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Aliança Aécio-Alckmin pode impor o pior revés para Serra no PSDB

Aliados do senador eleito Aécio Neves (MG) e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, endossaram uma operação que fecha as portas do comando do PSDB para o ex-governador José Serra. Como sequela da disputa entre Serra e Aécio, a bancada do PSDB aprovar uma moção, subscrita por 53 deputados e suplentes, pela recondução do deputado eleito Sérgio Guerra (PE) à presidência do partido.

Serra cogitava pleitear o cargo para manter visibilidade política — e agora está prestes a sofrer seu maior revés dentro do PSDB, isolando-se cada vez mais. Aécio, ao ser consultado sobre a redação do abaixo-assinado, disse que o apoiaria desde que tivesse aval de Alckmin. Já Sérgio Guerra ligou para Alckmin na manhã de quarta para falar sobre o documento.

Segundo Guerra — que nega ter participado da elaboração do documento —, a escolha da bancada foi autônoma, sem a influência de lideranças “externas” do partido, como governadores e senadores. “É um documento dos deputados”, disse.

A operação para isolar Serra foi posta em prática na manhã desta quarta-feira, durante reunião da bancada do PSDB para eleição de Duarte Nogueira (SP) para a liderança do partido na Câmara, quando mais adesões à ideia foram obtidas. "Não sabia de nada", tergiversou o presidente do PSDB-SP, Mendes Thame, que assinou o documento.

O abaixo-assinado reuniu assinatura de 53 dos 55 deputados presentes à reunião — o que minimiza a choradeira de tucanos serristas. "É um aviltamento à democracia interna do PSDB tentar reeleger o presidente em reunião para escolha do líder", protestou o senador eleito Aloysio Nunes Ferreira (SP), defensor do nome de Serra para presidir o partido. "Houve um rolo compressor. Eles assinaram sob constrangimento", reclamou.

Segundo participantes da costura, a recente movimentação de Serra precipitou a elaboração de um abaixo-assinado em favor de Guerra. O ex-governador manifestou disposição de participar da reunião dos deputados, o que foi encarado como sinal de que pretende interferir nos rumos do partido. Aecistas também atribuíram a Serra o vazamento da informação de que o publicitário indicado pelo ex-governador para produção do programa do PSDB é réu no processo do mensalão mineiro.

"Inferno astral"

A falta de apoio para presidir o PSDB está longe de ser a única razão para o “inferno astral” de Serra. Soma-se a isso a aclamação unânime de Duarte Nogueira, ligado a Alckmin, para a liderança da bancada. Os tucanos também elegeram o mineiro Paulo Abi-Ackel, ligado a Aécio, para o cargo de líder da minoria na Câmara.

Há dois anos, a recondução de José Aníbal (SP) à liderança provocou um racha na bancada, expondo a divisão entre aecistas pró-Aníbal e serristas, que apoiavam a eleição de Paulo Renato (SP). O ressentimento foi tão profundo que o grupo de Paulo Renato desafiou a liderança de Aníbal e passou a atuar de forma independente.

Serra tem mais uma derrota à vista: o senador Tasso Jereissati (CE), também ligado a Aécio, deve assumir um posto na Executiva Nacional tucana — a presidência do Instituto Teotônio Vilela (ITV), cogitada por Serra. Foram os aliados de Aécio e os tucanos de Pernambuco que deram início à campanha para a nomeação de Tasso. Caso o mineiro Rodrigo de Castro continue na Secretaria Geral, serão dois aecistas na cúpula partidária.

Da Redação, com agências