Organizações querem políticas públicas em comunidades cariocas
Nos últimos dias, o Rio de Janeiro ganhou a atenção de todo o mundo com as operações policiais de combate ao tráfico de drogas no complexo de favelas do Alemão. O tráfico e a criminalidade foram as problemáticas reveladas pela mídia como sendo os principais causadores da guerra urbana que, mais uma vez, assombrou o moradores do Alemão. Mas, para além desta realidade, as comunidades cariocas passam por outros problemas que também merecem atenção.
Publicado 02/12/2010 08:49
Buscando despertar os três níveis do governo para uma série de demandas reprimidas, organizações e movimentos sociais, unidos por meio do Comitê de Desenvolvimento Local da Serra da Misericórdia, promovem nesta quinta-feira (2) uma reunião de articulação para propor uma agenda sócio-ambiental para o território da serra da Misericórdia e dos complexos de comunidades do Alemão, da Vila Cruzeiro e da Penha.
O encontro será realizado na sede do Instituto Raízes em Movimento (Rua Diogo de Brito, 245 – Ramos, na capital carioca) e, de acordo com Sérgio Ricardo, ambientalista e membro da ONG Verdejar, contará com a presença de organizações da sociedade civil e com representantes do poder público, entre eles membros da Secretaria Estadual de Direitos Humanos e do Gabinete Civil do governo do estado.
As propostas que serão apresentadas e debatidas durante o encontro fazem parte de velhos problemas e demandas da população dessas comunidades e dizem respeito às necessidades básicas como saneamento, energia, mobilidade urbana, lazer e cultura, entre outros. Segundo Sérgio Ricardo, boa parte do que será demandado já foi prometido diversas vezes após outras ocupações policiais e também durante períodos eleitorais.
"O que acontece é que a região tem uma forte marca da ausência do Estado. Esta última ocupação foi a quarta ou quinta e aconteceu com uma diferença das outras, o fato de não ter chacinas. Apesar de ter se transformado em espaço de violência, há organizações trabalhando no Alemão e desenvolvendo projetos há mais de uma década. Nós queremos cobrar que os projetos bem sucedidos, muitos que inclusive nunca receberam um centavo do governo, passem a receber apoio", explica Sérgio.
Durante os anos de trabalho na comunidade, o ambientalista destacou que alguns ecologistas foram responsáveis, entre outras coisas, por replantar uma área onde só se via pedras e hoje existe uma mata com grande valor ambiental. Para que o cuidado com esta área fosse mantido, organizações ambientais conseguiram junto à Prefeitura do Rio de Janeiro que a Serra da Misericórdia fosse decretada Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana (Aparu).
Denunciando as promessas que não saíram da teoria, Sérgio Ricardo relembrou que até hoje os moradores do Alemão esperam a implantação da Lona Cultural, uma iniciativa que já existe em outras comunidades, mas que nesta não se concretizou.
Os movimentos e organizações sociais atuantes no Alemão buscarão, além de apoio a projetos que garantam uma vida digna à população das comunidades periféricas, também o reconhecimento do seu trabalho na região, considerada a mais pobre do Rio de Janeiro.
"O Alemão sofreu um esvaziamento econômico, degradação, intensa poluição e sofre ainda com outros problemas. O que esta região necessita é de políticas públicas sérias, não de planos mirabolantes, caros e irreais saídos da cartola do governo. Há projetos sérios que precisam ser reconhecidos e apoiados", encerrou o ambientalista.
Fonte: Adital