Sem categoria

Documentário mostra a paixão pela escola de samba Vai-Vai

O cineasta Fernando Capuano passou quase três anos seguindo de perto os bastidores da escola de samba Vai-Vai, que acaba de completar 80 anos de fundação, buscando investigar a paixão que ela desperta antes mesmo de desfilar no Sambódromo.

O resultado está em “Vai-Vai: 80 Anos nas Ruas”¸ em cartaz na 35ª. Mostra Internacional de Cinema, que dá voz à comunidade para expressar o valor da escola, localizada no bairro do Bixiga, zona central de São Paulo.

Do material reunido, que ultrapassou 120 horas, Capuano extraiu depoimentos sobre este longo histórico, os conflitos com a polícia, a simbiose da cultura negra com a italiana, a diversidade de crenças, entre outras curiosidades que marcam o DNA da Vai-Vai.

Embora se apoie em entrevistas com personalidades como Alcione, Beth Carvalho, Mano Brown, Maria Rita, e Wilson Simoninha, que legitimam a importância da agremiação na cena carnavalesca nacional, a base do documentário é o conjunto de vozes daqueles que a enxergam não como um trabalho ou prazer, mas uma religião.

“Como eles dizem, a história da escola é ‘muito de boca e ouvido’ e eu quis levar exatamente isso para o filme. São 89 (de 140) depoentes que conduzem de forma alinhada e harmônica a narrativa”, explica o diretor.

As gravações tiveram início em 2008, quando a escola rumava para o vice-campeonato no carnaval de 2009, até a consagração do trabalho em 2011, quando foi campeã do grupo especial de São Paulo. “Poderia ter feito um filme sobre como eles não se abalam com a derrota ou comemoram a vitória. Mas não é só isso. Todos os anos eles já entram campeões e mostro o que os faz pensar assim”, argumenta.

A cineasta Suzana do Amaral, que assistiu a uma das sessões durante a Mostra, apontou a Capuano que, em sua opinião, um dos destaques do filme é a reunião da bateria da escola com a orquestra Bachiana Jovem, regida pelo maestro João Carlos Martins, homenageado no samba de enredo de 2011. A apresentação, em que tocam juntos a Quinta Sinfonia de Bethoven, foi gravada na Virada Cultural de 2007 e comentada pelo maestro durante o documentário.

Na visão do diretor, não se trata de uma produção sobre os desfiles, mas sobre as pessoas que fazem a escola acontecer. “Mostra o ritual de cada um durante o ano”. Também olha para o passado, quando integrantes da velha guarda relembram episódios desde a época em que eram um grupo de choro do time de futebol Cai-Cai, e a posterior criação do Cordão Carnavalesco e Esportivo Vae-Vae, oficializado em 1930.

Fonte: Cineweb