recolhimento de lixo.
Todos os portos e aeroportos do país foram paralisados; três em cada quatro trens não circularam e tampouco o fizeram quase dois terços da frota de ônibus.

Segundo João Proença, líder da UGT, esta foi a maior paralisação realizada desde 1988, como tentativa de fustigar a política de austeridade imposta pelo governo para reduzir o déficit público e aplacar a voracidade dos especuladores financeiros.

Lisboa tem uma dívida pública de 161 bilhões, quer dizer, mais de 82% de seu PIB, e figura como a terceira economia a pedir um resgate à UE e ao FMI.

A França também viveu jornadas de agitação social quando milhares de trabalhadores saíram às ruas nesta semana em protesto contra a reforma lei aposentadoria. A legislação foi aprovada pelo Parlamento e logo recebeu o aval de seu principal defensor, o presidente Nicolas Sarkozy. Porém, a maioria dos franceses não aceita as novas regras.

Fonte: Prensa Latina