Japão: explosão em usina nuclear que foi atingida pelo terremoto
A tragédia que se abateu sobre o Japão teve novos desdobramentos neste sábado, quando uma grande explosão atingiu uma usina nuclear japonesa que já tinha sido danificada pelo grande terremoto de sexta-feira.
Publicado 12/03/2011 13:16
A usina Fukushima 1 fica a cerca de 250 quilômetros a nordeste de Tóquio. O porta-voz do governo japonês, Yukio Edano, afirmou que o prédio de concreto onde está o reator número um da usina desabou, mas o contêiner de metal, dentro do qual está o reator, não foi danificado. Segundo Edano, os níveis de radiação em volta da usina já caíram depois da explosão.
Quatro feridos
A Companhia Elétrica de Tóquio, operadora da usina, informou que quatro funcionários ficaram feridos. O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, declarou estado de emergência em Fukushima Daiichi e Daini (também conhecidas como Fukushima 1 e 2), enquanto os engenheiros tentam confirmar se houve um derretimento em um dos reatores de uma das usinas.
Este é um procedimento automático depois que reatores nucleares são desligados em caso de terremoto, o que permite que as autoridades tomem medidas mais rápidas. A usina nuclear de Fukushima foi uma das muitas instalações do Japão danificadas pelo forte terremoto e tsunami que atingiram o país.
300 mil evacuados
Cerca de 300 mil pessoas foram evacuadas em cinco províncias do nordeste do Japão, entre elas mais de 46 mil próximas a uma usina nuclear em Fukushima (norte de Tóquio), onde neste sábado aconteceu uma explosão que feriu quatro pessoas.
O porta-voz do Executivo, Yukio Edano, estimou durante uma reunião do comitê de emergência em Tóquio que "mais de mil pessoas perderam as vidas" por causa do terremoto, o maior que se tem conhecimento no país. O primeiro-ministro, Naoto Kan, informou que 50 mil militares se dedicarão aos trabalhos de resgate nas províncias afetadas do nordeste do Japão.
Busca
Um total de 190 aviões e 25 navios já foram deslocados para as tarefas de busca. Há, pelo menos, 3,4 mil edifícios destruídos no Japão pelo terremoto, que além disso causou aproximadamente 200 incêndios.
Neste sábado, foram encontradas pela polícia entre 200 e 300 corpos na cidade de Sendai e, segundo o canal de televisão japonês NHK, entre 300 e 400 corpos foram encontrados em Rikuzentakada. Cidades e vilarejos inteiros foram destruídos pelo tremor de 8,9 de magnitude e por ondas de até 7 metros. Mais de 200 mil pessoas estão em abrigos de emergência.
Resgate
As equipes de resgate japonesas começaram a chegar na região mais atingida pelo terremoto e, com isso, a escala real do desastre começa a ser revelada. O canal japonês Fuji TV afirmou que até 10 mil pessoas ainda estão desaparecidas em apenas uma cidade, Minamisanriku, na região de Miyagi.
O canal estatal NHK, por sua vez, afirmou que as autoridades da cidade informaram que cerca de 7,5 mil pessoas foram levadas para 25 abrigos depois do terremoto, mas estas autoridades ainda não conseguiram entrar em contato com os outros dez mil habitantes. Uma autoridade local da cidade de Futuba, na região de Fukushima, afirmou que mais de 90% das casas em três comunidades costeiras foram levadas pelo tsunami.
Radiação
A Agência Nuclear do Japão informou neste sábado que foram detectados césio e iodo radioativos perto do reator número um da usina Fukushima 1. A agência informou ainda que isto pode indicar que os recipientes com combustível de urânio dentro do reator podem ter começado a derreter.
Na sexta-feira, o governo japonês tinha informado que os níveis de radiação dentro da usina aumentaram quatro mil vezes. A pressão dentro de um dos seis Reatores de Água Fervente (BWRs, na sigla em inglês) na usina aumentou após o sistema de refrigeração ter sido danificado pelo terremoto. No portão da usina, a radiação aumentou oito vezes.
Níveis “minúsculos”
O calor produzido pela atividade nuclear dentro do núcleo do reator necessita ser dissipado, mesmo após seu desligamento. Ar e vapor com radioatividade foram liberados de vários reatores das duas usinas para tentar aliviar os altos níveis de pressão. Mas, segundo o primeiro-ministro, Naoto Kan, os níveis de radioatividade no ar e vapor liberados eram "minúsculos".
Milhares de pessoas receberam ordens para se retirar da região em um raio de 20 quilômetros da usina de Fukushima. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que está tentando conseguir mais informações a respeito da situação na usina.
Com agências