Comunidade árabe é homenageada na Câmara Municipal de Manaus

A comunidade árabe, uma das mais antigas do Amazonas, foi homenageada, nesta quinta-feira (31/03), no Plenário Adriano Jorge, Câmara Municipal de Manaus (CMM), em uma sessão especial proposta pela vereadora Lucia Antony (PCdoB) e subscrita pelo presidente da Casa, Isaac Tayah (PTB). A cerimômina faz parte das comemorações pelo Dia Nacional da Comunidade Árabe, celebrado no dia 25 de março.

Participaram do evento o presidente em exercício do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJA), desembargador Domingos Chalub, o deputado Abdala Fraxe, representando a Assembléia Legislativa do Amazonas (ALE), o juiz da Vara do Meio Ambiente, Adalberto Carin, o cônsul-geral da República Árabe da Síria, Khaled Hauache, o vice-cônsul Aiman Ramadan, a secretária- executiva da Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), Alessandra Campelo, o promotor do Ministério Público Estadual (MPE), Nasser Ibrahim, o médico Walid Saleh, representando a Associação Muçulmana do Amazonas, o empresário Mamoun Imwas, do Centro Islâmico do Amazonas, o empresário Mohamad Taraya, da Associação Árabe Brasileira do Amazonas, e o diretor da Associação Comercial do Amazonas (ACA), Jurandir Brito. Entre os vereadores, além de Lucia Antony e Isaac Tayah, compareceram Gilmar Nascimento (PSB) e Francisco Gomes (PMN).

Ilustres integrantes da comunidade como a ex-deputada Beth Azize e a empresária Sadie Hauache, a primeira pessoa a ter uma televisão aberta no Amazonas, foram convidadas, mas ambas não compareceram por motivo de saúde. “Prestamos uma justa homenagem a esses homens e mulheres que formam o povo árabe que contribuiu muito para a sociedadce brasileira. Os árabes contribuíram significamente para o desenvolvimento e o crescimento do Amazonas”, enfatizou Lucia Antony.

Em seu discurso, o desembargador Domingos Chalub, afirmou que, embora tenham se destacado na economia, os árabes hoje atuam de forma vitoriosa em praticamente todos os campos da sociedade, incluindo, a política, a literatura e o meio acadêmico. “Vivemos um momento singular, onde temos descendentes de árabes ocupando os Três Poderes do Estado”, disse em referência ao governador Omar Aziz, o deputado Ricardo Niciolau, presidente da Assembléia Legislativa, e o desembargador João Abdala Simões, presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas. Além deles, o vereador Isaac Tayah, que é membro da comunidade árabe-judaica do Amazonas, ocupa o cargo de presidente da Câmara Municipal de Manaus.

Mulher árabe
A mulher árabe recebeu uma homenagem especial na sessão que comemorou o Dia Nacional da Comunidade Árabe. Por iniciativa do jornalista Anwar Assi, as mulheres árabes foram lembradas de forma carinhosa pela contribuição que deram para o desenvolvimento desta nação ao longo da história e para o Amazonas.

Anwar Assi destacou que a mulher árabe sempre atuou na economia, na política e na literatura, citando inclusive um poema do século VI de autoria da poetisa Thumadir Ibn Sharif, conhecida como Al-Khansa. O jornalista dismitificou a propaganda que procura mostrar a mulher árabe de forma fraca, oprimida e submissa, lembrando que em muitos lugares a mulher árabe atua no comércio, na indústria, na imprensa, no cinema, nas artes, na moda, no esporte, no meio acadêmico, jurídico, na política e nos movimentos libertários.

“O povo árabe como um todo sofre uma campanha de difamação muito grande por causa das invasões de suas terras. Porém, a mais sórdida dessa campanha é a que é feita contra as mulheres árabes. Essa imagem precisa mudar. Prescisamos mostrarmos que a mulher participa ativamente de nossa sociedade”, afirmou.

Anwar Assi homenageou de forma especial a primeira-dama Nejmi Aziz, a ex-deputada Beth Azize, a empresária Sadie Hauache e a empresária Intissar Assi, mãe do jornalista que faleceu há quase seis anos. No final de seu discurso, Anwar Assi leu o poema “Minha Mãe”, do escritor palestino Mahmoud Darwishe para homenagear as mulheres árabes.

História
A presença árabe no Amazonas se confunde com a própria história da imigração árabe no Brasil que aqui aportou na metade do século XIX. Primeiros chegaram os sírios, os libaneses e marroquinos, em seguida, os palestinos. Os árabes contribuíram muito para o desenvolvimento e crescimento de manaus e do Amazonas, onde possuem grande importância na áreas acadêmica, jurídica, econômica, social, cultural, política, literária, jornalística, esportiva, religiosa e até a gastronômica.

No início, os árabes trabalhavam em barcos chamados regatões, onde podiam vender sua mercadorias para o interior, fazendo assim um dos tipos mais conhecidos de comércio daquela época e que caracteriza a missão desse povo aventureiro e desbravador. Hoje, os árabes e seus descendentes são grandes comerciantes e empresários, e muitos, juntos com seus empreendimentos, são conhecidos na sociedade amazonense. “Os árabes sempre preferiram o Centro para trabalhar. Porém, hoje, notamos que eles estão se espalhando e já podemos ver vários comerciantes atuando na Zona Norte e Leste da cidade”, disse o empresário Mamoun Imwas.

Os árabes contribuíram para a religiosidade amazonense com a construção da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios, localizada na Praça dos Remédios, importante reduto da colônia radicada em Manaus. Os árabes construíram a primeira mesquita da região norte do Brasil que já está em funcionamento no centro de Manaus, embora não tenha sido inaugurada oficialmente.

Na culinária, a contribuição dos árabes é enorme. Hoje, por exemplo, encontramos em qualquer lanchonete quibes e esfihas. Além disso, são muitos os pratos da culinária árabe conhecida no Amazonas e no Brasil. Pratos como charutinhos de repolho, hommos, babaghanush, quibe frito, quibe cru, lentilha, kafta, falafel etc, dão uma variedade maior de pratos e que estão presentes em muitos lares e restaurantes no Amazonas. “O povo árabe merece todo respeito e consideração pela contribuição que deram para o Amazonas”, disse a vereadora Lucia Antony.