Evaldo Lima: A segurança nos estádios depende de quem?

O futebol se construiu ao longo da história brasileira como grande fator de mobilização. Na condição de patrimônio cultural, deve ser preservado, desenvolvido e reconhecido como política pública. O fortalecimento de suas instâncias de participação depende da atenção a medidas básicas que evocam autoridades e sociedade civil.

Por Evaldo Lima*

Ao poder público cabe assegurar condições de segurança dentro dos estádios, através de soluções modernas e eficazes, além de promover e apoiar ações e discussões que promovam a conscientização sobre a cooperação coletiva em prol da boa convivência e a atenção às leis.

O novo Estádio Presidente Vargas (PV) é um exemplo do primor à segurança e de empenho em prol do resgate da característica familiar e comunitária de um equipamento com potencial para ser palco de grandes eventos e mais jogos históricos. O novo PV será entregue, dentro de alguns meses, acondicionado às diretrizes de segurança e modernidade da Fifa e Estatuto do Torcedor.

O equipamento disporá de acessos com estrutura que permitirá a saída de 64 pessoas por segundo. Os quatro setores da arquibancada terão entradas independentes, impossibilitando

o encontro entre torcidas. O alambrado será de vidro laminado e temperado, constituído por duas chapas de 12, cinco milímetros cada, separadas por película intermediária.

No acesso ao PV, cada entrada contará com 10 catracas eletrônicas que identificam o torcedor por foto e dados cadastrais. Estarão em funcionamento dentro do estádio duas salas de juizados e uma de delegacia; e 135 câmeras de monitoramento serão instaladas por todo o equipamento.

Essas medidas do poder público com vistas à inibição e controle de conflitos no estádio são potencializadas quando clubes esportivos e sociedade desenvolvem ou endossam campanhas e ações de massificação dos preceitos de ordem e respeito entre torcedores. É preciso fortalecer, inclusive, em cada sala de aula, durante o jantar em família, nas igrejas, nos bancos de praças e nas conversas entre vizinhos o combate à violência. As noções de convivência urbana, civilizada e respeitosa; a exaltação ao espírito esportivo em oposição à hipercompetitividade; e o combate a impunidade precisam estar automatizadas e refletidas em nossas ações e hábitos cotidianos. A Lei Municipal nº 9678 criou a Semana da Paz nos Estádios e instituiu que sua realização aconteça, sempre, durante a primeira semana de disputas do Campeonato Cearense.

Enquanto professor e secretário de Esporte e Lazer de Fortaleza, portanto, convido os cidadãos pentacampeões do mundo a perpetuarem um futebol arte e mobilizador. A segurança depende de cada um. Ao poder público e sociedade, diferentes tarefas, com iguais relevâncias.

* Evaldo Lima é secretário de Esporte e Lazer de Fortaleza, professor e filiado ao PCdoB

Fonte: O Povo