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Kadafi já era um mártir vivo, diz Protógenes Queiroz

O deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), que fez parte de uma missão oficial brasileira que viajou à Líbia, em agosto deste ano, a convite do governo de Muamar Kadafi, diz que o líbio "já era um mártir vivo", ao falar sobre a captura e morte do ex-líder nesta quinta-feira. Segundo ele, os conflitos na Líbia não devem cessar, porque as diferentes frentes rebeldes passarão a lutar pelo controle do país.

"A prisão de Kadafi era só uma questão de tempo, já que ele não teve o apoio internacional para permanecer no poder. A questão mais tormentosa no cenário político, é que, sendo capturado, ocorreria a morte dele: ele já era um mártir vivo", diz o deputado, que acompanhou a situação naquele país, e que teve contato com representantes de ambos os lados do conflito.

No entendimento do parlamentar brasileiro, Kadafi era um líder que tinha uma relação muito forte com suas raízes, por isso se recusava a abandonar o conflito, apesar de ter recebido ofertas de governos como a Venezuela para deixar o país. Para ele, a morte de Kadafi "pode ser um ato de consternação ou de vitória para alguns, mas, com certeza, a vitória foi dele. Ele guerreou até o final, ele nasceu guerreando e morreu guerreando", disse.

Protógenes diz que a Líbia é composta por vários clãs partidários e tribos que, durante 500 anos, sempre tiveram atritos internos e prevê que, sem o controle de Kadafi, os confrontos não vão cessar. "O longo período de cessar desses conflitos foi no período do Kadafi, embora ele tenha ficado (no poder) por 40 anos. Ele pacificou essas tribos e deu uma nova posição internacional para a Líbia no segmento econômico e social. No entanto, esses confrontos nunca deixaram de acontecer, principalmente na parte norte, de Benghazi, onde está uma tribo mais conservadora, mais antiga, assim como a tribo dele, de Sirte".

Ele acredita que a posição diplomática brasileira deve ser de alinhamento com os países que participaram da ocupação, e joga sobre os países europeus e Estados Unidos a responsabilidade sobre o futuro da Líbia. "O Brasil tem interesses econômicos e sociais com o povo líbio, que tinha uma relação fraterna conosco. Mas a responsabilidade maior é dos EUA e Europa, porque eles patrocinaram essa mudança de uma forma muito violenta."

Fonte: Terra