Governo Federal vai avaliar impactos na indústra local de sacaria de fibra

Os impactos da importação da sacaria de juta e malva da Índia e Bangladesh foi o tema da reunião entre empresários do setor têxtil do Amazonas e Pará, representante da Secretaria de Produção Rural do Amazonas (Sepror) e deputado Orlando Cidade com o Ministério da Indústria e Comércio, que aconteceu na semana passada em Brasília.

O encontro foi intermediado pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) e pela Sepror preocupados com a cadeia produtiva da juta e malva. A reunião foi solicitada devido às dificuldades enfrentadas pelas indústrias fabris mediante a reduzida demanda pela fibra brasileira ante aos produtos importados que dispõem de diferenciais como a reduzida carga tributária.

“Nós não somos contra a importação da fibra pois não produzimos o suficiente para abastecer a demanda nacional. Somos contra a importação do saco, que tira trabalho, emprego e renda dos juticultores, uma vez que não agrega valor na região”, diz o titular da Sepror, Eron Bezerra.

A equipe do Ministério se comprometeu em estudar o mercado, a potencialização de expandir a produção brasileira e analisar a oferta e comercialização dos produtos de Bangladesh e da Índia.

Segundo o Secretário Executivo Adjunto de Políticas Agropecuárias e Florestais da Sepror, Airton José Schneider, a mobilização do Amazonas acontece no sentido de evitar que a atividade produtiva da Juta e Malva sofra alguma paralisação no Estado. “Se as indústrias estão tento dificuldade, consequentemente vai afetar naquele agricultor, naquele produtor que explora a atividade da juta e da malva e que nós entendemos que é uma economia forte no estado”, enfatiza Schneider.

Juta e Malva: O Amazonas é o principal produtor de fibra no Brasil, com a produção concentrada em 17 municípios. Por ano, o País consome cerca de 20 mil toneladas de juta e malva. Do Amazonas são utilizadas cerca de 12 mil toneladas. O restante vem da Índia e Bangladesh. O Pará tem três municípios atuando na produção, sendo que o Estado é o principal fornecedor de sementes.

As unidades fabris do Amazonas estão localizadas em Manaus (Jutal e Brasjuta) e em Manacapuru, principal produtor de fibra do Estado (Cooperfibras). No Pará a produção é da indústria CTC em Castanhal e o Ifibran. O Maranhão também tem participação na produção de fibras brasileiras. A atividade no Brasil gera uma média de 40 mil empregos diretos e indiretos.

Fibra no Amazonas: A indústria da fibra no Amazonas recebe suporte técnico e financeiro do Governo do Estado através da Sepror e demais parceiros desde 2003. Nos últimos oito anos foram oferecidos acompanhamentos gratuitos a sete mil famílias que exploram a cultura, crédito rural de mais de R$ 5 milhões de reais para quem trabalha com fibra, fomento de 500 toneladas de sementes, pagamento de R$ 8 milhões e 600 mil reais em subvenção da juta e malva, financiamento de R$ 13 milhões para as unidades fabris, implantação de unidade produtiva de sementes, além de pesquisas.

Perdas: Com a entrada das fibras de Bangladesh e Índia no Brasil o mercado nacional fica desaquecido e todo o esforço que se fez na cadeia produtiva da juta e malva fica comprometido, ocasionando entre outros fatos demissão de funcionários das indústrias.

Crise Econômica: As perdas das indústrias de fibras do Amazonas e Pará são resultado dos reflexos da crise econômica internacional, entre elas a queda na cotação do dólar. O saco de juta importado sai em média R$ 1,60 e o ofertado no Brasil está em torno de R$ 2,60.

Mercado consumidor: O Brasil consome uma média de 34 milhões de sacos de fibra ao ano, principalmente para embalagens de café, cacau e castanha. Somente em 2011, 7 milhões de sacos já entraram importados de Bangladesh e da Índia, o que equivale a 33% do consumo interno. Estima-se que até o final deste ano sejam produzidos 40 milhões de sacos de juta no Brasil.

De Manaus,
Odineia Araújo