Após promessa de ministra, quilombolas encerram greve de fome
Dois padres e 17 quilombolas que haviam iniciado uma greve de fome na quinta-feira (9) em São Luís (MA) decidiram encerrar os protestos na noite desta sexta-feira (10). Eles ocupavam a sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) na capital maranhense há dez dias, junto a outros representantes de 40 comunidades quilombolas.
Publicado 12/06/2011 09:52
Com a ocupação e a greve de fome, os manifestantes tentavam chamar a atenção do governo para episódios violentos envolvendo líderes quilombolas em disputas de terras no estado. “Só esperamos o delegado chegar com um documento que nos garanta proteção policial para ir embora. A ocupação e a greve de fome acabaram”, disse, na sexta, o padre Inaldo Serejo, que fez greve de fome durante um dia e coordenou as manifestações.
Na última semana, a CPT (Comissão Pastoral da Terra) divulgou que 59 líderes quilombolas estão ameaçados de morte no Maranhão. Em 2010, o líder quilombola Flaviano Pinto Neto foi assassinado a tiros. No último dia 31 de maio, a casa de outro líder local foi alvo de três tiros.
Os manifestantes pedem que a Secretaria de Direitos Humanos, comandada pela ministra Maria do Rosário, garanta segurança aos quilombolas. Segundo o padre Serejo, Maria do Rosário falou com os quilombolas por telefone na tarde desta sexta — o que fortaleceu a decisão de mudar os rumos da manifestação.
A assessoria da secretaria confirmou a ligação e disse que a ministra avalia as reivindicações com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a Secretaria-Geral e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Maria do Rosário também ligou para a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), e pediu reforço no policiamento em comunidades quilombolas do estado.
Conforme a secretaria, há uma indicação de visita de Maria do Rosário ao Maranhão no dia 22. “A ministra se colocou à disposição para ir até o local em breve, junto com a ministra Luiza Bairros [Igualdade Racial]”, disse a assessoria, por meio de nota.
Bahia
Na Bahia, também terminou nesta sexta-feira a ocupação de pescadores e quilombolas à sede do Incra em Salvador, onde os manifestantes permaneciam desde a última segunda-feira (6). Entre as reivindicações da categoria estão renovação de barcos e a revisão de itens do Código Florestal que, segundo o movimento, ameaçam áreas importantes para os pescadores.
“As conversas com o Ministério da Pesca não foram totalmente satisfatórias, mas evoluíram um pouco”, disse uma das coordenadoras do MPP (Movimento dos Pescadores e Pescadoras) da Bahia, Marizélia Carlos Lopes. “Como já abrimos negociações, decidimos encerrar a ocupação e sair do prédio.”