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Associação de parentes das vítimas do AF 447 critica franceses

A decisão do governo francês de dar por terminada a busca por destroços e corpos do voo da Air France, que fazia o trecho Rio-Paris e caiu no Oceano Atlântico em 31 de maio de 2009, foi criticada nesta terça-feira (7) pelo presidente da Associação dos Familiares de Vítimas do Voo 447, Nelson Faria Marinho. Com isso, 74 corpos ficarão no fundo do mar. A aeronave, um Airbus A330, caiu no mar com 228 pessoas a bordo.

Na opinião de Marinho, o critério para de suspender a operação foi econômico. “Houve um pouquinho de economia. No final, o que decide é o dinheiro”, lamentou, ao dizer que a associação fez um “apelo” para que a decisão fosse revista.

Há dois dias, Marinho foi avisado que o Escritório de Investigações e Análises da França (BEA, na sigla em francês) encerrou a busca na última sexta-feira (3) e que o navio de resgate já deixou o local. Conforme o presidente da associação, um diplomata francês encarregado do assunto explicou que a decisão foi tomada por causa da deterioração dos corpos.

No total, 154 corpos foram resgatados, sendo que 50 à época do acidente, nas primeiras buscas. “Nós estamos frustrados. São 74 famílias que ficarão mais transtornadas”, disse. “O enterro é a forma de finalizar a vida”, desabafou Marinho. Ele lembrou que, desde o primeiro resgate, todos os corpos encontrados estavam mutilados e que as famílias puderam pelo menos sepultar seus parentes. Ainda não foi concluída a identificação de todos corpos resgatados.

Desde 18 de abril, Marinho aguarda a marcação de uma audiência pública com a presidenta Dilma Rousseff. Além dele e de outros participantes da diretoria da associação, um grupo de mulheres, formado por esposas, mães, filhas e irmãs das vítimas do AF 447, querem fazer “reivindicações que só a presidenta pode resolver”. Ele disse que as reivindicações dizem respeito ao acompanhamento do caso pelo governo brasileiro, à recuperação de pertences e ao pagamento de indenizações.

A Associação dos Familiares de Vítimas do Voo 447 reclama do fato de a apuração do acidente estar a cargo do governo francês, que controla a Airbus, a fabricante do avião, e a companhia aérea Air France. “É uma investigação de si próprio”, queixou-se.

Fim de resgate

As autoridades francesas informaram hoje (7) que 74 corpos das vítimas do voo AF 447, da Air France, que caiu no Atlântico em 31 de maio de 2009, com 228 pessoas a bordo, ficarão definitivamente no fundo do mar. No total, foram retirados 154 corpos do oceano. A operação de resgate dos restos mortais, que começou mês passado, foi encerrada no último dia 3.

No fundo do mar, foi colocada uma placa com a inscrição: “Em memória às vítimas do acidente com o voo AF 447”, escrita em português, francês e inglês. A placa foi depositada pelo mesmo robô utilizado para recuperar os corpos, que estavam a 3,9 mil metros de profundidade.

Em uma carta enviada aos parentes das vítimas, o governo da França informou que, no total, 104 corpos “suscetíveis de serem identificados” foram retirados do oceano na quinta fase de buscas. Após a catástrofe, 50 corpos foram resgatados, 20 deles eram de brasileiros.

“Foram resgatados todos os corpos que tinham condições, conforme os critérios definidos pela carta dos juízes em 10 de maio e verificados pelas equipes de legistas”, diz a nota enviada às famílias das vítimas. No dia 10 do mês passado, os juízes responsáveis pelo processo na França informaram que apenas os corpos que não estivessem muito degradados e que “pudessem ser entregues decentemente às famílias” seriam resgatados.

Os corpos resgatados serão transferidos para um instituto médico-legal na França (o nome da cidade não foi informado) para o início da identificação das vítimas, que será feita pelos peritos do Instituto de Pesquisas Criminais da Polícia Militar francesa (IRCGN, na sigla em francês). O instituto, que atuou em 38 grandes catástrofes, dispõe, até o momento, do DNA dos parentes das vítimas europeias.

Um relatório intermediário sobre as causas do acidente deverá ser divulgado no final de julho, segundo o Escritório de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês). Mas o relatório definitivo, com as conclusões sobre o acidente, só será publicado no início de 2012.

Até lá, os investigadores examinarão detalhadamente os 1,3 mil parâmetros do voo, gravados por uma das caixas-pretas, como também as duas horas de conversas dos pilotos e de sons da cabine, gravados pela segunda, e analisarão ainda as peças do avião resgatadas, como os computadores de bordo, motores e partes das asas.

Com informações da Agência Brasil