Demétrio diz ter condições de enfrentar o desafio

O vice-prefeito Demétrio Vilagra (PT), que será empossado prefeito de Campinas às 10 horas de hoje, reuniu lideranças sindicais no Sindicato dos Petroleiros, no início da noite de ontem (22/08). Mais de 15 dirigentes – representando centrais, federações e sindicatos – participaram do encontro, cujo objetivo foi aglutinar forças em defesa do mandato do novo prefeito. Demétrio chegou à reunião acompanhado pelo deputado estadual Antonio Mentor (PT).

O novo prefeito pediu um voto de confiança para realizar uma transição democrática no final do ano que vem. Ele afirmou que, por sua origem sindical e sua trajetória de vida, tem condições de enfrentar o desafio que está colocado – administrar Campinas. Demétrio se propõe a fazer um governo acima dos partidos, “um governo democrático, de portas abertas para os movimentos sindical e popular”. O que representará uma reviravolta na agenda do prefeito, já que Hélio mantinha pouco diálogo institucional com esses setores.

Sobre as denúncias de seu envolvimento no suposto esquema denunciado pelo Ministério Público (MP), Demétrio afirma ser inocente. Ele disse que a Ceasa serve mais de 250.000 refeições e que, além da carne de avestruz – objeto de críticas -, compra carnes bovina, suína e de aves. Ele nega que tenha recebido R$ 20.000 de empresários. Sobre o dinheiro encontrado pela polícia em sua residência, Demétrio lembra que tem provas da origem do dinheiro e que se for levado em conta que o MP estava grampeando uma série de telefones, inclusive o dele, os procuradores sabiam da existência do dinheiro por conta de uma conversa telefônica mantida com um parente enquanto estava em férias fora do Brasil.

Demétrio falou sobre o processo que levou à cassação de Hélio. Ele disse que o ex-prefeito tomou as medidas corretas na Sanasa e que as questões dos loteamentos e das antenas de telefonia não eram de responsabilidade direta sua. Segundo Demétrio, o que ocorreu foi um julgamento político. Após destacar várias das realizações do ex-prefeito, Demétrio afirmou que “as forças de direita nunca aceitaram seu governo”. Ele reforça a tese de que o que acontece em Campinas tem a ver com a disputa de 2012.

Em sua intervenção, o deputado Antonio Mentor recordou a crise que atingiu o governo Lula em 2005 e realçou a importância da reação dos movimentos sociais, que barraram as tentativas de golpe para derrubar o presidente. Ele considera que a mesma resistência é necessária em Campinas.

Mentor afimou que os governos municipais, estaduais e nacional do PT têm o que mostrar, pois têm compromisso claro com o povo. Para ele, nesse momento, é preciso garantir a unidade nos movimentos sociais, no PT e nas forças políticas progressistas.

A unidade é um dos problemas a ser enfrentado pelo novo prefeito. Durante o processo que levou à cassação de Hélio, o PT teve dificuldades em garantir a unidade interna. Correntes do partido chegaram a divulgar manifesto pela saída do governo e participaram de atos pelo fora Hélio. Nem a presença de José Dirceu e a tentativa de enquadramento da militância pelo presidente estadual Edinho Silva foram suficientes para garantir a unidade partidária em defesa do ex-prefeito. Tal unidade só ocorreu a partir das 20 horas do dia 20/08, quando, em plena sessão que cassou Hélio, o diretório municipal divulgou nota afirmando que votaria pela cassação.

De Campinas,
Agildo Nogueira Junior