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Grécia: sindicatos fazem greve geral contra plano de austeridade

Os principais sindicatos da Grécia iniciaram nesta terça-feira (28) uma greve geral de 48 horas em repúdio às medidas de austeridade propostas pelo governo. O movimento recebe a adesão de diversas forças de esquerda do país, entre elas, dos militantes do Partido Comunista Grego (KKE). Na segunda-feira (27), o primeiro-ministro grego, George Papandreou, discursou pedindo apoio para a aprovação das medidas que devem ser votadas no Parlamento até quinta-feira (30).

Greve geral grécia - AFP

O pacote inclui cortes orçamentários, aumento de impostos e privatizações e faz parte de uma série de exigências feitas pela União Europeia e pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) para liberar a última parcela – de 12 bilhões de euros (R$ 27 bilhões) – de um pacote de resgate.

Papandreou insiste que o plano de austeridade é a “única chance” de colocar a Grécia “de pé novamente” e tirá-la da crise em que se encontra. Mas as medidas enfrentam resistência da sociedade grega. A previsão é de que ocorram nesta terça várias manifestações em cidades da Grécia. Pelo menos cinco mil policiais foram deslocados na região de Atenas.

A greve geral deve comprometer o funcionamento da maioria dos serviços públicos, inclusive os aeroportos e linhas de trens. O novo ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, disse que os cortes propostos são “injustos”, mas necessários. O ministro apelou aos partidos políticos para que trabalhem pelas medidas para construir uma “força nacional maior”.

O principal líder da direita, Antonis Samaras, do Partido Nova Democracia, disse que há falhas no pacote de austeridade porque os impostos devem ser reduzidos para estimular a economia. Ao mesmo tempo, a União Europeia e o FMI já discutem um segundo pacote de resgate, que pode ser de tamanho semelhante ao do primeiro (de 110 bilhões de euros).

Os bancos franceses aceitam reinvestir na dívida grega, diz o governo da França. Mas os políticos querem, desta vez, que os credores privados também colaborem, relaxando a cobrança da dívida grega. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse nesta segunda que os bancos de seu país ajudarão na recuperação grega, ao estender para 30 anos o prazo de pagamento das dívidas e permitir o reempréstimo a Atenas.

Repressão

Algumas das principais ruas de Atenas se transformaram em palco de conflitos entre manifestantes e policiais. A polícia grega lançou bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que retrucaram atirando pedras e paus nas forças de repressão para se defender, enquanto sindicalistas decretaram a partir desta terça-feira greve geral por 48 horas. É a quarta paralisação geral registrada na Grécia apenas neste ano.

Partido Comunista da Grécia

Durante recente manifestação de massa realizada em Atenas, a secretária-geral do KKE, Aleka Papariga, sublinhou que as ameaças do governo de que se o povo grego não se dobrar ficará sem salários e sem pensões serão ignoradas. “Eles tentam transformar os seus próprios dilemas em dilemas populares. Tentam transformar o seu pânico e o seu medo face ao desnudamento da natureza do sistema capitalista em pânico e medo populares. Quando aqueles no alto tremem, o povo em baixo deve contra-atacar com ainda mais militantismo” afirmou.

Aleka defende que “esta enorme dívida será arrecadada pelo povo só quando ele tomar o poder, quando ele se reapropriar dos meios de produção, através da socialização e das cooperativas populares, através da retirada da União Europeia, através do controle dos trabalhadores e do povo na base, com um parlamento do povo contando representantes eleitos saídos dos lugares de trabalho, organizações de reformados, dos estudantes e dos alunos dos liceus, com uma planificação nacional que eliminará toda forma de desemprego”.

A secretária-geral do KKE defende ainda a consolidação de uma ampla aliança pelo poder popular. “Não a uma aliança com uma vaga etiqueta de forças progressistas e de esquerda, de modernizadores e de renovadores, mas sim a uma aliança das forças anticapitalistas, anti-imperialistas, antimonopolistas, uma aliança unida na sua luta contra o poder dos monopólios, pelo poder popular”.

Da redação com informações das agências. Atualizado às 14h16.