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Diplomata marfinense: "França apoiou golpe de Estado em meu país"

Seguindo as ordens do presidente Nicolás Sarkozy, os soldados franceses estacionados na Costa do Marfim tiveram um papel decisivo na detenção de Laurent Gbagbo, o presidente agora deposto. A denúncia foi feita pelo representante do governo da Costa do Marfim na França.

Os partidários de Gbagbo asseguram inclusive que foram as tropas francesas que capturaram o então presidente e o entregaram aos partidários de Alassane Ouattara, vencedor das conturbadas eleições de novembro passado, quando foi proposta uma tentativa de recontagem dos votos, negada pelos partidários de Ouatarra.

Seja como for, é evidente que os soldados franceses se intrometeram em um assunto interno da Costa do Marfim e contribuíram de forma decisiva para depôr Gbagbo.

Segundo Paris, seus soldados seguiram as "instruções da ONU" e apoiaram os "capacetes azuis" africanos. A ONU reconheceu Ouattara como vencedor das eleições sem aceitar contestações. Gbagbo negou-se a abandonar a presidência, depois que a Corte Eleitoral Central reconheceu que vencera as eleições, ao invalidar 500 mil votos considerados fraudulentos a favor de Outtara.

Esse fato abriu o conflito na Costa do Marfim. Não obstante, os soldados franceses não estão submetidos ao comando da ONU, mas tomam parte de uma operação própria, batizada de Unicórnio (Licorne), realizada para defender os interesses franceses no país africano.

O Partido Ação Tchadiana pela Unidade e Socialismo (ACTUS) revelou que a França bombardeou o Centro Hospitalar Universitário de Yopugon, com o objetivo de decapitar "a inteligência e os futuros médicos da Costa do Marfim".

Os partidários de Gbagbo acusaram a França de golpe de Estado no país. O paradeiro de Gbagbo e sua mulher é desconhecido, um filho dos dois foi linchado e um ministro foi assassinado.

O ex-ministro do Interior, Désiré Tagro , foi assassinado na terça-feira, ao não resistir aos ferimentos inflingidos pelas forças do presidente "eleito" Ouattara, um ex-agente do FMI na África e que continuamente se envolveu em golpes de Estado desde 1992.

Outro ministro, o de Juventude e Emprego, Charles Blé Goudé, acusou o governo francês de "preparar um genocídio".

Como prova, exibiu diversos vídeos que mostram soldados da França patrulhando as ruas e disparando contra manifestantes, ocasionando um elevado número de mortos e feridos.

Fonte: La República (Espanha)