Intensa movimentação agita vida política em Campinas

Uma série de acontecimentos tem agitado a vida política em Campinas desde que o Ministério Público Estadual (MPE) desencadeou ações para apurar um suposto esquema de fraudes em licitações e desvios de verbas públicas. As investigações atingem empresários e membros do primeiro escalão do governo do prefeito Hélio de Oliveira Santos – como o vice-prefeito Demétrio Vilagra e a primeira-dama Rosely Nassim Jorge Santos.

Na tarde de quinta-feira (02/06), Rosely apresentou-se ao MPE para prestar depoimento. A primeira dama é citada em escutas telefônicas e também pela delação (premiada) do ex-presidente da Sanasa, Luiz Augusto Castrillon de Aquino, como chefe do suposto esquema. Durante o depoimento, a única pergunta que a primeira-dama respondeu foi negar que conhecesse o empresário Maurício de Paulo Manduca; ao ser acareada com ele. O empresário é citado como sendo um dos lobistas do suposto esquema. Ao sair do MPE, Rosely oficializou seu pedido de exoneração da chefia de Gabinete e foi substituída por Orlando Marotta Filho.

Outra grande questão que agitou toda a semana é se Rosely tem ou não direito a foro privilegiado. Liminar do Tribunal de Justiça (TJ) obtida em pedido de habeas corpus impede que sejam tomadas contra ela medidas coercitivas, como prisões e sequestro de bens. Esta semana, o desembargador Amado de Faria julgou o pedido e a sentença é que o juiz da 3ª Vara Criminal – que expediu mandados de prisão e de busca e apreensão – pode deliberar sobre pedidos de quebra de sigilo e prisões. O advogado de Rosely, Eduardo Pizarro Carmelós, defende a decisão do desembargador não derruba a liminar.

Pelo twitter, após comentar o afastamento de sua esposa, o prefeito Hélio afirma “Afastamos todos direta ou indiretamente citados pelo MP. Acredito que terão direito de defesa na justiça! Enfrentarei Comissão Processante tranquilo e confiante! Minha responsabilidade é trabalhar pelo povo de Campinas e para os q mais precisam!".

Após depor, Maurício Manduca teve a prisão preventiva revogada e foi liberado. O vice-prefeito, que estava em férias na Europa, retornou ao Brasil na noite do dia 26/05, foi preso e liberado após depor no dia seguinte. O vice-prefeito foi exonerado da presidência da Ceasa, cargo que acumulava com a vice-prefeitura. Em seu lugar, assumiu Nivaldo Dóro, ligado ao PMDB.

Mesmo com a indicação de Dóro, o PMDB divulgou para a imprensa que “o partido está se retirando da administração municipal e colocando os cargos que ocupava a disposição, mas que não faz nenhuma restrição a quem permanecer no cargo, contanto que não fale em nome do partido”. Além de Nivaldo, Tereza Dóro, preside a Setec e Cláudio Quércia é diretor comercial da Sanasa – todos do PMDB.

O PCdoB de Campinas realizou reunião ampliada de seu Comitê Municipal para debater a crise com a presença dos principais quadros do Partido. Prevaleceu a orientação da direção municipal de exigir a apuração e investigação das denúncias, o indiciamento de pessoas que possam ter cometido delitos, garantindo-lhe amplo direito de defesa. A direção também avalia que o momento é de agir com responsabilidade e serenidade e considera precipitadas ações que promovam o prejulgamento e a execração pública dos envolvidos antes de uma decisão da justiça. O PT – que tem 80 cargos de confiança e ocupa duas secretarias – convocou um encontro extraordinário do diretório municipal para debater a questão, no sábado (04/06). Correntes do partido propõem a saída da administração municipal.

De Campinas,
Agildo Nogueira Junior