"Política local é provinciana, conservadora e elitista"

É o que diz o pré-candidato à prefeitura de Linhares pelo PCdoB, João Luiz Teixeira, em recente entrevista ao Jornal Correio do Estado que o Vermelho Capixaba reproduz. Ele avalia a atual administração como míope e ainda defende a separação entre candidaturas de vereador e prefeito.

João Luiz Teixeira - Divulagação

João Luiz é graduado em Biologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Fez Mestrado e Doutorado em Arqueologia pela Universidade de São Paulo (USP). É cientista, consultor de empresas e professor universitário. Atua nas áreas de Arqueologia, Antropologia, Museologia, Ciências Ambientais, Planejamento Regional (urbano e rural) e Licenciamento Ambiental. É sócio efetivo da Sociedade de Arqueologia Brasileira.

Filho de uma linharense e de um mineiro radicado no Espírito Santo há 60 anos, João Luiz Teixeira tem 44 anos. Nasceu em Aracruz, em 8 de março de 1967, e cinco anos depois mudou para Linhares. Mora no bairro Interlagos, é casado e tem um filho.

Além da carreira acadêmica, João Luiz administra um instituto de consultoria e pesquisas com papel importante nos licenciamentos ambientais dos principais negócios da cadeia produtiva de petróleo/gás e na produção de conhecimentos ambientais e culturais da região norte do Estado.

CE – Por que o senhor quer ser prefeito de Linhares?

JLT – Bom, eu nunca tive o sonho de ser prefeito dessa cidade ou mesmo de outra qualquer. Penso que as coisas são construídas dentro de uma linha de pensamento mais ou menos assim: “Quanto mais a gente rala, mais a gente cresce”. Contudo, tem coisas que são naturais de certas pessoas e uma dessas coisas em mim é a vocação para a política. Lido com ela desde os tempos de faculdade, onde fui liderança estudantil nas duas maiores universidades do país.

Outro fator que me encoraja a pleitear tal posição política está na potencial possibilidade de colocar meus conhecimentos técnicos a serviço da sociedade linharense. Afinal, se recebemos toda essa bagagem de formação profissional, é porque uma sociedade acredita que seus filhos devem servi-la e não somente se servir dela.

Por último, sinto-me nessa vontade diante da necessidade urgente de modernização do pensamento e estrutura política de nossa cidade. Pelo que parece, há muito tempo não se faz política nessa cidade. Faço de modo bem simples, uma tradução do significado que essa palavra tem dentro do seio de uma sociedade: política é um instrumento social que nasceu e evoluiu para cuidar das pessoas. Em nossa cidade faz-se arranjos e rearranjos para se tomar o poder, e nós do PCdoB queremos um processo diferente, queremos sim conquistar a confiança das pessoas para então buscar a conquista maior da política: o bem estar da população.

CE – O que é possível fazer como prefeito?

JLT – Mesmo sabendo da responsabilidade do cargo, é comum candidatos pregarem o fazer de coisas inimagináveis… Em se firmando nossa candidatura em 2012, tal prática não é e nem será, por nós, atribuída em nossas campanhas. Estamos trabalhando na construção de um projeto para o município e que envolve profissionais das diversas áreas do conhecimento. Esse projeto terá o perfil vocacional de nossa cidade, tanto do ponto de vista econômico, que é o que a maioria dos administradores só consegue enxergar, como também do ponto de vista humano. Respeitará a coletividade e também cada cidadão em sua respectiva região e terá a sustentabilidade como parâmetro balizador.

Buscaremos parcerias com representantes da justiça para juntos fazermos um intenso combate à corrupção. Arrancaremos das ‘entranhas’ do executivo as mazelas, malícias e vícios que tanto prejudicam o funcionamento da máquina pública.

Finalmente, faremos pelo bem e em respeito às pessoas – ao pé da letra – uso diário do instrumento maior da democracia brasileira, a Constituição Federal. Sou um pesquisador, então naturalmente identifico e conheço fenômenos, faço perguntas, busco respostas e, finalmente proponho soluções. Deve-se seguir o mesmo critério para se administrar um município que, com certeza, além de inúmeros problemas apresenta, também, uma potencialidade diversificada que, se não estudada não será absorvida ou ainda pior, perder-se-á no tempo.

Tenho certeza que uma estrutura administrativa rigorosamente técnica e de valorização do funcionário público e do perfil vocacional do município (sócioeconômico-ambiental-cultural) fará de Linhares um território onde as pessoas sintam orgulho de viver.

Transformaremos a cidade em um lugar melhor para quem vive nela, afinal, se é bom de viver, certamente será de visitar.

CE – Como o senhor avalia a administração municipal?

JLT – Ruim. Míope. Tudo é feito pensando-se em votos… Faz tempo que não se realiza obras para satisfazer as necessidades da população. Temos secretários desconhecidos e que sequer conhecem a cidade.

CE – Como o senhor analisa o quadro político local?

JLT – Não acompanha a modernização natural da política brasileira e também mundial. É provinciana, conservadora, elitista e concentrada nas famílias tradicionais. Tem-se um quadro vaidoso e de pouca representatividade, com muitos ‘políticos’ com pouca ou nenhuma formação política, cheios de vícios e malícias.

CE – O que mais gostaria de acrescentar?

JLT – É preciso entender, para o bem de nossa cidade, a real necessidade de se separar nas eleições municipais a candidatura de vereador da candidatura de prefeito. São candidaturas a cargos em poderes diferentes, onde o legislativo fiscaliza o executivo. Do modo como vem sendo feito, os vereadores ficam reféns do prefeito e a cidade padece. Como é possível um candidato a prefeito financiar a eleição daquele que irá fiscalizá-lo?

Fonte: Jornal Correio do Estado
Foto: Divulgação
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