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Desunidos, árabes apoiam plano de exclusão aérea na Líbia

A maioria dos países da Liga Árabe, com exceção da Síria e Argélia, defendeu ontem a imposição de uma zona de exclusão aérea na Líbia, segundo fonte árabe. Durante uma reunião extraordinária sobre a situação na Líbia convocada pelo organismo no Cairo, os ministros dos Negócios Estrangeiros árabes apoiaram esta medida e decidiram abrir canais de contato com o Conselho Nacional Líbio de Transição (CNLT), principal órgão de representação dos rebeldes líbios.

A iniciativa é uma forte demonstração de capitulação da Liga Árabe ao imperialismo. A proposta de exclusão aérea – por meio da qual o espaço aéreo líbio passa a ser controlado por forças estrangeiras – partiu de Washigton e foi encampada pela União Europeia.

A fonte, que participou do encontro da Liga Árabe, revelou que os ministros decidiram pedir ao Conselho de Segurança da ONU que assuma a sua responsabilidade, impondo uma zona de exclusão aérea. A desculpa usada é que ela serviria para "proteger o povo líbio", mas sua real intenção é facilitar um ataque militar ao país.

O representante do ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Walid al Moallem, na reunião do Cairo reiterou a rejeição do seu país a qualquer intervenção estrangeira no conflito líbio.

No seu discurso na sede da organização pan-árabe, o dirigente afirmou que “qualquer decisão que a Liga Árabe tome deve levar em conta a absoluta rejeição árabe a qualquer ingerência militar estrangeira na Líbia, porque viola a sua soberania e independência”.

O reconhecimento do comando rebelde e a imposição da zona de exclusão aérea eram os principais temas da reunião.

A decisão adotada pela Liga Árabe era muito esperada pela comunidade internacional, especialmente pela União Europeia (UE) e Estados Unidos, que consideram importante contar com o aval árabe para evitar que uma operação militar seja considerada uma invasão do Ocidente.

PCP repudia decisão europeia

Os representantes do PCP (Partido Comunista Português) no Parlamento Europeu (PE) lamentaram a decisão do legislativo em apoio à área de exclusão aérea. "Manifestamos a nossa profunda inquietação relativamente aos mais recentes acontecimentos na Líbia, mas defendemos a resolução pacífica e política do conflito, sem ingerências externas. Ora, lamentavelmente, a Resolução do PE defende a intervenção militar, dado que não pode haver zona de exclusão aérea sem intervenção militar", diz nota assinada pelos comunistas portugueses.

O documento diz ainda que "esta resolução, em vez de contribuir para uma solução pacífica, parece visar a preparação de atos de agressão, pelos EUA, a Otan e talvez da União Europeia, contra a Líbia, pelo que expressamos a nossa firme oposição a qualquer intervenção militar externa neste país".

Kadafi obtém mais uma vitória

A televisão estatal líbia informou neste domingo que forças leais ao líder Muamar Kadafi retomaram a cidade petrolífera de Brega, no leste da Líbia, avançando rapidamente sobre as forças rebeldes, que são pouco equipadas e mal organizadas. A informação não pôde ser confirmada e a televisão líbia já fez relatos falsos sobre a tomada de território.

As forças de Kadafi avançaram em direção ao território rebelde no sábado, chegando a apenas 40 quilômetros de Brega, local de um importante terminal petrolífero. As informações divulgadas neste domingo indicavam que a cidade estava "limpa de gangues armadas".

Os rebeldes sofreram uma série de derrotas nos últimos dias, um grande recuo para as forças de oposição que apenas uma semana atrás detinham toda a metade leste do país e se dirigiam para a capital, Trípoli.

Da redação,
com agências