Icapuí: Blog divulga entrevista com vereador Marcos Nunes

Quem é o cidadão Marcos José Ferreira Nunes?

Fazer uma autobiografia é uma tarefa dificílima, mas tentarei expor algumas questões pontuais. Poucos sabem, mas eu nasci em Fortaleza, no dia 24 de Setembro de 1974.

Minha ligação com Icapuí deu-se através de minha mãe, Zilma Ferreira Nunes. Meus avós maternos eram de Melancias de Baixo. Minha mãe nos trouxe de Fortaleza para morar na casa de meus avós em 1986 e foi lá que se constitui o início do meu vínculo afetivo com a cidade.

Durante toda a minha vida participei de diversos movimentos sociais. Inicialmente fui presidente do Grêmio Estudantil da Escola Professora Mizinha em 1991, depois tornei-me presidente da Associação de Moradores de Melancias. Fui vice-presidente fundador da FECI, Federação das Entidades Comunitárias de Icapuí, mas a minha maior atuação nos movimentos sociais foi através do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Icapuí, onde fui presidente por duas vezes e uma vice-presidente. Também fui membro da direção da FETAMCE, Federação dos Trabalhadores nos Serviços Públicos do Estado do Ceará.

Há 20 anos estou no PCdoB, e através desta única legenda fui candidato a vereador três vezes, logrando êxito no último pleito. Também concorri nas eleições para Deputado Estadual e participo do Comitê Municipal do Partido. Também fiz parte do Diretório Estadual do PCdoB.

Sinteticamente eu resumiria que, como cidadão, sou uma pessoa simples, que teve uma militância ativa. Sou concursado para a Prefeitura de Icapuí e sou professor do ensino básico formado pela UECE. Sou técnico de Operação Petróleo e Gás pelo IFRN, e estudante da UFERSA, sou um apaixonado pelo estudo e um exímio defensor de bandeiras de lutas que podem melhorar a vida do nosso povo.

Por quais motivos o senhor pretende ser Prefeito de Icapuí?

Essa é uma grande pergunta por ser estratégica. Sempre estive encabeçando mandatos em instituições ou organizações sociais como grêmio estudantil, associação de moradores, sindicato, federação, conselhos, grupos de teatro e hoje exerço o mandato de vereador. Tudo isso fez e faz com que muitas pessoas do meu convívio valorizem a minha forma de fazer política, que sempre foi através do diálogo e da inserção social. Estes me instigam a servir de opção como postulante ao cargo de prefeito da minha cidade.

Então, através dessa convivência com a população de maneira geral e por estar apresentando e defendendo bandeiras de lutas abrangentes e exercendo a crítica propositiva, considero que essas ações permitem-nos projetar expectativas de sonhar com uma cidade de mentalidade nova. Acho que foi baseado na minha experiência de vida que o partido decidiu lançar o meu nome para apresentar a uma frente política de oposição que sinalize comprometimento e seriedade com a coisa pública.

O próximo prefeito terá grandes desafios pela frente, pois é preciso enfrentar os dogmas, os preconceitos, os maus costumes e todas as mazelas produzidas por maus exemplos dados por gestões anteriores. Estou muito motivado porque muitas pessoas acreditam no que estamos a construir para o futuro: uma cidade com planejamento, com participação popular e principalmente se cercando de quadros comprometidos com esta nova realidade. Não podemos mais esperar!

Muitos “sanguessugas” e “carrapatos do poder” dizem que não chegou ainda a minha hora, mas sabe por que? Porque sou um cara que não tem como bancar seus desejos materiais e individuais. Sou um homem que nunca saiu das lutas populares, das lutas sociais, e que está atento e acessível à tomada de atitudes frente aos desafios e problemas impostos. Sou daqueles que se empenha na busca de alternativas, que propõe e age para encontrar soluções. Portanto, quem quiser ser prefeito terá como missão primordial criar condições para que a nossa cidade possa desfrutar o melhor do seu próprio dinheiro, e, é claro, lutar para conseguir muito mais através de nossa persistência. Para isso espero contar com a colaboração dos parlamentares (deputados estadual, federais e senador) do PCdoB, e todos parlamentares que quiserem contribuir com nossa cidade. Evidentemente que esperarei contar com a colaboração dos parlamentares de nossa cidade.

Conheço a minha cidade e muitas de suas aspirações, reconheço a luta de outros cidadãos em prol de seu progresso, tanto no passado, quanto no presente, mas também sei que existem outros que estão chegando e que podem contribuir. Só não podemos é nos espelhar em erros já vivenciados devido à falta de planejamento e de compromisso com os nossos cidadãos.

Numa perspectiva otimista, ser prefeito é uma tarefa ousada para quem sobrevive apenas de seu subsídio enquanto homem público e não tem amizades com os famosos financiadores de campanha que arrotam fortunas. É importante politizar a população sobre isso e refletir sobre os reflexos negativos que isso pode trazer. É bom saber inclusive, que isso pode interferir no rumo do governo.

Estamos em discussão e eu empresto o meu nome para uma reflexão com muita humildade e também com bastante disposição. O município é o maior nome a zelar. Precisamos ver nossas crianças de volta aos campinhos e às quadras de esportes, vê-las também em escolinhas de esporte e cultura. É necessário recriar as casas de apoio aos idosos, aos portadores de necessidades especiais e dar atenção para a saúde da mulher.

Precisamos melhorar nossa educação e realizar concurso público, bem como promover a saúde com responsabilidade, incrementar o associativismo, programar projetos pilotos para fomentar uma economia diversificada em parceria com as universidades e órgão do governo. É necessário investir nas áreas agricultáveis, na piscicultura, no turismo e na pesca sustentável.

Acho que todo homem deve ser propositivo e o prefeito deve ser este principal articulador, deve cercar-se de pessoas competentes, principalmente preocupadas com o desenvolvimento do município. Se quisermos crescer teremos que dialogar com investidores e propor o empreendedorismo.

Considero que a cidade de Icapuí merece melhor destaque no cenário estadual. Precisamos ligá-la a outros pólos econômicos, como é o caso da cidade de Jaguaruana e regiões de Aracati. É necessário cobrar do governo estadual maior atenção para cuidar mais da nossa cidade, melhorando acessos e os aspectos de infraestrutura desde a fronteira com o Rio Grande do Norte.

Para isso estaremos constantemente à procura do nosso governador, dos nossos senadores, dos políticos de diversos partidos, sejam eles nossos aliados, ou aqueles que queiram de fato ajudar. Caso venha ser prefeito, não posso vacilar. Assim como disse Lula quando assumiu a presidência: “Um operário não pode falhar a frente da presidência”. E eu, um trabalhador do serviço público não pode vacilar a frente da prefeitura.

O senhor se acha devidamente preparado para governar o nosso município?

Com certeza não sou a pessoa mais indicada para responder esta pergunta, mas como tenho uma vida política muita ativa e como a minha história fala por si, acho que terei muito para aprender e muito para ensinar. Humildade não me faltará bem como espírito de luta para buscar vencer os desafios, e como já mencionei antes, precisamos nos cercar de pessoas com determinação e conhecimento. Implantaremos um novo modelo de gestão, pois não cabe mais a disputa mesquinha e oligárquica, nem tampouco o discurso da panelinha, do caldeirão, do rodo, do serrote. Precisamos ser propositivos. Procurar o governador, ouvir os diversos pensamentos. Minha história demonstra que é através do diálogo que conseguiremos os maiores dividendos.

Para o senhor, quais são os três maiores problemas que afetam a nossa população?

Eu citaria que existe atualmente uma insegurança social e econômica. Suas causas precisam ser aprofundadas. Com a crise da pesca da lagosta falta perspectiva de trabalho e renda ao cidadão e isto atinge principalmente a nossa juventude, isto é, a cada dia temos mais jovens na ociosidade, sem ocupação, sem preparação para o trabalho, sem o trabalho e sem um lazer adequado.

Eu sei que a Prefeitura não tem como resgatar sozinha a autoestima de todos os jovens. Perpassa, porém através dela e por outros segmentos empresariais, algumas responsabilidades, como incentivos através de políticas públicas como programas de estágio e primeiro emprego, além é claro de programa de qualificação profissional. A Prefeitura tem que estimular os jovens para entrem nas faculdades, nas escolas técnicas e nos cursos profissionalizantes. Os pais também têm que investir de maneira correta em seus filhos, ao invés de bancar sem responsabilidade aquisição de transporte como moto para a sua própria destruição.

Precisamos reconquistar uma saúde cidadã e uma educação comprometida com a qualidade. Se aponto para esta necessidade é porque hoje a gestão atual não tem correspondido. E temos que encarar estes dois temas como uma questão primordial.

Na condição de prefeito, qual seria a pauta de prioridades para Icapuí?

A Educação, a Saúde e investimentos em infraestrutura. Às vezes temos a falsa compreensão de que a Prefeitura investe acima dos percentuais garantidos pela legislação, mas a questão central é saber se estes recursos então sendo adquiridos e se estão sendo bem usados. Para combater a desonestidade, temos que ter mais participação popular e maior transparência através da criação de conselhos com a participação do povo e de técnicos bem treinados e capacitados.

A máquina pública precisa ser saneada, os servidores precisam prestar os serviços básicos com qualidade. Não estou falando de soluções mirabolantes, mas precisamos melhorar e muito nossos serviços, a partir daí englobaríamos um maior empenho na educação, na saúde e na infraestrutura.

Qual o seu compromisso como prefeito em relação ao segmentos sociais:

a) Juventude?

A juventude é estratégica, deve ter uma grande preocupação de nossa parte e, como já disse, temos que investir para que eles se ocupem mais. Para que isso aconteça, precisamos recuperar o atraso de anos perdidos, principalmente da inoperância do governo tucano, que investiu errado e que não teve zelo pelos espaços dos jovens. A era tucana tem que servir de constante reflexão, pois ela foi um desastre para a nossa juventude, não conseguiu dar respostas. Ela sequer conseguiu conservar os espaços da prática do lazer já existentes. O ginásio foi ao chão depois de poucos dias de entregue à população, o campo acabou-se. Temos que ter grandes compromissos com estes jovens, mas também temos que compartilhar responsabilidades com eles.

b) Pescadores?

Eu diria que este tema é um dos mais delicados para qualquer gestor, mas sem querer agradar ou desagradar este ou aquele segmento. Todo prefeito assume voto de fidelidade à Constituição e às leis, portanto a legalidade deve ser a procura de todos, e eu não medirei esforços para ajudar dentro do possível para que este setor da sociedade tenha suporte do governo municipal para cobrar do Estado e do Governo Federal ações que amenizem as dificuldades enfrentadas por este setor. É preciso proporcionar mais encontros de conciliação sendo que a Prefeitura e as entidades que representam este setor no município devem ser os mediadores desta questão, sabendo que é necessário que todo esse processo deva estar em consonância com a lei.

E funcionários públicos municipais?

Eu diria que os funcionários públicos precisam estar motivados e bem qualificados para atender bem a população. Existem muitas injustiças, salários distorcidos. Eu vou corrigir tudo isso, é uma questão de honra. E vou fazer concurso público para atender a necessidade no futuro.

Como prefeito de Icapuí, o que faria para enfrentar os desafios:

a) Das drogas?

Temos que combater, prevenir e tratar. Precisamos fazer parcerias com o Governo, com todos os setores dispostos a enfrentar o problema. Teremos que ter políticas públicas nas áreas do esporte, da cultura e lazer estabelecendo parcerias para atingir os objetivos desejados para tirar os jovens da ociosidade que é, a meu ver, a principal contribuição para os jovens irem para o caminho das drogas. Para isso faremos um mapeamento e traçaremos um plano para recuperar inicialmente àqueles que querem sair do vício. É necessário prevenir e pra isso proponho realizar muitas palestras e cursos para que eles saiam deste mundo. Mas é preciso também reprimir e tentaremos resgatar o Conselho de Segurança do Município.

b) Desemprego?

A Prefeitura não pode ser sozinha a protagonista do emprego, mas deve colaborar. Para isso acho que podemos investir no turismo comunitário e solidário, baseado na economia familiar, temos que investir na agricultura e em projetos pilotos. Defendemos a construção da estrada Icapuí-Aracati-Jaguaruana pelo Governo do Estado. São esses os projetos que entendo que poderão e deverão ser grandes aliados na construção desse setor totalmente desprovido de condições para se desenvolver que é a agricultura familiar, fruticultura de irrigação, a pecuária à abertura de novos mercados. Logicamente que para isto se tornar realidade é preciso buscar parcerias, estimular e capacitar o empreendedorismo.

c) Pesca Predatória?

Temos que compartilhar este tema com as outras esferas de Governo e colaborar para criar condições para que mais pessoas dependam menos da pesca da lagosta. Isso tem que ser um compromisso de todos os icapuienses. Evidentemente que hoje o município precisa estar atento, pois neste tema mora o temor do conflito. Acredito que é necessário fortalecer a colônia e o sindicato de pescadores para apresentar soluções juntamente com o município que pode e deve colaborar.

Qual é a sua avaliação a respeito do atual momento político-administrativo de Icapuí?

Nossa cidade não passa por um bom momento porque não existe gestão e apesar de termos um Deputado Federal e um Estadual, filhos de Icapuí, além de outros deputados apoiados por membros da gestão isso não contribuiu para o desenvolvimento de nossa cidade. A dívida com a previdência municipal e INSS só tem aumentado, isso para não citar as apropriações indébitas de recursos descontados dos servidores e não repassados para os respectivos institutos de previdência. Temos um governo sem gestão, onde o prefeito se orgulha de não ir à Prefeitura. Na verdade um governo centrado na utilização do discurso religioso e demagógico.

O SAAE está afundado sem condições de investir, com alta inadimplência, com déficit nas suas contas e para piorar ainda mais a sua situação o atual Diretor e ex-vereador Almir aumentou a cobrança da tarifa, existem setores que nem sequer a água chega.

A Prefeitura só aumenta os restos a pagar em suas contas, ficando em desequilíbrio financeiro de um ano para o outro, como uma bola de neve. Existem vários empenhos de credores a receber, outros que não receberam porque brigaram com o prefeito. Perdeu-se o respeito pela coisa pública. É pagamento de empenhos sem o serviço ter sido realizado, é pagamento adiantado de obra sem ter sido iniciada, são milhões em gastos com transporte e não temos sequer um carro para atender aos pacientes, nem os ônibus dos estudantes que o Governo Federal e Estadual repassam os recursos são adequados.

Foram gastos mais de cem mil reais no ginásio para a reforma para depois assistirmos a sua autoimplosão. Existe contratação de serviços sem critérios e sem atender aos parâmetros da lei.

O prefeito só fala do passado e se esquece de que ele é presente. Em tempo: faço aqui um reparo, não que entre uma e outra crítica que o atual gestor faça ao gestor anterior não tenha fundamentação, o problema é que ele já está há mais de seis anos, e o município só aumenta a sua inadimplência.

Precisamos resgatar nossa cidade para todos os icapuienses, sejam eles evangélicos, católicos, bem como outros defensores de outros credos. A cidade das mulheres, crianças, idosos deve ser desfrutada por todas as pessoas. Para isso precisaremos trabalhar muito sem fanatismo e sem a ilusão hoje tão difundida. É com conhecimento da situação real de nosso município e com uma mentalidade de tentar buscar novas soluções que marcaremos nossos passos. Nesta fase estamos buscando ouvir propostas para apresentarmos a uma frente oposicionista sensível a esta perspectiva de mudança. Icapuí tem jeito!

Fonte: Blog Icapuí na Linha