PCdoB de Campo Grande quer chapa própria para vereador

O Comitê Municipal do PCdoB de Campo Grande/MS aprovou seu projeto eleitoral para 2012, que consiste em buscar a eleição de pelo menos um verador ou vereadora comunista na capital, em chapa própria proporcional. Foi também aprovado o Plano de Estruturação Partidária para o biênio 2011/2012, que prevê, entre outros pontos, uma massiva campanha de filiação, debates temáticos sobre o município e esforços na formação da militância e na comunicação. Leia adiante a íntegra das resoluções:

"PROJETO ELEITORAL DO PCdoB DE CAMPO GRANDE PARA 2012 E PLANO DE ESTRUTURAÇÃO PARTIDÁRIA

1 – O novo governo de Dilma Rousseff e o PCdoB
O governo da presidenta Dilma está apenas no seu começo. Ele provém do governo Lula, é continuidade, mas ao mesmo tempo é um governo novo, com sua própria dinâmica e peculiaridades. O PCdoB apóia e luta pelo êxito do governo Dilma, do qual é parte, e aposta na realização do compromisso assumido com o povo de “continuidade e avanço”. De outro lado, a oposição, apesar do apoio da grande mídia, perdeu espaço. Está, por hora, fragmentada, sem bandeiras e sofrendo defecções por conta da força de atração do governo.

As primeiras medidas do novo governo – cortes orçamentários, aumentos dos juros e a polêmica em torno do salário mínimo, apesar da conquista em lei da política de valorização permanente – estão na contramão das expectativas por maiores avanços. Mas seria é precipitado afirmar que configuram uma tendência. Para o PCdoB, a política macro-econômica atual – de juros, cambial e fiscal – está esgotada e precisa ser removida. O governo continuará marcado pela disputa de rumos, em seu interior, em sua ampla base política e na sociedade. Sem mobilização social, o governo por si só dificilmente avançará.

O PCdoB luta pelo fortalecimento da Nação através de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento (NPND), voltado à produção, à valorização do trabalho, à realização de reformas estruturais, ao incremento da infra-estrutura, à soberania e à integração solidária da América Latina. O NPND é o caminho original, brasileiro, para o socialismo. Para impulsionar esse rumo, o PCdoB precisa crescer.. A meta é dobrar o número de filiados em todo o país nos próximos dois anos, mas também formar e preparar seus integrantes para uma intervenção qualificada na sociedade.

2 – Novo quadro político em MS
Em Mato Grosso do Sul, os aliados de Serra foram vitoriosos, embora o governador reeleito André Puccinelli (PMDB) não tenha se dedicado tanto à campanha do então presidenciável tucano. Os setores progressistas, sobretudo o PT, apesar da votação expressiva para presidente, governador e senador, sofreram uma derrota, que pode ser atribuída à sua falta de coesão política, à disparidade financeira e à tradicional força da aliança vitoriosa, uma composição centro/conservadora nucleada por PMDB e PSDB.

O PCdoB de MS acertou ao se posicionar do lado das forças que apoiaram a presidenta Dilma. Ao mesmo tempo, logrou apresentar-se de forma mais abrangente nas eleições, com mais candidatos e campanha em mais municípios. Apesar do resultado eleitoral modesto, o PCdoB aumentou seu prestígio político, projetou novas lideranças, aumentou suas fileiras e formou mais direções municipais, saldo que aponta para um futuro de crescimento mais acelerado, em quantidade e qualidade, possibilidade e necessidade que só se realizará com muito esforço político-organizativo.

As eleições de 2012 e 2014 podem provocar um re-arranjo político no estado. A histórica dualidade entre PMDB e PT, sintetizada pelo confronto acirrado entre duas de suas maiores lideranças, tende a se abrandar ou mesmo entrar em declínio, seja pela proximidade nacional entre as duas legendas, seja pela entrada em cena de novos atores, seja pelo ensaio de vôo próprio pelos tucanos. Mesmo assim, seria prematuro concluir se a dualidade acabará ou não. Ainda há resistências a composições em cada um dos partidos, que não são homogêneos internamente. Justamente por isto, existe a possibilidade das composições “cruzadas” entre lideranças, acima dos seus partidos, os chamados “acordos brancos”.

Para a sucessão estadual, despontam nomes como Delcídio Amaral (PT), Nelsinho Trad (PMDB) e Simone Tebet (PMDB), além da possibilidade da candidatura própria do PSDB. Pode-se configurar um quadro multipolar já em 2012 na capital, por conta da disputa de 2014, tendência reforçada pelo fato dos atuais principais mandatários do estado e da capital não poderem mais concorrer à reeleição, sinalizando maior pulverização em suas bases de apoio. Situações novas que podem abrir mais campo de ação ao PCdoB no tabuleiro político local.

3 – A sucessão na capital
A tradição do povo brasileiro de ir às urnas de 2 em 2 anos produz um enlace entre uma eleição e outra, de maneira que os resultados de uma influenciam a seguinte. Assim, 2012 é a ante-sala de 2014, e assim sucessivamente. A eleição para a Prefeitura e a Câmara da capital é sempre a batalha principal das forças políticas do estado, devido à sua importância política e econômica, bem como ao peso de abrigar quase 1/3 do eleitorado sul-mato-grossense.

A sucessão em Campo Grande está bastante em aberto e no meio político não são poucos os que já trabalham com a hipótese de ter que ser decidida em 2 turnos. Nomes do PMDB, do PT, do PSDB, do PR, do DEM, do PDT e de outros partidos já são apresentados. André Puccinelli e Nelsinho Trad, nem sempre com os mesmos objetivos, movimentam-se, assim como o senador Delcídio Amaral, fortalecido para a disputa do governo do estado em 2014, e os tucanos, que tentam sair da sombra do PMDB.

O momento ainda é de muita especulação. Há muito por acontecer. Mas é verdade que as lideranças e partidos estabelecem desde já os seus objetivos e se lançam ao público de acordo com eles. Com os comunistas não deve ser diferente. Chegou a hora do PCdoB de Campo Grande definir seu projeto para a disputa para prefeito e vereador em 2012, apresentando-o aos mais diversos setores da sociedade, buscando filiar lideranças valorosas entre a população e ampliar a força militante do Partido, definindo, também, o plano de estruturação partidária para realizá-lo vitoriosamente.

4 – O Projeto Eleitoral do PCdoB de Campo Grande-MS para 2012
As eleições municipais de 2012 serão cruciais para a afirmação do PCdoB como uma força política importante em Campo Grande, um momento que não pode ser perdido para “ganhar” posição, ao invés de apenas “marcar”, o que passa por eleger pelo menos um vereador ou vereadora comunista. O caminho proposto para cumprir tal objetivo é, desde já, concentrar esforços na construção de uma chapa própria proporcional, sem, é claro, descartar o lançamento de candidatura própria para prefeito, desde que vinculado à meta de conquistar assento na Câmara Municipal, que é o centro do projeto.

Um cenário com mais alternativas para a disputa para prefeito, somado ao aumento do número de vagas na Câmara Municipal e à conseqüente diminuição do quociente eleitoral, é favorável a esses objetivos. A posição do PCdoB na eleição majoritária deve compatibilizar elementos programáticos e o compromisso político com o projeto do PCdoB de lançar chapa própria viável para a eleição de vereador em 2012.

Atualmente, temos em nossos quadros nomes valorosos que são cogitados ou que mesmo já se colocam como pré-candidatos a vereador. São todos importantes para o projeto e devem ser estimulados a mobilizar desde logo suas bases de apoio, mas o PCdoB de Campo Grande precisa de muito mais para conseguir formar sua chapa própria proporcional. Para isso, o PCdoB desenvolverá no estado e na capital uma arrojada campanha de filiação, com ações massivas e focadas na atração de lideranças.

A eleição de pelo menos um de nossos quadros para a Câmara de Vereadores da capital será uma vitória sem precedentes do PCdoB no estado. Abrirá um novo período de acumulação de força e de maiores responsabilidades. Mas não conseguiremos alcançar isso sem realizarmos um verdadeiro mutirão. A unidade e a mobilização dos dirigentes, militantes e até mesmo dos que já se apresentam como pré-candidatos será a chave para a vitória.

Precisaremos de dezenas de lideranças, homens e mulheres, estas não apenas pela imposição legal, mas pela necessidade da ampliação da presença das mulheres nos espaços de poder e na vida partidária. Construir um chapa diversificada pela presença de trabalhadores, jovens, mulheres, profissionais liberais, líderes comunitários, empresários, etc, é a indicação do partido que queremos para o futuro. Mas isso tem prazo, que termina no fim de setembro deste ano. A hora de sair a campo é agora.

Dentro da preocupação geral com a formação e a organização da militância, é fundamental colocar um foco na capacitação dos possíveis candidatos. Muitos trazem novos conhecimentos e experiências, mas o Partido deve também garantir-lhes o acesso ao conhecimento de suas idéias. Além do conhecimento do Novo Programa Socialista, é preciso que o PCdoB faça debates temáticos sobre os problemas de Campo Grande, visando a formular uma plataforma a ser defendida pelos seus candidatos em 2012.

Por fim, as candidaturas muitas vezes representam aspirações pessoais que são legítimas, mas que têm que ser compatibilizadas com os objetivos coletivos do Partido. Os militantes que se colocam como pré-candidatos têm uma importância muito grande para a estruturação do partido, da qual devem ser partícipes destacados.

5 – Um novo olhar sobre Campo Grande
Compreender Campo Grande, sua formação, seu desenvolvimento, seus problemas e suas potencialidades, é um desafio para os comunistas e uma grande contribuição à luta pelo projeto do partido no país e no estado. Muitas vezes a história contada a partir das epopéias dos “pioneiros”, que têm a sua importância, mas omite-se aquele que sol a sol é o verdadeiro construtor da cidade: o seu povo.

Campo Grande é a terra do encontro de gente vinda de todas as partes do Brasil, dos vizinhos Paraguai e Bolívia, de outras partes do mundo, do próprio interior do estado. Sua identidade é justamente essa diversidade cultural própria do Brasil miscigenado, que é a sua riqueza. Um lugar que tem seus traços próprios, uma capital com ares “interioranos”, mas que é simultaneamente cosmopolita.

Desde antes de se tornar capital, Campo Grande já demonstrava vocação para o desenvolvimento e seu protagonismo político. Após a divisão, passou por uma explosão de crescimento populacional. Ao lado das conquistas sob administrações de diferentes matizes, que precisam ser valorizadas, problemas crônicos se acumularam. O descaso com os mais pobres e a ausência de planejamento urbano têm sido marca de muitas administrações. A cidade das avenidas largas, dos belos parques e dotada de moderna infra-estrutura não é usufruída pela maioria. A saúde é caótica e desumana, o transporte coletivo é caro e de má-qualidade. Até a água, algo fundamental para a humanidade, foi privatizada e agora serve ao lucro.

As recentes chuvas, apesar dos estragos que causaram, serviram para relativizar o mito da competência dos “tocadores de obras”, que valorizam mais o concreto do que as pessoas. A força da água levou embora muito dos impostos pagos com sacrifício pelos cidadãos e aplicados em obras de péssima qualidade. E mesmo assim, o aumento abusivo do IPTU terá que ser arcado pelos que menos recebem em troca do poder público. Enquanto há bairros dotados de toda infra-estrutura, a periferia fica ao abandono. Há bairros que há décadas seus moradores clamam pelo mínimo de atenção aos seus problemas.

O PCdoB luta por uma cidade mais humana, acessível a todos. Quer um poder público que priorize aqueles que mais necessitam de sua intervenção. Uma cidade que tenha uma administração democrática, aberta à participação popular, dotada de planejamento, partícipe do desenvolvimento econômico e da inclusão social, que incentive a cultura local e o esporte, que valorize seus servidores e que ofereça infra-estrutura e serviços públicos de qualidade a todos os seus moradores.

A realização de debates e seminários com outras organizações políticas e sociais, com intelectuais estudiosos dos diversos temas do município e com o povo nos bairros pode ser um caminho para o PCdoB contribuir para a construção de um pensamento avançado sobre a cidade, bem como de um novo modelo de administração que tenha o ser humano como centro.

Campo Grande-MS, 01 de abril de 2011
O Comitê Municipal do PCdoB de Campo Grande-MS"

"PLANO DE ESTRUTURAÇÃO DO PCdoB EM CAMPO GRANDE – 2011/2012

A vitória do Projeto Eleitoral do PCdoB de Campo Grande dependerá da realização de um focado plano de estruturação para o biênio no qual já estamos. No mês de julho, o PCdoB terá que realizar sua Conferência Municipal. Será um processo intenso de mobilização desde a base. A direção do próximo biênio será eleita no meio da primeira fase de implementação do projeto eleitoral, a mais importante, que vai até o fim do prazo para filiações para quem pretende se candidatar em 2012.

A aposta no crescimento através da acumulação eleitoral não significa que o PCdoB descuidará das idéias e da luta social. Todas confluem para um mesmo leito, o da luta pelo Programa do Partido. Um partido mais extenso, para não se descaracterizar e perder de vista seus objetivos maiores, precisa formar e organizar seus novos militantes, assim como cuidar de seus quadros, que são o seu tesouro.

Eleições de 2012:
-Conquistar assento na Câmara Municipal, concentração esforços, desde já, na construção de uma chapa própria para vereador, sem descartar o lançamento de candidatura própria majoritária, desde que ligada ao objetivo central de eleger vereadores.
-Apresentar o Projeto Eleitoral do PCdoB de Campo Grande nas bases (março a junho) e a lideranças da sociedade que tenham perspectivas de disputar as eleições de 2012.

Organização:
-Fortalecimento do Comitê Municipal, tendo como chave o funcionamento regular de sua Comissão Política e apoio ao trabalho de base.
-Até as eleições de 2012, saltar de 700 para 2.000 filiados na capital.
-Mobilizar 500 militantes com CNM e reunir 25 bases no processo da Conferência Municipal.
-Construir uma proposta de direção municipal a ser eleita na Conferência ouvindo democraticamente a opinião dos dirigentes, quadros e militantes de base do partido.
-Desenvolver uma grande campanha de filiação, com ações nas bases e nas ruas.
-Eleger Comitês Distritais, começando na parte da Região Sul formada pelos bairros Paulo Coelho Machado, Kanguru, Centro-Oeste e Mário Covas. Buscar construir distritais na Região das Moreninhas e da Grande Lageado.

Formação e Propaganda:
-Elaborar um plano de formação para o município, tendo como eixo a realização das seguintes atividades:
*Realizar o novo Curso Básico para pelos menos 300 novos filiados.
*Realizar Curso mais avançado para dirigentes municipais e de base.
*Realizar os debates temáticos sobre o município, extraindo uma plataforma para as eleições de 2012.
*Difusão interna e externa do Programa Socialista. Realização de debates sobre o Programa nas bases.
-Difusão da Revista Princípios e das publicações da Anita, sobretudo aos dirigentes e militantes.
-Incentivar a participação da militância no projeto do “Cineclube Vermelho”, já em andamento.
-Definir algumas grandes empresas e realizar periodicamente distribuição de materiais do partido junto aos trabalhadores.

Comunicação:
-Publicação em versão impressa e eletrônica do Boletim “O Popular”, da Direção Municipal de Campo Grande.
-Organizar a distribuição da Classe Operária nas bases.
-Dinamizar a publicação de matérias e artigos no Vermelho e no site do partido, bem como a veiculação de notícias do partido na imprensa local.
-Criar blog e perfis do PCdoB de Campo Grande na internet e suas redes sociais.

Finanças:
-Através das relações políticas, buscar financiamento para o plano de estruturação de PCdoB na capital.
-Implementar a contribuição militante (SINCOM) em toda a direção municipal.

Sindical:
-Priorizar a atuação entre os segmentos em que temos alguma inserção, principalmente entre os trabalhadores da educação pública e privada e entre servidores públicos do município. Participar ativamente da eleição para a nova diretoria da ACP – Sindicato dos Professores de Campo Grande.

Juventude:
-Contribuir com o fortalecimento da UJS na capital, de sua direção municipal e de sua inserção nos movimentos juvenis – secundarista, universitário, jovens trabalhadores e jovens do movimento comunitário.

Movimento Comunitário:
-Desenvolver ações políticas e sociais nos bairros, debatendo problemas locais, através de movimentos amplos, das associações e também das iniciativas próprias do Partido e de seus militantes nos bairros.

Campo Grande-MS, 01 de abril de 2011
O Comitê Municipal do PCdoB de Campo Grande-MS