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Hu Jintao nos EUA: cooperação e luta entre duas potências

Os presidentes da China e dos Estados Unidos, Hu Jintao e Barack Obama, concordaram nesta terça-feira (18) em fazer avançar ainda mais as relações bilaterais. A promessa foi feita durante jantar privado oferecido pelo presidente norte-americano, após a chegada de Hun Jintao aos Estados Unidos.

Além dos dois chefes de Estado, participaram do jantar pela parte estadunidense a secretária de Estado Hillary Clinton e o conselheiro para Segurança Nacional, Tom Donilon. Da parte chinesa, acompanhando o presidente Hu, encontravam-se o conselheiro de Estado, Dai Bingguo, e o ministro das Relações Exteriore,s Yang Jiechi.

Obama e Hu fizeram uma avaliação positiva sobre os progressos realizados nas relações bilaterais e se disseram prontos para promover um avanço ainda maior do relacionamento cooperativo e abrangente, segundo nota distribuída à imprensa chinesa pelo Ministério das Relações Exteriores da China após o jantar.

De acordo com a nota, Hu disse que foi aos Estados Unidos com o objetivo de desenvolver o entendimento bilateral e a confiança mútua, ampliar os intercâmbios e a cooperação.

Hu também acentuou o objetivo de fortalecer a coordenação efetiva entre os dois países em torno das grandes questões regionais e internacionais e fazer com que as relações entre a China e os Estados Unidos inaugurem uma nova era. “Eu olho para a frente, para amanhã fazer um intercâmbio profundo de pontos de vista com o presidente Obama e discutir com ele o projeto de cooperação entre a China e os Estados Unidos”, disse o presidente chinês.

As relações entre a China e os Estados Unidos atravessaram um período turbulento durante o ano de 2010. As divergências se manifestaram quanto à venda de armas pelos Estados Unidos a Taiwan, o que foi visto pela China como uma afronta à sua soberania, na medida em que Taiwan é parte inalienável do território da China; também a questão dos “direitos humanos” afastaram os dois países, principalmente com a atribuição do Prêmio Nobel da Paz ao ativista chinês Liu Xiaobo e as críticas formuladas pela secretária de Estado Hillary Clinton.

Questões de natureza estratégica envolvendo os interesses fundamentais dos dois gigantes dificultam as relações: a proliferação nuclear, o fortalecimento do poderio militar da China e a guerra cambial.

Os Estados Unidos condenam os programas nucleares da República Popular Democrática da Coreia e da República Islâmica do Irã e exigem que a China adira à sua política de pressões e sanções. A China, por seu turno, propõe que sobre a questão coreana sejam retomadas as conversações de seis partes (as duas Coreias, o Japão, a Rússia, os Estados Unidos e a própria China como país promotor). Igualmente, em relação ao Irã a China prefere o diálogo e deplora a linha de impor sanções (embora tenha dado seu aval às sanções decididas no âmbito do Conselho de Segurança da ONU).

Quanto ao fortalecimento do poderio militar chinês, é um corolário da sua emergência como potência econômica, que os Estados Unidos procuram contornar cercando a China em sua vizinhança – fortalecendo laços militares com a Índia, o Japão e a Coreia do Sul.

No que se refere à guerra cambial, as reclamações estadunidenses sobre a “depreciação artificial da moeda chinesa, o yuan” são inócuas. Os problemas da moeda norte-americana, argumentam os chineses ( e toda a torcida do Corínthians), não decorrem disso, mas dos desequilíbrios estruturais da economia dos Estados Unidos.

As conversações entre o gigante asiático e a potência imperialista norte-americana constituem um sinal do novo quadro internacional caracterizado pelo declínio estadunidense e a ascensão da China. Rivalidade e entendimentos se alternarão na relação entre os dois, conforme a evolução dos fatos.

A nova ordem mundial em gestação será em grande parte marcada por essas relações entre as potências, mas não só. A emergência de um ordenamento internacional democrático, progressista e revolucionário dependerá também da palavra e da ação dos povos e nações em luta por sua plena soberania e independência, por um novo sistema político, econômico e social.

Da redação, com informações das agências internacionais