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Líbios juram vingança após assassinato de filho de Kadafi

Grupos opositores ao governo de Muamar Kadafi atacaram nesta terça-feira (3) posições governamentais no oriente e ocidente da Líbia, apoiados pelos bombardeios da Otan, enquanto seguidores do líder prometem vingar o assassinato do filho de Kadafi.

Instalados na região das Montanhas Ocidentais, próximo à fronteira com a Tunísia, os rebeldes líbios prosseguiram sua ofensiva contra o Exército, mesmo tendo sido registrados poucos avanços devido ao poder da artilharia terrestre.

Homens pertencentes a tribos berberes, armados com fuzis e outras armas, firmaram suas posições nos povoados de Zintan e Yafran e atacaram unidades subordinadas ao governo de Trípoli.

No entanto, informações não confirmadas asseguraram que as tropas governamentais dispararam ao menos dez foguetes contra o norte de Zintan na última segunda-feira (2) à noite, com o objetivo de isolar as regiões por onde se acredita que entrem as armas e outros fornecimentos para os rebeldes.

Porta-vozes da insurgência descreveram um panorama de desolação e fome, supostamente devido à presença do Exército, e retomaram os chamados do opositor Conselho Nacional de Transição (CNT) em Bengazi para que a Otan intensifique seus bombardeios.

Com o argumento de que “é necessário levantar Zintan”, um porta-voz identificado como Abdulrahman justificou que os ataques da Otan seriam “úteis” para destruir “objetivos claros” e ajudar com o avanço insurgente.

Entretanto, fontes leais a Kadafi asseguraram manter o controle do aeroporto na cidade oriental de Misratah, a terceira da Líbia sob intensos combates.

Nesta segunda, os rebeldes acirraram seus ataques em uma tentativa mal-sucedida por tomar o terminal aéreo, e o CNT insistiu em mais ataques aéreos da Otan sobre Misratah, enquanto barcos de dragagem rondaram o porto para remover duas minas submersas na região.

Velório

Uma multidão de seguidores de Kadafi se concentrou ontem para o velório de seu filho, Saif al-Arab, morto no último sábado durante um bombardeio da Otan contra sua casa em Trípoli. A invasão gerou uma ampla condenação internacional e represálias dentro do país.

O sepultamento do corpo de Saif al-Arab, de 29 anos, segundo filho mais jovem de Kadafi, ocorreu na tarde da última segunda-feira na cidade de Trípoli. Também foram sepultados os corpos de três bebês, netos de Kadafi. "Vingança, vingança para você Líbia", gritaram cerca de duas mil pessoas que compareceram ao velório e ao sepultamento dos corpos. O próprio Kadafi e sua mulher estavam no local, mas não foram feridos.

Cerca de duas mil pessoas com bandeiras verdes e fotos do presidente e seu filho assassinado acompanharam o funeral, enquanto se manifestavam gritando: “estamos todos com Kadafi e com a Líbia”, ao mesmo tempo em que prometiam vingar o assassinato.

Repercussão

Alguns governos estrangeiros alertaram que os bombardeios contra figuras da cúpula do regime líbio poderão aumentar a violência no país. A Rússia acusou a Otan de uso "desproporcional" da força e pediu um cessar-fogo imediato. O governo da África do Sul divulgou um comunicado no qual afirma que "ataques contra líderes e funcionários apenas podem resultar em uma escalada das tensões e conflitos, tornando mais difíceis futuras negociações".

O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, disse nesta segunda que seu país fechou sua embaixada em Trípoli, após ataques contra as missões diplomáticas da Grã-Bretanha e da Itália.

Segundo ele, a embaixada foi fechada temporariamente por razões de segurança e os funcionários foram retirados do local. "Claro que isso não significa que a Turquia interromperá seus esforços" para resolver com um acordo a crise na Líbia, disse Davutoglu.

Assassinatos

O porta-voz do governo líbio, Moussa Ibrahim, afirmou que o líder líbio Muamar Kadafi e sua mulher estavam no edifício atacado no momento do bombardeio da Otan, mas que não ficaram feridos.

Segundo ele, o bombardeio fere a lei internacional e foi “uma operação direta para assassinar o líder do país”. A Otan afirmou que o alvo do ataque era um edifício de “comando e controle” e que todos os alvos da organização têm “natureza militar”.

Da Redação, com agências