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Mantega diverge do FMI sobre proposta de controle de capitais

O controle de capitais deve continuar em aberto para debates pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que deve se aprofundar no tema, informa o Comitê Monetário e Financeiro Internacional da instituição, em comunicado divulgado neste sábado (16). "O FMI deve aprofundar sua análise sobre a liquidez global, as várias experiências de países membros no gerenciamento da conta capital, liberalização de fluxos além das fronteiras e o desenvolvimento de mercados financeiros domésticos", diz o texto.

O assunto foi um dos mais discutidos durante os encontros de primavera do FMI e Banco Mundial (Bird), que começaram na sexta-feira e terminam oficialmente no domingo, em Washington, nos Estados Unidos.

Se, por um lado, existe um consenso entre os países de que foi um avanço o FMI passar a endossar o uso de controles de capitais por países que enfrentam problemas de forte influxo de recursos, depois de tratar o assunto como tabu durante 70 anos, por outro, há divergências quando se fala de adotar um código de conduta para a utilização desse instrumento.

Contra regras

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, é contra regras para o uso de controles de capitais e deixou claro que continuará adotando as medidas necessárias para inibir o fluxo excessivo para o país. "Consideramos algumas propostas recentes sobre um possível esquema de política sobre gestão de fluxo de capital desnecessárias e carentes de imparcialidade", disse em discurso nesta manhã no FMI.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, ainda que não considere o controle de capitais uma medida eficaz, apoia que o FMI tenha um papel maior na supervisão das taxas de câmbio, acúmulo de reservas e fluxo de capitais. "Concordamos com a articulação de uma hierarquia de medidas para serem empregadas em caso de influxos antes da adoção de controles de capitais como último, temporário e ineficiente recurso", afirmou Geithner.

Os EUA são apontados pelo governo brasileiro como o principal culpado pela inundação de dólares em algumas economias emergentes por causa de sua política monetária extremamente frouxa, com juro perto de zero, e do programa de alívio quantitativo e (QE2, em inglês), que prevê a compra de US$ 600 bilhões em títulos da dívida americana de longo prazo por oito meses, encerrando no final deste semestre.

A próxima reunião do comitê será no dia 24 de setembro, em Washington, durante os encontros de outono do FMI.

Fonte: Agência Estado