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Ministros do Hezbollah e aliados renunciam, e governo libanês cai

Um dia após a renúncia dos ministros do Hezbollah – que levou o governo de unidade nacional do Líbano ao colapso -, o presidente do país, Michel Suleiman, pediu ao primeiro-ministro Saad al-Hariri para continuar no comando interinamente, até que um novo governo seja formado.

Ao todo, dos 30 ministros, 11 renunciaram aos cargos, tornando o gabinete de Hariri inconstitucional, uma vez que não mais reunia representantes de todas as religiões. A decisão mergulha o Líbano em uma crise política e eleva os temores da volta da violência sectária.

A renúncia em massa foi um protesto do grupo xiita Hezbollah contra o Tribunal das Nações Unidas (ONU) que investiga o assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik al-Hariri, pai de Hariri, em 2005.

O tribunal da ONU deverá indiciar membros do grupo Hezbollah por suposta participação no atentado à bomba que matou Hariri, pai do atual primeiro-ministro. O grupo xiita Hezbollah nega qualquer participação no assassinato e acusa o tribunal de "politizado" e de servir aos interesses dos Estados Unidos e de Israel.

A oposição vinha tentando convencer Saad Hariri a rejeitar os resultados do tribunal. Mas ele declarou que não deixaria de apoiar a corte internacional, em parte financiada pelo Líbano. Na coletiva, a oposição esclareceu que a decisão de renunciar se deu depois que um pedido para uma reunião de gabinete para discutir o tribunal foi negada por Hariri, que se encontrava em uma reunião com o presidente americano Barack Obama. O premiê deve se encontrar nesta quinta com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, em Paris.

O presidnete Suleiman deve começar as consultas sobre a escolha de um novo premiê nesta quinta. Ele se encontrará com o presidente do Parlamento, Nabih Berri. A escolha de um novo líder pode durar meses. Em 2007, por exemplo, o Líbano ficou sem premiê por um semestre.

O gabinete de Suleiman anunciou que as renúncias foram aceitas e que Saad Hariri seria convidado a permanecer no cargo interinamente. Em comunicado, ele pediu ao governo para que "mantenha uma capacidade temporária até que um novo governo seja formado".

A composição do governo libanês é sempre fruto de prolongadas negociações. O atual bloco opositor é formado por xiitas e cristãos, enquanto o governista, do premiê Hariri, é composto por sunitas e cristãos radicais. A lei libanesa prevê que todo governo deve incluir representantes de todas as religiões do país – xiitas, sunitas, druzos e cristãos. Portanto, com a saída da oposição e do Hezbollah, a coalizão torna-se ilegal, já que não tem representantes xiitas.

O Líbano é um Estado sectário, já que não existe maioria religiosa. Os cristãos, sunitas e xiitas representam aproximadamente um terço da população cada. Censos não são realizados, o que inviabiliza a determinação de números exatos. O atual governo libanês é apoiado por israelenses e sauditas, enquanto o Hezbollah conta com apoio de Síria e Irã.

O Irã culpou nesta quinta Estados Unidos e Israel pelo colapso do governo libanês. E pediu aos políticos do país árabe que preservem a unidade ante a atual crise. Um comunicado da chancelaria assinalou que o Líbano "está em uma situação sensível e instável" e que "a sabotagem e a obstrução dos Estados Unidos e do regime sionista são as causas principais do fracasso dos esforços sírio-sauditas."

O pronunciamento lamentou que a postura de Washington e Tel Aviv tenha impedido que as gestões desses dois países conseguissem um compromisso para solucionar a paralisia do gabinete em Beirute.
 
O Irã convocou todos a acharem uma solução para o país, "mediante um esforço mútuo de todos os partidos" e a "enfrentarem as conspirações mal-intencionadas". Também advertiu que "as políticas e ameaças belicistas" dos EUA e de Israel "são perigosas para a paz na região".

Com agências