RJ: 7.400 pessoas em situação de trabalho escravo de 2003 a 2010
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostra que de 2003 a 2010 foram registradas denúncias envolvendo 7.400 pessoas em situações de trabalho escravo em 12 municípios de diferentes regiões do estado.
Publicado 15/12/2010 18:50 | Editado 04/03/2020 17:04
No mesmo período, a pesquisa também indica que 1.693 pessoas foram libertadas do regime de escravidão em 11 cidades. Campos, no norte fluminense, é o município que apresentou o maior número de denúncias de trabalho escravo e de libertação do regime: 5.945 pessoas envolvidas (74% do total do estado) e 1.112 liberados, respectivamente.
“Não podemos afirmar que em Campos as ocorrências de trabalho escravo sejam maiores, mas é o local onde temos mais informações, pois nesse município a sociedade civil é muito mais vigilante, mais organizada. Por isso, os casos que ocorrem em Campos têm mais chance de serem denunciados”, explicou o coordenador do Grupo de Pesquisa Trabalho Escravo Contemporâneo da UFRJ, o professor Ricardo Rezende Figueira.
Além de Campos, foram registradas denúncias de trabalho escravo nos últimos oito anos em Bom Jardim, Resende, Cantagalo, Petrópolis, Araruama, Paracambi, Valença, São Francisco de Itabapoana, Carapebus, Rio de Janeiro e Cabo Frio. Segundo o relatório, o trabalho escravo atinge idosos, mulheres, crianças e adolescentes e não se restringe ao campo.
A Conferência sobre Trabalho Escravo Contemporâneo também abriu as candidaturas de integrantes das entidades da sociedade civil para concorrer às vagas da Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo (COETRAE-RJ), que irá permitir a participação da sociedade na formulação e execução de políticas para a o enfrentamento do problema. Foram eleitos representantes da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho; Centro de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos de Campos; Comitê Popular de Erradicação do Trabalho Escravo do Norte Fluminense; Consórcio Projeto TRAMA; Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST); Movimento Humanos Direitos (Mude); Pastoral do Imigrante; e Sindicato Estadual dos Professores (Sepe) de Campos. A instituição da COETRAE-RJ e a posse dos seus integrantes estão previstas para janeiro de 2011.
Estudo
Intitulada “Trabalho Escravo Contemporâneo e os Desafios para o Estado do Rio de Janeiro”, a pesquisa será um dos subsídios para as ações da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH) destinadas a reduzir o trabalho escravo.