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Evo defende nome de Lula para ONU, mas brasileiro descarta

O presidente da Bolívia, Evo Morales, defendeu nesta sexta (17) a candidatura de seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, à Secretaria-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) durante a 40ª Cúpula do Mercosul, que ocorre em Foz do Iguaçu. Muito elogiado por governates de vários países, Lula, contudo, disse que não precisa de cargos para contribuir.

"Lula merece ser secretário-geral da ONU" pelo que fez como um "estadista", opinou o boliviano, ressaltando que, neste cargo, Lula daria atenção aos países da América Latina.

Morales afirmou que Lula representou a América do Sul em todo o mundo. "É um grande integrador do mundo. Um presidente que trabalhou de maneira permanenete pelos mais pobres, mas também respeitando o setor privado". O boliviano arrancou risos quando disse que invejava os índices de popularidade de Lula. "Quem não gostaria de tanta popularidade?", questionou. "A tarefa do Lula não para por aqui".

O presidente boliviano enumerou as razões para a indicação: "Pela sua grande experiência, pela sua capacidade de persuadir as pessoas, de convencer os opositores, pela capacidade de integrar os povos, pela capacidade de convencer-nos, inclusive até de frear-nos, mas pelo bem de nossos povos", disse.

Desde março, a imprensa internacional tem tratado sobre rumores de que o presidente brasileiro, que entrega a presidência do Brasil em 1º de janeiro a Dilma Rousseff, poderia ser uma pessoa para o lugar onde hoje está o sul-coreano Ban-ki moon nas Nações Unidas, cujo mandato expira em 2011.

A possibilidade teria sido levantada, segundo o jornal britânico The Times, pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, durante uma reunião da cúpula do G-20 que ocorreu em setembro de 2009 em Pittsburgh, nos Estados Unidos.

Outras lideranças mundiais já chegaram a defender a candidatura do brasileiro ao cargo máximo da ONU, como o porta-voz da presidência da Palestina, Mohamed Edwan, e do primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates.

A defesa de Morales ocorreu durante o último encontro do Mercosul do qual Lula fará parte enquanto chefe de Estado do Brasil. Além de Evo Morales, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, e o do Uruguai, José Mujica, elogiaram o presidente brasileiro.
 
"Muito obrigado, Lula, por você existir, por tudo o que você fez e por muito ainda o que tem para fazer. Não terá descanso", disse Mujica. "Quero parabenizar Lula pelos avanços alcançados. E quero expressar os melhores desejos para a Dilma Rousseff", afirmou Lugo.

Emocionado, o presidente do Uruguai, José Mujica, agradeceu a Lula "por existir, pelo que você fez e pelo que ainda tem pela frente". "Basicamente sem título, será nosso embaixador plenipotenciário no conserto deste mundo", reforçou.

Na mesma linha de elogios estendeu-se o presidente do Chile, Sebastián Piñera. Ele lembrou que, há alguns anos, ao assistir à despedida de Pelé, no Maracanã, ouviu 200 mil torcedores gritarem: "Fica Pelé, fica." "Eu quero dizer ''Fica Lula, fica''."

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, deu as boas vindas à presidente eleita, Dilma Rousseff.  "Um até logo ao companheiro Lula e que Dilma seja bem-vinda, aguardamos com carinho, afeto e muito amor. Eu me sinto um pouco sozinha aqui".

Resposta de Lula

Apesar dos apelos, o presidente Lula descartou nesta sexta-feira que almeje ser secretário-geral da ONU ou alto representante do Mercosul, ao agradecer os pedidos feitos por vários governantes.

"Só posso considerar isso como um gesto de consideração do companheiro Evo (Morales, presidente da Bolívia), mas se trata de uma indicação que ninguém pede, nem reivindica", disse Lula ao ser perguntado em uma breve entrevista coletiva sobre a proposta do boliviano.

Lula insistiu que a ONU tem que ser dirigida por um técnico competente e não por um ex-presidente, já que o secretário-geral das Nações Unidas não pode ter a mesma força que os chefes de Estado dos países que o compõem.

"Eu acho que a ONU precisa ser dirigida por algum técnico competente da ONU. Não pode ter um político forte na ONU, porque não pode ser maior que os presidentes dos países e eu fico meio preocupado se virar moda presidentes de países presidirem a ONU", disse Lula.

"Daqui a pouco os EUA estão disputando, além do Conselho de Segurança, também o controle das Nações Unidas e aí tudo ficará mais difícil", completou.

Na entrevista coletiva, Lula também descartou a possibilidade de ser alto representante do Mercosul, cargo cuja criação foi aprovada nesta quinta-feira, para que sirva como porta-voz do bloco sul-americano diante de outras instituições e em fóruns internacionais.

"Posso contribuir (com o Mercosul) sem ocupar um cargo. Eu não preciso de cargo para contribuir, só preciso de motivação", afirmou o presidente.

Lula afirmou que após encerrar seu mandato, se dedicará a levar as experiências bem-sucedidas do Brasil a outros países, especialmente aos mais pobres e aos africanos.

"Mas isso só funcionará desde que eu respeite as peculiaridades de cada país e me apresente com humildade para mostrar os projetos brasileiros sem tentar impô-los", declarou.

Com agências