Centrais vão às ruas e à Justiça pelo salário mínimo de R$ 580

O debate sobre o valor do salário mínimo esquenta a cada dia. Nesta terça-feira (12), o deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, disse que, caso o governo continue sem negociar, as centrais sindicais recorrerão a Justiça. No próximo 18 de janeiro as centrais pretendem realizar uma manifestação em defesa do mínimo de R$ 580. Já os ministros Antônio Palocci e Luiz Sérgio estão se articulando em defesa dos R$ 540.

No dia 30 de dezembro, uma MP (Medida Provisória) assinada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usava como reajuste 5,88% para o salário mínimo, elevando seu valor de R$ 510 para 540. Contudo, o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de 2010, usado no cálculo para o aumento, ainda não estava completamente apurado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Como o INPC fechado ficou em 6,47%, o salário mínimo correto seria de R$ 543. Com isso, a presidente Dilma Rousseff teria a possibilidade de arredondar o valor para R$ 550, afirma o senador Paulo Paim (PT-RS). “Os R$ 540 nós sabemos que não vão ficar, uma vez que é inconstitucional, porque não corrige o salário nem pela inflação do período”, argumenta Paim.

As centrais querem que o governo aumente o salário mínimo para R$ 580, reajuste de 10% para os aposentados, e a correção "pelo menos equivalente à inflação" da tabela do Imposto de Renda. Nos últimos dias os ministros da Casa Civil, Antônio Palocci, e das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, entraram em campo para pedir que a base aliada se manifeste publicamente a favor do reajuste do salário mínimo definido na MP do governo, relatou uma fonte.



Caminho das ruas e da Justiça

Paulinho disse, que se as conversas não começarem diretamente com a presidente Dilma Rousseff ou com um ministro designado por ela até segunda-feira (17), na próxima terça-feria (18) todas as centrais procurarão a Justiça Federal nos Estados para mover ações contra o governo por conta da não correção da tabela do imposto de renda.

Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o salário mínimo pago no Brasil deveria ser de R$ 2.227,53. "Não podemos aceitar que o salário tenha uma correção menor que a inflação quando o Brasil cresce 7%, 8%. Ou seja, os mais pobres são os que menos vão receber num período em que todo o Brasil ganhou", argumenta Paulinho.

"O governo vai perder a votação do salário mínimo. Foi o que eu disse para o Luiz Sérgio: vocês vão perder. Nós vamos contar com a insatisfação da base do governo sobre os cargos não distribuídos", afirmou o sindicalista. A expetativa é de que os parlamentares, depois de terem aumentado o seu próprio salário em mais de 60%, agora também aprovem o maior salário mínimo possivel para os trabalhadores.

Além da Justiça, a centrais prometem tomar as ruas do Brasil em defesa do mínimo de R$ 580. Em São Paulo, a manifestação já tem local, data e hora. Será na Avenida Paulista, dia 18 de janeiro, terça-feira, à partir da 10h.

Fonte: da redação, com agências

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