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Familiares das vítimas acionam judicialmente Air France e Airbus

Representando famílias das vítimas do voo 447 da Air France – o Airbus A330 que fazia o trecho Rio-Paris –, escritórios de advocacia na França e no Brasil entraram com uma ação simultaneamente em ambos os países responsabilizando as duas empresas pelo acidente. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (16). 

Segundo os escritórios, esta nova ação se baseia em uma teoria inédita, sustentada por especialistas independentes, de que o desenho e o funcionamento da aeronave teriam tido um papel decisivo e não-negligenciável nos acontecimentos que levaram à catástrofe.

A equipe, liderada pelos escritórios franco-brasileiros Martin-Chico Internacional e Azevedo Sette Advogados, impetrou a ação contra a Air France e a Airbus, em regime de urgência, no último dia 20 de maio, na corte de Toulouse, na França. No último dia 10 de maio, a mesma ação foi impetrada na Justiça brasileira.

De acordo com as informações dos escritórios, o duplo procedimento se baseia no direito privado internacional comparado e na Convenção de Montreal. Sua finalidade é o reconhecimento de responsabilidades da Airbus e também da Air France como transportadora.

Para sustentar estas ações, as famílias e seus advogados analisaram os dados transmitidos à Air France pelo sistema ACARS durante os quatro últimos minutos antes do desaparecimento do voo AF 447, no dia 1º de junho de 2009. Estas mensagens permitiram a construção de uma nova teoria, que se encontra em contraposição às afirmações divulgadas pelo Escritório de Investigações e Análises da França (BEA) sobre o assunto.

Especialistas

Segundo o trabalho realizado pelos especialistas dos escritórios franco-brasileiros, da ASIC (Air Safety Investigation Consulting), da Consultoria e Investigações sobre Segurança Aérea, as mensagens revelam uma sequência de disfunções críticas na zona de turbulência, o que teria deixado o avião sem controle e em despressurização acelerada.

De acordo com a investigação, o defeito dos ADIRU, elementos indispensáveis para a navegação segura do Airbus 330, e a incapacidade dos computadores para proteger o voo normalmente, colocaram o avião em um modo excepcional de pilotagem, em situação de emergência. Isso teria feito com que os pilotos agissem às cegas, sem informações básicas, como o direcionamento, altitude do avião, limites de manobra e, em geral, sem muitas das proteções disponíveis na aeronave.

Ainda segundo os estudos, a despressurização grave poderia ter sido resultada de um desprendimento do estabilizador vertical que poderia ter provocado um a explosão acarretando a destruição de parte da fuselagem. Outros elementos relacionados ao acidente, como a dispersão grande dos corpos nus das vítimas e dos escombros do aparelho, assim como a certificação de que houve mortes antes do contato com a água, servem igualmente de apoio a esta teoria.

O estudo classifica a aeronave como frágil. Segundo as informações do escritório de advocacia, esta fragilidade foi motivo de recomendações e diretrizes feitas pela Administração Federal de Aviação norte-americana (FAA) e pela Agência Europeia de Segurança Aérea (EASA).

Fonte: Pernambuco.com