Altamiro Borges – Ceará inspira caravana pela Ley de Medios

O debate sobre “mídia, regulação e democracia”, que lotou o auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará na noite de sexta-feira (18), mostra todo o potencial da luta pela democratização dos meios de comunicação no país.

Debate mídia Ceará

Cerca de mil pessoas compareceram ao evento, no qual o jornalista Paulo Henrique Amorim fez corrosivas críticas ao PIG (Partido da Imprensa Golpista) e defendeu a urgência de um novo marco regulatório para o setor, a Ley dos Medios.

O debate sobre “mídia, regulação e democracia”, que lotou o auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará na noite de sexta-feira (18), mostra todo o potencial da luta pela democratização dos meios de comunicação no país. Cerca de mil pessoas compareceram ao evento, no qual o jornalista Paulo Henrique Amorim fez corrosivas críticas ao PIG (Partido da Imprensa Golpista) e defendeu a urgência de um novo marco regulatório para o setor, a Ley dos Medios.

A empolgação dos participantes foi contagiante, emocionante. No auditório lotado, com pessoas em pé nos corredores, os jovens compunham a ampla e animada maioria. Muitos eram estudantes de jornalismo da UFC e de várias faculdades particulares. A jovem Lia, aluna do primeiro ano do curso de comunicação, fez questão de pedir a palavra para ressaltar seu orgulho pela opção. “Esse é o jornalismo humanista, comprometido com a ética, que pretendo desempenhar no futuro”.

Blogueiros, sindicalistas, parlamentares

Também estavam presentes vários blogueiros e twitteiros, como Daniel Pearl, o incansável produtor do Blog da Dilma – que agora se empenha na organização do primeiro encontro de blogueiros do Ceará. Ativistas sindicais de inúmeras categorias participaram do evento, o que indica que cai a ficha do sindicalismo sobre a batalha estratégica contra a ditadura midiática que criminaliza a luta dos trabalhadores. Claylson Martins, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Ceará, representou o movimento na ocasião.

Os parlamentares também compareceram. O deputado Lula Morais (PCdoB) representou oficialmente a Assembléia Legislativa, sendo convidado para constituir a mesa do evento. A corajosa deputada Rachel Marques (PT), alvo de furiosa campanha da mídia por ter apresentando o avançado projeto de criação do Conselho de Comunicação Social do Ceará, fez uso da palavra e reafirmou a sua determinação de lutar pela “verdadeira liberdade de expressão no país”.

Percorrer o país pela regulação da mídia

Ativistas reconhecidos por seu empenho na luta pela democratização dos meios de comunicação, como o jovem Daniel Fonseca, do Intervozes, o veterano jornalista Luiz Carlos Antero e o blogueiro Inácio Carvalho, dirigente do PCdoB, também compareceram ao evento. Vários integrantes da academia ocuparam as primeiras filas do auditório. Em síntese, o que há de mais representativo na sociedade cearense foi ao debate para manifestar seu desejo por um novo marco regulatório das comunicações no Brasil.

Já no final do debate, muitos insistiram na urgência de se desencadear uma campanha nacional pela “Ley de Medios”. Um jovem professor de jornalismo me disse que era preciso pressionar o governo Dilma e “ajudá-lo a ter coragem” para regulamentar a mídia no país. No blog Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim, dezenas de comentaristas elogiaram o exemplo dos cearenses e propuseram o início imediato de uma caravana nacional pela democratização dos meios de comunicação.

O exemplo da Argentina

A idéia está lançada. Por que não organizar atos massivos e unitários, como o de Fortaleza, em várias capitais e centros urbanos do país? Por que não convocar os estudantes de comunicação, os blogueiros, os acadêmicos, os lutadores dos movimentos sociais e os autênticos democratas para iniciar uma campanha nacional por um novo marco regulatório da mídia? Por que não construir uma sólida unidade, avessa a qualquer exclusivismo, na batalha prolongada e árdua pela democratização da comunicação?

Na Argentina, a presidenta Cristina Kirchner precisou da força das ruas para aprovar seu projeto de “Ley de Medios”. Numa das inúmeras manifestações ocorridas em meados do ano passado, mais de 60 mil pessoas ocuparam as ruas de Buenos Aires para exigir o fim da “ditadura do Clarín”. Os latifundiários da mídia chiaram, mas foram derrotados no parlamento argentino. Em outros países latino-americanos também avança a legislação contra o monopólio midiático e a manipulação informativa.

A urgência da pressão das ruas

A pressão das ruas também será necessária no Brasil. Do contrário, o proposta de regulação da mídia, que teve suas linhas gerais traçadas na 1ª Conferência Nacional de Comunicação, em dezembro de 2009, e que virou um esboço no projeto apresentado pelo ex-ministro Franklin Martins, será novamente enterrada. A ditadura midiática tem força, bota muito medo nas “autoridades”. Só com atos massivos, como o do Ceará, será possível conquistar a verdadeira liberdade de expressão e avançar na democracia.

Fonte: Blog do Miro