Debate sobre abuso do álcool reúne movimento Hip Hop

O deputado Raul Carrion (PCdoB) participou do debate “O Hip Hop contra o álcool” promovido em parceria com a Nação Hip Hop Brasil RS e com o grupo de rap nacional Inquérito representado pelo seu líder, o rapper e professor de geografia Renan, além do cineasta e Diretor do vídeo clipe da música “Um Brinde”, tema da atividade.

hip hop contra o alcool - divulgação

Carrion é autor da lei 13.043 que instituiu a Semana Estadual do Hip Hop. O clipe aborda a realidade de milhares de pessoas que vêem suas vidas dilaceradas pelo vício do álcool e o quanto essa droga esta diretamente relacionada com o alto índice de violência doméstica e de acidentes com vítimas fatais no trânsito.

O evento contou com a presença de personalidades do movimento, entre elas o rapper e comunicador de rádio Nitro Di, ex-integrante do grupo de rap “Da Guedes”, Capone Hantarú, coordenador da revista urbana Neurose, a rapper Micheline Freitas, Coordenadora da Nação Hip Hop Mulher RS, Tiririca, rapper e produtor cultural do maior evento de Hip Hop da região sul do país o “Cohab é só Rap”, White Jay, apresentador do programa Hip Hop Sul que vai ao ar pela TV pública do Estado, além de simpatizantes do movimento.

O debate iniciou-se com a fala do rapper e Vice Presidente Nacional da Nação Hip Hop Brasil, Mano Oxi. Ele destacou a importância de um tema tão relevante como este ocorrer na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, palco das grandes decisões políticas do Estado. “É uma honra receber o rapper Renan e o cineasta Vras 77 aqui nesta casa. O movimento Hip Hop esta maduro suficiente para debater este tema que está diretamente ligado com as desestruturas sociais em nosso país”, afirmou Mano Oxi.

Carrion enfatizou a importância das diferentes linhas de pensamento do Hip Hop se manterem unidas para alcançarem avanços significativos em prol do movimento. Relembrou que o seu mandato em parceria com a Nação Hip Hop Brasil construiu a lei estadual que garante uma semana dedicada ao fomento e reconhecimento à cultura dos jovens das periferias.

O parlamentar também comentou sobre o 1º Encontro Estadual de Hip Hop que ocorreu em 2009, reunido mais de 600 jovens do movimento no Teatro Dante Barone, e do Seminário realizado em 2010, que discutiu os rumos e os avanços que o Hip Hop teria que tomar para se manter sempre uma cultura de resistência popular e de transformação social. “Está tramitando atualmente pela casa a PL 126 de minha autoria, que quando aprovada garantirá uma Política Pública Estadual de Juventude em beneficio do movimento. Só que para isso se concretizar é necessário que o movimento se mobilize.”

O líder do grupo Inquérito lembrou que o verdadeiro papel do Hip Hop é estar a serviço da sociedade para debater temas tão polêmicos como o álcool, que vai da plantação da cana de açúcar, da cachaça servida no boteco que destrói famílias, do trabalho ilegal de crianças nos canaviais, até aos inúmeros jovens que tem suas vidas ceifadas em acidentes de trânsitos nas rodovias Federais e Estaduais em nosso Brasil. “Há poucos anos perdi meu pai para a bebida e para a cirrose, portanto, sei bem como é fazer parte do que os grandes estudiosos sobre o assunto, chamam de desestrutura social e familiar”, relatou Renan.

O cineasta e diretor do vídeo, Vras 77, comentou que o motivo que o fez aceitar o convite para a realização desta obra foi o fato dele também fez um relato pessoal. “Meu pai chegava alcoolizado em casa e na maioria das vezes que isso ocorria sobrava para mim e para minha família. Muitas foram às vezes que ele agrediu a minha mãe, então quando o Renan me convidou para fazer algo com esta temática eu não pensei duas vezes e acabei entrando de cabeça nesse projeto”, enfatizou.

A rapper e Coordenadora da Nação Hip Hop Mulher RS, Micheline Freitas deixou uma reflexão para os homens do movimento: “Este debate é importantíssimo. Quem mais sofre com isso somos nós mulheres e os nossos filhos. Isso se reproduz também dentro do movimento Hip Hop gaúcho, pois conheço inúmeros casos de homens do movimento que já bateram ou ainda batem em suas esposas, mulheres ou namoradas. Temos que encarar esse problema de frente, e o diálogo aberto e franco contribuirá muito para diminuir essa realidade e quem sabe algum dia não muito longe, erradicar essa doença da nossa sociedade”.

A Central Única das Favelas se fez presente, fotografando e cobrindo o evento, conjuntamente com o programa Hip Hop Sul da TVE e a ONG Vida Urgente que desenvolve campanhas de conscientização. “O Hip Hop contra o álcool foi só o primeiro passo, e na minha opinião, foi um sucesso. Há muitos outros temas que estão na ordem do dia e o movimento Hip Hop precisa se inserir nesse processo de discussões, para juntos buscarmos saídas. Se realmente somos a voz das periferias temos que fazer jus a isto, portanto quanto mais participarmos de atividades como estas, mais o nosso movimento será respeitado em nossa sociedade”, disse Mano Oxi.