Artigo: Parar o trânsito pra seguir em frente
Eles e elas pararam o trânsito e deram mais um tapa – sem luvas de pelica – na cara do preconceito e de preconceituosos. As ruas do Centro de Salvador ganharam um colorido especial nesse domingo (11/9). O arco-íris da diversidade pediu passagem e seguiu em frente na luta por um mundo melhor para todos, independente da orientação sexual de cada um, de cada uma.
Por Cláudio Mota*
Publicado 12/09/2011 14:34 | Editado 04/03/2020 16:19
Com o tema “Ser gay não é estranho. Estranha é a homofobia”, a 10ª edição da Parada Gay da Bahia levou cerca de 800 mil pessoas às ruas, segundo a PM. Tudo indica que a coroação da delegada Patrícia Nuno como madrinha do evento foi proposital para pedir agilidade na elucidação de crimes contra homossexuais.
Além de populares e artistas, a presença de sindicalistas e políticos revela que muita coisa está evoluindo. A luta contra a homofobia ganha noticiários e espaço na cultura e na arte, como nas novelas. Línguas afiadas e politizadas debatem o tema com irreverência, mas sem frescuras. Com maturidade vamos construindo uma nova sociedade.
No semáforo dos novos tempos, o vermelho ainda pára o trânsito. Pra seguir em frente contra o preconceito e a discriminação, o verde sai de cena e dá lugar ao arco-íris multicor.
Conquistas
A luta histórica do segmento GLBTT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transgêneros e Travestis) tem assegurado conquistas importantes, como o recente reconhecimento da união civil entre pessoas do mesmo sexo, assegurando partilha de bens na separação, direito à herança e a requerer ao INSS pensão por falecimento de companheiro(a) ou auxílio-reclusão. É a Constituição Federal sendo respeitada na afirmação de que todos são iguais perante a lei.
A Justiça já havia concedido o direito às primeiras adoções feitas por casais homossexuais (antes, a adoção era feita por apenas um dos parceiros). Outras vitórias foram a aprovação da lei que pune quem agir de forma discriminatória contra o segmento GLBTT e a garantia a homossexuais brasileiros de trazerem para o Brasil seus parceiros estrangeiros.
Desafios
Mesmo com essas conquistas, outros desafios precisam ser vencidos. Segundo pesquisa do Grupo Gay da Bahia (GGB), nosso estado lidera os índices de violência contra homossexuais no Brasil. Em 2010, foram 29 assassinatos de gays, lésbicas e travestis. A pesquisa também revela que a agressão seguida de morte de homossexuais também aumentou nos últimos dois anos no país: 260 casos contra 198 em 2009. Nos últimos cinco anos, aumentou 113%.
É preciso reverter essa realidade. Afinal, segundo o GGB, com base no Relatório Kinsey, os homossexuais representam cerca de 10% da população brasileira. São quase vinte milhões de cidadão e cidadãs que pagam impostos, consomem e ajudam no desenvolvimento do país.
Isso é reforçado por pesquisas em sites GLBTT. Mais da metade dos gays ganham de 8 a 10 salários mínimos e gastam com viagens, bebidas, aparelhos de informática, serviço de telefonia, cultura e roupas de grife.
Viva a diversidade!
*Cláudio Mota é publicitário e editor do blog Axé com Dendê