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Organizações querem políticas públicas em comunidades cariocas

Nos últimos dias, o Rio de Janeiro ganhou a atenção de todo o mundo com as operações policiais de combate ao tráfico de drogas no complexo de favelas do Alemão. O tráfico e a criminalidade foram as problemáticas reveladas pela mídia como sendo os principais causadores da guerra urbana que, mais uma vez, assombrou o moradores do Alemão. Mas, para além desta realidade, as comunidades cariocas passam por outros problemas que também merecem atenção.

Buscando despertar os três níveis do governo para uma série de demandas reprimidas, organizações e movimentos sociais, unidos por meio do Comitê de Desenvolvimento Local da Serra da Misericórdia, promovem nesta quinta-feira (2) uma reunião de articulação para propor uma agenda sócio-ambiental para o território da serra da Misericórdia e dos complexos de comunidades do Alemão, da Vila Cruzeiro e da Penha.

O encontro será realizado na sede do Instituto Raízes em Movimento (Rua Diogo de Brito, 245 – Ramos, na capital carioca) e, de acordo com Sérgio Ricardo, ambientalista e membro da ONG Verdejar, contará com a presença de organizações da sociedade civil e com representantes do poder público, entre eles membros da Secretaria Estadual de Direitos Humanos e do Gabinete Civil do governo do estado.

As propostas que serão apresentadas e debatidas durante o encontro fazem parte de velhos problemas e demandas da população dessas comunidades e dizem respeito às necessidades básicas como saneamento, energia, mobilidade urbana, lazer e cultura, entre outros. Segundo Sérgio Ricardo, boa parte do que será demandado já foi prometido diversas vezes após outras ocupações policiais e também durante períodos eleitorais.

"O que acontece é que a região tem uma forte marca da ausência do Estado. Esta última ocupação foi a quarta ou quinta e aconteceu com uma diferença das outras, o fato de não ter chacinas. Apesar de ter se transformado em espaço de violência, há organizações trabalhando no Alemão e desenvolvendo projetos há mais de uma década. Nós queremos cobrar que os projetos bem sucedidos, muitos que inclusive nunca receberam um centavo do governo, passem a receber apoio", explica Sérgio.

Durante os anos de trabalho na comunidade, o ambientalista destacou que alguns ecologistas foram responsáveis, entre outras coisas, por replantar uma área onde só se via pedras e hoje existe uma mata com grande valor ambiental. Para que o cuidado com esta área fosse mantido, organizações ambientais conseguiram junto à Prefeitura do Rio de Janeiro que a Serra da Misericórdia fosse decretada Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana (Aparu).

Denunciando as promessas que não saíram da teoria, Sérgio Ricardo relembrou que até hoje os moradores do Alemão esperam a implantação da Lona Cultural, uma iniciativa que já existe em outras comunidades, mas que nesta não se concretizou.

Os movimentos e organizações sociais atuantes no Alemão buscarão, além de apoio a projetos que garantam uma vida digna à população das comunidades periféricas, também o reconhecimento do seu trabalho na região, considerada a mais pobre do Rio de Janeiro.

"O Alemão sofreu um esvaziamento econômico, degradação, intensa poluição e sofre ainda com outros problemas. O que esta região necessita é de políticas públicas sérias, não de planos mirabolantes, caros e irreais saídos da cartola do governo. Há projetos sérios que precisam ser reconhecidos e apoiados", encerrou o ambientalista.

Fonte: Adital