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Presidente palestino fala na ONU sobre a luta do seu povo

Por ocasião do Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, Mahmoud Abbas, presidente do Estado da Palestina, do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina e da Autoridade Nacional Palestina pronunciou um discurso no qual expressou a confiança em que o sofrimento do seu povo “está chegando ao fim”.

Assim como vocês comemoram o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, eu tenho a satisfação de transmitir a Vossas Senhorias, neste encontro realizado na sede das Nações Unidas, e através de Vossas Senhorias para a Comunidade Internacional, as mais calorosas saudações do povo palestino e de sua liderança, a nossa mais profunda gratidão pela solidariedade com o nosso povo e seu apoio à nossa luta pelo implemento de seus direitos inalienáveis e o estabelecimento de uma paz justa, abrangente e duradoura na região do Oriente Médio.

Também gostaria de expressar nosso profundo apreço pelos esforços de Sua Excelência Ban Ki-moon, Secretário Geral das Nações Unidas, e pelos esforços do Comitê em Exercício pelos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino e seu Presidente, Exmo. Sr. Embaixador Abdo Salam Diallo, a fim de restaurar os direitos do povo palestino, dando um fim ao seu sofrimento e alcançando a paz na região.

Desde o princípio, as Nações Unidas tem dado continuidade às negociações e assumido suas responsabilidades referentes à questão Palestina até sua solução em todos os aspectos, através do fim da ocupação de Israel nas nossas terras e nos nossos locais sagrados, permitindo ao nosso povo que determine seu destino, de acordo com as resoluções da legitimidade internacional e dos consensos do mundo como um todo. Tem sido adotadas inúmeras resoluções, com base na Carta das Nações Unidas e da Lei Internacional, incluindo a lei humanitária internacional. Embora estas resoluções não tenham sido implementadas ainda, devido à recusa e intransigência de Israel, elas continuam válidas e continuam constituindo os fundamentos para a proteção dos direitos do nosso povo e as bases para o alcance da justiça, que é o pré-requisito para o alcance da paz. Nós apelamos aqui para as resoluções do Conselho de Segurança No. 242 (1967) e 338 (1973) que constituem as bases do processo de paz no Oriente Médio.

Aqui está uma realidade que não pode ser ignorada ou negada, que é a histórica injustiça infligida ao povo palestino e que persiste. Existe uma outra realidade, ou seja, que nós como Organização para a Libertação da Palestina temos, por muitos anos, tratado nossa luta com considerável realismo. Desde 1974, nossos conselhos nacionais têm reconhecido os princípios para resolver o conflito com base em dois Estados e através das negociações. Nosso povo declarou a independência do Estado da Palestina, como uma iniciativa de paz, em 1988, na qual nós fizemos uma histórica e dolorida concessão no sentido de alcançarmos a paz, que garantiria os seus direitos, com o estabelecimento do Estado Palestino nos limites de 4 de junho de 1967 na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e em Jerusalém Oriental.

Mas as bases para o progresso de uma solução pacífica é o princípio de parceria e concordância, nos termos legais de referência e compromisso com os acordos alcançados, no sentido de resolver os problemas impostos pelo legado deste longo, doloroso e sangrento conflito. Esta parceria deve ser aquela que compreende as preocupações legítimas do outro e estabelecem as bases para um novo e diferente futuro para os povos palestino e israelense.

Devo enfatizar, aqui, que o parceiro palestino continuará sendo um parceiro verdadeiro, não para melhorar a face feia da ocupação, mas para trazer o fim da ocupação. Ademais, as negociações devem ser justas e levar a um acordo claro e comprometido e isto não significa que a parte poderosa, Israel, tenha permissão para impor consistentemente sua vontade sobre nós. Nosso compromisso é firme e forte para alcançarmos um acordo abrangente que nos leve a dois Estados viáveis – Um já existe e o outro tem que alcançar sua independência, o Estado da Palestina – nos limites de 4 de junho de 1967.

Dentro deste contexto e baseado na nossa determinação de alcançarmos a paz, temos respondido às iniciativas dos Estados Unidos da América e às iniciativas internacionais e aos esforços destinados à retomada do processo de paz e das negociações entre Israel e nós, seguidas de um período de suspensão. Com a ajuda de algumas partes árabes e internacionais, nós conseguimos romper o impasse que assolou sobre este processo. Estamos esperançosos de que a retomada das negociações sobre o status final das questões e uma solução permanente, após a remoção dos obstáculos que esta enfrenta, constituirá um sério e verdadeiro começo para alcançarmos uma paz genuína e duradoura com Israel. Para que isto aconteça, a deterioração do processo de paz deve ser colocada em pauta, uma atmosfera apropriada deve ser criada e os laços de confiança entre os dois lados tem que ser estabelecidos.

Isto só pode ser feito através do respeito aos termos de referência do processo de paz, tal como foi definido pelas resoluções da legitimidade internacional, da Iniciativa Árabe de Paz, da visão de dois Estados e da estrita e honesta implementação dos acordos assinados. Isto exige dar um decisivo e definitivo fim à viciosa campanha colonizadora israelense de assentamentos nos territórios palestinos ocupados, incluindo Jerusalém Oriental, que constituem uma bomba relógio capaz de destruir tudo o que conquistamos, no nosso caminho para a paz, a qualquer momento.

O confisco das terras, a expulsão dos cidadãos palestinos de suas casas, a construção e anexação do muro do apartheid, condenado internacionalmente, deve cessar. Prisioneiros palestinos nas prisões israelenses devem ser libertados. O injusto e inumano cerco imposto ao nosso povo na Faixa de Gaza deve ser levantado. A transferência ilegal de civis israelenses para dentro dos territórios palestinos ocupados, incluindo Jerusalém Oriental, deve ser interrompida, porque lá não pode haver coexistência entre as atividades de assentamento e a paz. Os assentamentos são uma flagrante e agressiva manifestação ocupacionista e de mentalidade expansionista. Enquanto a paz significa o reconhecimento dos direitos nacionais do povo palestino e o compromisso com a implementação das resoluções da legitimidade internacional, literalmente e espiritualmente, e do princípio da terra em troca da paz, da solução dos dois Estados e do Mapa do Caminho.

Não há caminho para obter uma real, duradoura e abrangente paz, que não seja baseada nas resoluções da legitimidade internacional, a qual convoca Israel a retirar-se completamente de todos os territórios palestinos e árabes ocupados. A alternativa é andar rumo ao desconhecido. O rumo do processo político deve ser corrigido, a erosão das negociações deve acabar, e o comprometimento com as obrigações com um processo de paz justo e definitivo deve ser reafirmado. Isto é requerido pelas demandas da justiça e da lei internacional, que trarão a paz, e não de acordo com a chamada paz econômica ou considerações práticas baseadas no que pode ser “aceito” pelas forças de ocupação, prévia aceitação que tem minado o processo de paz e as perspectivas de segurança e estabilidade para a região.

O que pode extinguir o calor da violência e controlar as tendências extremistas é um bravo passo rumo à um status permanente de negociações para alcançarmos acordos práticos e justos que dêem um fim à ocupação das nossas terras e dos nossos locais sagrados e trazer uma sólida estabilidade para a região, que está repleta de tensões que constituem os alicerces para claras e veladas erupções. É por isso que rejeitamos firmemente todas as ações unilaterais de Israel, a força ocupante, e exigimos seu cessar imediato porque afetam o status final das questões e são uma clara tentativa para determinar unilateralmente o mapa da solução final. Então, eu transmito minhas palavras, através de vocês, para toda a comunidade internacional. Nós devemos tomar como lições o resultado fracassado dos últimos esforços internacionais para compelir Israel a dar um fim a suas políticas de assentamentos e práticas de agressão, que tem causado tantos danos e minado a credibilidade no processo de paz com o nosso povo.

O cerne deste conflito são a ocupação e as atividades de assentamento e já chegou a hora do mundo colocar em pauta as raízes deste conflito através do fim da ocupação e permitindo a declaração da independência do Estado da Palestina, que nós esperamos, conforme declarou o Presidente Obama na Assembléia Geral em setembro, seja um novo, ativo e reconhecido membro das Nações Unidas no próximo ano, assegurando a todos vocês que as Nações Unidas e a legitimidade internacional permanecerão uma referência e um santuário para nós, para a tomada de quaisquer decisões num eventual fracasso das negociações, nas quais, nós asseguramos a todos vocês, exerceremos todos os esforços visando seu êxito.

O povo palestino extrai sua fé inabalável da justeza de sua causa e de seu apoio e do apoio e solidariedade de todos os irmãos e amigos interessados no sucesso do processo de paz. Portanto, precisamos da continuidade de seus esforços e dos esforços dos co-patrocinadores do processo de paz, incluindo os esforços do Presidente Barack Obama, da Federação Russa, da União Européia, do Japão, da China, do Movimento dos Não-Alinhados, da Organização da Conferência Islâmica, dos irmãos Árabes e dos amigos de todos os lugares e, em particular, aqui das Nações Unidas.

Eu estou absolutamente confiante, já que estamos às vésperas da celebração do Ano Novo, de que o sofrimento do nosso povo está chegando ao fim. Estou, também, convicto de que a renovação e reafirmação de vossa solidariedade e apoio ao nosso povo, especialmente neste momento, amparam e firmam seu apoio à nossa justa posição e aos nossos sinceros esforços para estabelecer uma paz justa, duradoura e abrangente na região – uma paz que durará e se consolidará e se arraigará; uma paz baseada na justiça, na igualdade, no respeito mútuo e na cooperação criativa; uma paz que garantirá aos povos da região segurança, estabilidade e prosperidade e que garantirá liberdade e independência ao povo palestino; uma paz que virará a página do passado com todas as suas agonias, dores, repressões e sofrimentos; uma paz que abrirá uma nova era de cooperação e coexistência na região, onde haverá esperança, segurança e perspectivas de um futuro melhor para todas as nossas crianças.

Renovamos a todos vocês a nossa gratidão e apreço pelos seus bons esforços e sua firme e constante solidariedade com a causa do nosso povo. Renovo minha mensagem ao povo israelense de que a nossa mão continua capaz de carregar o ramo de oliveira, desde os escombros, e continuará estendida para uma paz justa, no sentido de assegurar um futuro seguro para as nossas crianças e as futuras gerações.

Com informações da Embaixada no Brasil