Combate à homofobia é a maior bandeira do movimento LGBT na Bahia
Hoje, 17 de maio, é o Dia Nacional de Combate a Homofobia, comportamento vergonhoso que figura como principal causa de assassinatos de homossexuais no Brasil. Na Bahia, a situação não é diferente e o movimento LGBT (Lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) aproveita a data para dar visibilidade ao problema, protestar e cobrar ações efetivas do Estado para diminuir esta prática. O reconhecimento de direitos é um passo importante, mas a criminalização da homofobia está longe de acontecer.
Publicado 17/05/2011 17:51 | Editado 04/03/2020 16:19
Diminuir os índices de homofobia, tipificar a prática como crime, aprovar no Congresso a parceria civil entre pessoas do mesmo sexo e incluir informações sobre a livre orientação sexual no ensino das escolas. Estas são as principais bandeiras que o movimento LGBT defende neste 17 de maio de 2011. A pauta é a mesma dos anos anteriores, já que as vitórias no reconhecimento dos direitos dos homossexuais no Brasil chegam a conta-gotas.
Uma delas aconteceu no último dia 5 de maio, quando o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável entre casais homossexuais, garantindo aos parceiros do mesmo sexo direitos concedidos a casais heterossexuais, como herança, pensão alimentícia e inclusão nos planos de saúde. “Estas decisões ajudam muito no combate a homofobia, porque estas ações refletem o reconhecimento do Estado, diante de uma situação que já existe no dia a dia e que não eram reconhecidas por Lei e por nenhuma ação do Estado brasileiro. Então, estas conquistas recentes, elas reforçam muito a auto-estima e a cidadania dos homossexuais. Porque muitos não se assumiam anteriormente, porque o estado não dava garantia de que não seriam discriminados”, afirma Marcelo Cerqueira, presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB).
Mesmo comemorando as conquistas, Cerqueira reconhece que será difícil acabar com a homofobia. “A bandeira que a gente levanta é para diminuir a homofobia, porque nunca vai acabar. Sempre vão existir pessoas preconceituosas, porque esta é uma questão de mentalidade. Tem gente que ganha com isso, como o deputado Bolsonaro, que tem procurado se aparecer e mostrar o seu mandato na mídia, através de ataques a minorias que há séculos têm sido atacadas e oprimidas, e isto é uma coisa feia. Para combater isso, a gente tem tentado, através da imprensa, mostra que o comportamento dele é um comportamento oportunista e ainda homofóbico. Trabalha também para desfazer este tipo de afirmação, divulgando corretamente as informações sobre a homossexualidade, mostrando que é uma orientação normal e saudável, portando que não há nada que desabone a conduta de uma pessoa”, disse Cerqueira.
O presidente do GGB aponta ainda a cultura de preconceito velado como o maior problema enfrentado pelos homossexuais no país. “O Brasil é o país da alegria, o país do carnaval, mas se não tem legislação draconiana como Uganda, onde os homossexuais são condenados à morte, também por outro lado, a gente tem o aspecto cultural que é muito forte, que é a questão da homofobia cordial, que não é a homofobia muito revelada. Não tem pena de morte, mas tem uma cultura que considera o homossexual um indivíduo de última categoria, que pode ser discriminado, pode sofrer, pode apanhar, pode passar por todo tipo de constrangimento. Precisamos acabar com isso”, conclui Marcelo Cerqueira.
De Salvador,
Eliane Costa