Operários podem paralisar grandes obras no Ceará

Os operários que estão trabalhando nas obras do Complexo Portuário do Pecém, Metrofor, Castelão e Termelétrica estão em mobilização em defesa de melhores salários e condições de trabalho. Algumas categorias já entraram em greve e outras se organizam para prováveis paralisações. O movimento grevista, iniciado na última segunda-feira (13/06), prossegue até que as empresas assinem a convenção coletiva da categoria. Cerca de 10 mil operários podem aparar suas atividades em todo o Estado.

Porto do Pecém

O movimento paredista, que pode ser ampliado hoje (14/06), é uma forma de protestar contra as empresas que não assinaram a Convenção Coletiva negociada entre os sindicatos dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral no Estado do Ceará (Sintepav–CE) e Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon).

Caso as propostas de reajuste salarial apresentadas até agora pelas empresas de construção civil pesada que atuam nas principais obras em execução no Estado não forem acatadas pelos trabalhadores, o Ceará poderá ter, a partir desta terça-feira (14/06), cerca de 10 mil operários em paralisação. A afirmação é do presidente do Sintepav-CE, Raimundo Gomes, que apresentará, em assembleia de trabalhadores, o que as empreiteiras responsáveis pelas obras da usina termelétrica UTE Pecém, da ampliação do Porto do Pecém e do Castelão estão oferecendo. Dessa reunião, serão definidos os rumos do movimento grevista.

Castelão

Na última segunda-feira (13/06), os trabalhadores ocupados no primeiro trecho da reforma do Castelão suspenderam os trabalhos, e hoje discutem com os outros operários da obra a proposta apresentada pelas empresas Galvão Engenharia e Andrade Mendonça, que afirmaram conceder o reajuste reivindicado, de 13%. "Eles não incluíram na negociação as horas extras e a cesta básica”. Os operários decidem hoje se concordam com o reajuste ou se continuam a paralisação. Juntos, os funcionários somam aproximadamente 600 pessoas.

Porto do Pecém

Os empregados da obra de construção do Terminal de Múltiplo Uso (Tmut), píer de expansão do Terminal Portuário do Pecém, também podem entrar em greve a partir desta terça-feira. O consórcio formado pelas construtoras Marquise e Ivaí Engenharia, concede os 13% de reajuste e 100% das horas extras nos dias de sábado, mas o sindicato ainda reclama a cesta básica e um adicional de 30% do salário-base por periculosidade. A assembleia definirá se a categoria aceita o apresentado ou entra em greve, o que paralisa cerca de 800 pessoas.

Termelétrica

Raimundo Gomes afirma ainda que hoje também os empregados na Usina Termelétrica Energia Pecém (UTE-Pecém) podem aderir à greve. Com as empresas que atuam na construção da usina, a pendência é o valor da cesta básica e o pagamento do adicional de periculosidade.

“Estamos fazendo um laudo para saber se todos os trabalhadores devem receber esse benefício”, comenta, ressaltando que aproximadamente 280 homens em atividade na obra já estão recebendo. “A paralisação vai depender do que for decidido nas assembleias”. Se não aceitarem, representarão o maior contingente de grevistas da construção civil do Estado, com seis mil pessoas.

Metrofor

Ontem (13/06), também realizaram movimento paredista os operários do segundo trecho da obra do Metrofor. Segundo Gomes, os trabalhadores ainda não possuem sequer uma proposta. "Estes continuarão em greve, e ampliaremos a paralisação para o Transfor (Programa de Transporte Urbano de Fortaleza) e para o Canal da Integração", adiantou o sindicalista.

O Metrofor possui atualmente 1.200 operários de braços cruzados, e esse contingente chegará a 1.800, garante Gomes. Já o Canal da Integração deverá gerar mais 800 grevistas e o Transfor outros 350, superando os 10 mil trabalhadores.

O Sintepav-CE também informa que vai avançar para o Interior, chegando às obras da Transnordestina e Transposição do Rio São Francisco. As construções e recuperações de rodovias estaduais (CEs) e federais (BRs) estão na mira do sindicato, assim como as obras de saneamento próximas ao Castelão.

Provável acordo

Apesar de o movimento grevista estar fazendo número, o representante estadual do Sindicato Nacional da Indústria de Construção Pesada (Sinecon), Dinalvo Diniz, acredita que os impasses serão resolvidos em, no máximo, dois ou três dias.

"As empresas estão isoladamente resolvendo os acordos, e a greve não interessa a ninguém. Acho que as empresas deverão acabar cedendo", disse, apontando que o Sinecon deverá lançar uma posição oficial sobre a questão ainda nesta terça-feira. Apesar das paralisações, ele garante que os cronogramas das obras não serão prejudicados.

A Secretaria de Infraestrutura do Estado (Seinfra) preferiu não se pronunciar, considerando que esse é um problema das empresas, mas adiantou que vai acompanhar e avaliar a evolução da questão.

Saiba mais

– O Ceará tem cerca de 25 mil trabalhadores empregados em grandes obras, públicas e privadas, da construção civil.

– O salário base do servente é de R$ 539.

De Fortaleza,
Carolina Campos (com informações dos jornais locais)