Jô Moraes denuncia agressão à grávida em sacolão de BH

A deputada federal Jô Moraes denunciou o crescimento e a vulgarização da violência contra as mulheres, durante discurso nesta quarta (11) da tribuna da Câmara. Ao registrar o seminário “Mulher e Reforma Política”, promovido por fundações e secretarias de mulheres do conjunto dos partidos políticos, Jô destacou a necessidade de estimular a cultura de paz. Ocasião em que falou de sua indignação com a violência sofrida por uma jovem, grávida de 9 meses, dentro de um sacolão no Centro de BH.

A mulher foi agredida com xingamentos e chutes na barriga, quando já estava no chão, por um segurança do estabelecimento. Isto, por ter consumido três uvas.

Discurso

Eis a íntegra do pronunciamento que Jô Moraes pediu para ser registrado nos Anais da Câmara dos Deputados:

“Senhor presidente, senhoras deputadas, senhores deputados,

No último domingo celebramos o Dia das Mães. Estava em Belo Horizonte onde comemorei a data com meus dois filhos e demais parentes, num almoço na casa de minha sogra. Nas conversas, um assunto ainda causava comoção. A violência do ataque de um segurança contra uma grávida, ocorrida dias antes. O motivo foi torpe: a jovem, de apenas 18 anos, no nono mês de gravidez, segundo noticiou a imprensa, teria consumido 3 uvas no sacolão. Um comércio amplo, diariamente repleto de pessoas comprando avidamente hortaliças, legumes e frutas nacionais e importadas, no Centro da cidade.

Irritado com a ousadia da grávida o segurança teria investido contra ela aos gritos e chutado várias vezes sua barriga, depois de ela já estar rendida, no chão. Isto por causa de 3 bagos de uva que ela ousou comer. A mãe da jovem que tentou socorrê-la também teria sido agredida pelo segurança, de acordo com o repórter Pedro Rotterdan, que assinou a reportagem veiculada pelo Jornal Hoje em Dia, sobre o fato.

Tudo isso numa semana preparatória para a data e contra uma jovem às vésperas da concepção. Ela perdeu líquido e foi hospitalizada. Pessoas que estavam no empreendimento reagiram e salvaram a mãe e seu bebê. Também se voltaram contra o agressor que foi levado à delegacia.

Senhores vejam a que ponto chegamos. Por causa de três bagos de uvas uma grávida é chutada e xingada num estabelecimento comercial. O que esperar dessa criatura que investe a chutes contra uma mulher que carrega um bebê no ventre por causa de três bagos de uvas? Só por ser homem e segurança já pressupõe que tenha maior força física e preparo do que uma gestante aos nove meses de gravidez.

Que sociedade, que tipo de gente é esse que não respeita, não tem compaixão por uma mulher no topo da gravidez? Por um igual? Imagine o que pode fazer contra cães, gatos, passarinhos…
Como comemorar o Dia das Mães, sabendo que num comércio freqüentado por dezenas, centenas de pessoas, em sua maioria mulheres – pois são elas que geralmente cumprem com carinho a tarefa semanal de abastecer as fruteira e geladeira – um segurança pode estar à espreita para atacar?

Quero, desta tribuna, pedir aos comerciantes, industriais, banqueiros que fiquem atentos às tendências de seus seguranças; aos cuidadores de seus patrimônios. O bem maior de um país são seus cidadãos e eles devem ser respeitados, tratados com lisura, responsabilidade, compaixão. Não é colocando verdadeiros pitbulls para vigiar e punir que seus lucros serão maiores. Que vamos fazer um Brasil melhor. Não mesmo!”

De Belo Horizonte,
Graça Borges