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Investimentos: safra de cana cai, deve faltar etanol até 2014

Até a Copa de 2014, o Brasil continuará enfrentando problemas de falta de etanol, diz o engenheiro agrônomo Edgar Gomes Ferreira de Beauclair, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), que coordena um grupo de estudos sobre cana-de-açúcar. A produção de açúcar deve atingir 32,38 milhões de toneladas, queda de 3,35% em comparação à safra 2010/2011. A de etanol deve chegar a 22,54 bilhões de litros, queda de 11,19% na mesma comparação.

Beauclair disse que a produção de etanol não consegue atender ao mercado e que investimentos no setor, mesmo se forem feitos e ampliados imediatamente, só começarão a dar retorno em, no mínimo, três anos. “Infelizmente, não há solução a curto prazo. Não se soluciona essa situação em menos de um ano. A normalização [do abastecimento do mercado], se medidas forem tomadas imediatamente, viria a ocorrer nos próximos três ou quatro anos. Possivelmente, nas Olimpíadas [de 2016, no Rio de Janeiro] estaríamos com uma situação melhor. Mas até a Copa do Mundo de 2014 nós vamos ter esse problema”, disse o professor. Ele ressaltou que a necessidade é de "investimentos pesados" para que, no prazo mínimo de quatro anos, o Brasil possa exportar etanol.

Para este ano, a estimativa do professor é que volte a faltar combustível. “O etanol poderia estar agora com maior pressão de oferta, já que estamos em plena safra. No entanto, isso não está acontecendo. Já está havendo estocagem do produto para a entressafra. Esses preços devem se manter durante o ano inteiro. Não vai voltar mais a R$1,10 [por litro] ou R$ 1,20 justamente para inibir um pouco essa demanda e permitir que haja estocagem. Mas, ainda assim, nas minhas contas, vai faltar cana e, faltando cana, vai faltar etanol”.

A solução para o setor, de acordo com o acadêmico, passa pela ampliação dos investimentos no setor sucroalcooleiro e por uma política pública energética para atrair o investidor. “Se o desejo é que a oferta aumente, é preciso criar condições para que as pessoas que têm capital se decidam a colocar esse dinheiro no setor de produção”, explicou.

A estimativa da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) é que a produção de açúcar deve atingir 32,38 milhões de toneladas na safra atual (2011/2012), queda de 3,35% em comparação à safra passada. A produção de etanol deve atingir 22,54 bilhões de litros, queda de 11,19% sobre os 25,38 bilhões de litros destilados na safra anterior.

Safra de cana-de-açúcar cai

A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) revisou hoje (13) para baixo a estimativa da safra 2011/2012. Pela projeção divulgada, a entidade que reúne os usineiros do país estima que serão moídas 533,50 milhões de toneladas de cana, uma redução de 6,16% em relação ao estimado em março (568,5 milhões de toneladas).

Para a Unica, os fatores que estão levarando à redução do volume da cana disponível para a moagem foram a idade avançada do canavial, com baixo rendimento agrícola; a estiagem ocorrida entre abril e agosto de 2010; a geada que atingiu as lavouras no final de junho nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e do Paraná; e o florescimento do canavial, fenômeno induzido por condições de temperatura, umidade e radiação solar específicas que tem atingido lavouras do Centro-Sul do país, reduzindo a produtividade e a concentração de açúcar na cana.

"Vamos monitorar essa evolução de perto e, se necessário, faremos novos ajustes e correções na estimativa de safra”, informou a Unica, em nota. De acordo com a entidade, 46,94% da cana que está sendo colhida serão destinados à produção de açúcar, mais do que foi previsto no início da safra (45,56%), e 53,06% para a produção de etanol.

A produção de açúcar deve atingir 32,38 milhões de toneladas ao final do ciclo, queda de 3,35% em comparação à safra 2010/2011 (33,5 milhões de toneladas). A produção de etanol deve atingir 22,54 bilhões de litros, queda de 11,19% na mesma comparação (25,38 bilhões de litros).

Devem ser destilados 13,99 bilhões de litros de etanol hidratado e 8,55 bilhões de litros de etanol anidro, volumes considerados suficientes para atender ao mercado doméstico, sem incluir as importações. Já a exportação de açúcar deve atingir 23,13 milhões de toneladas, enquanto os embarques de etanol devem ser reduzidos para 1,35 bilhão de litros, queda de 23,60% em comparação com o volume exportado no ano passad

Redação com agência Brasil