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Encontro do Foro de São Paulo termina hoje em Manágua

A 17ª edição do Foro de São Paulo termina nesta sexta-feira em Manágua, depois de dois dias de discussões e reflexões sobre a necessidade de reforçar a unidade das forças de esquerda na América Latina e no Caribe.

No terceiro e último dia do evento, que começou na última quarta, com 257 representantes de 47 partidos e movimentos de esquerda, progressistas e populares de 32 países da América Latina, Caribe, Europa e Ásia, realizam-se nesta sexta-feiora as plenárias finais.

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O tema central em debate é o documento "A construção de uma nova era: o projeto alternativo popular e progressista e a esquerda latino-americana".

Durante dois dias, 13 grupos de trabalho se reuniram para o debate de temas específicos que serão sistematizados e coletivizados na plenária final. Também se aprovará a declaração final do 17º Encontro do Foro de São Paulo.

"Os povos estão recuperando terreno, cada um de acordo com seu tempo, ritmo, identidade e cultura, mas todos nós estamos crescendo e colhendo vitórias", disse Rosário Murillo, coordenadora de Comunicação e Cidadania da Nicarágua, referindo-se ao intercâmbio de ideias realizado pelos participantes no Foro.

Para ela, as reflexões feitas durante o Foro de São Paulo "serão muito importantes para consolidar a unidade de nossos povos na luta por novas vitórias".

Para o ex-presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, é necessário promover uma discussão mais aprofundada sobre o desenvolvimento das forças de esquerda, a fim de "fortalecer os partidos políticos, alianças e ganhar eleições".

A esquerda tem dado grandes passos em sua evolução desde que foi fundado o Foro de São Paulo, em 1990, o que permitiu chegar pela via democrática ao governo em muitos países do continente, disse Lula.

A plenária final decidirá ainda sobre o local de realização do 18º Encontro do Foro de São Paulo, no próximo ano. Uma das candidaturas mais fortes é Caracas, capital da República Bolivariana da Venezuela.

Ameaças da direita e do imperialismo

A 17ª edição do Foro de São Paulo se caracterizou por um forte chamado de partidos e organizações de esquerda latino-americanas em favor da unidade e da integração dos países do continente.

“Chegamos a este encontro em meio a uma conjuntura carregada de perigos para a esquerda latino-americana”, afirmou o secretário-executivo do Foro de São Paulo, Valter Pomar. “Os Estados Unidos estão sofrendo uma deterioração de sua hegemonia a nível mundial e estão reagindo adotando uma atitude violenta e intensificando a ingerência na região”, afirmou.

Pomar falou também sobre o “perigo que a recomposição das forças de direita representa” e a necessidade de se avançar em direção a uma integração latino-americana. “Vivemos uma situação de forte instabilidade, caracterizada por um novo contra-ataque da direita”.

Com isso, continuou Pomar, “precisamos fortalecer nossa inteligência estratégica e a capacidade de coordenação, porque o Foro de São Paulo tem um papel fundamental em direção a uma alternativa ao neoliberalismo, a um nível mais avançado da integração e a mudanças que garantam a justiça social para nossos povos”, concluiu.

A importância desse processo foi respaldada por Zelaya, durante sua intervenção na cerimônia de abertura do Foro. “A política imperialista gerou destruição para os nossos povos ao longo da história, mas para eles está claro que são seus inimigos, e com isso, estão reagindo”, afirmou Zelaya, deposto em um golpe de Estado em junho de 2009. Ele assinalou que somente no século 20 houve 144 golpes de Estado na América Latina e neste século, seis, sendo que quatro contra os países da Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas).

“O Foro de São Paulo tem uma árdua tarefa pela frente, contra um sistema vergonhoso que instala bases militares, cria guerras, bombardeia países para se manter. Um sistema que gera pobreza, exclusão social e que é antidemocrático”. Zelaya disse ser importante seguir trabalhando e aprofundando o debate sobre alternativas ao neoliberalismo e ao capitalismo.

Experiência cubana

O presidente do Parlamento de Cuba e membro do Burô Político do Partido Comunista de Cuba, Ricardo Alarcón, reforçou em seu discurso no Foro de São Paulo a busca por um socialismo renovado. “O modelo capitalista e neoliberal, que tanta miséria e dor repartiu com o mundo, está em uma crisis profunda. Uma das causas disso tem sido a América Latina e o Caribe, porque aqui conseguimos demostrar como funcionam processos alternativos”, afirmou Alarcón.

Segundo o dirigente cubano, a tarefa mais importante para os partidos e organizações de esquerda é agora “consolidar estes processos e fortalecer a unidade latino-americana diversificada, para seguir avançando.”

Da Redação, com informações da agência Prensa Latina e do site Opera Mundi