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G20 tenta fechar plano para conter crise na Europa

Os líderes das 20 principais economias do mundo encerram na tarde desta sexta-feira (4) em Cannes, na França, a cúpula anual do G20, tentando encontrar soluções para a crise das dívidas europeias e para o resgate da Grécia, assuntos que vêm dominando as discussões no balneário desde antes do início oficial da reunião.

Entre as possíveis alternativas discutidas no encontro está a disponibilização de bilhões de dólares em linhas de crédito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a fim de dar garantias para países em dificuldades honrar suas dívidas.

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O FMI e a União Europeia vão supervisionar as contas da Itália para "garantir" que não haverá mais atrasos na aplicação do "pacote de maldades" contra os trabalhadores e os aposentados e pró-privatizações, para garantir o pagamento da dívida do país.

O premiê Silvio Berlusconi já cedeu às exigências do grupo na noite de quinta-feira (3), em negociações com responsáveis da Zona Euro e com o Presidente dos Estados Unidos que tiveram lugar à margem da cimeira do G20.

A crise da dívida europeia dominou a reunião de Cannes, com os líderes das principais economias mundiais pressionando os europeus para que ponham rapidamente a casa "em ordem".

O governo Berlusconi enfrenta uma possibilidade muito real de colapso, à medida que acontecem deserções na sua base política de apoio. Isso é apontado pela mídia europeia como um dos fatores que levaram o primeiro-ministro italiano a submeter-se às exigências de maior controle por parte da Zona do Euro e, especialmente, dos parceiros dominantes, a França e da Alemanha.

“Precisamos garantir que a meta da Grécia seja crível, que o país conseguirá cumpri-la”, disse uma fonte europeia, “Decidimos envolver o Fundo Monetário Internacional na monitorização, utilizando a sua própria metodologia, e o governo italiano disse que pode viver com isso”.

“A Itália afirmou que não tem nenhum problema em ser fiscalizada, mesmo com o envolvimento do FMI” disse a mesma fonte, adiantando que o FMI e a Comissão Europeia vão reportar separadamente acerca dos progressos da Itália no cumprimento das metas.

Apesar de a crise econômica na Zona Euro ter dominado os trabalhos da cúpula de Cannes, a vulnerabilidade da Itália é vista como a maior ameaça à moeda comum , já que se trata da terceira maior economia do bloco. Os analistas dizem que é este país que servirá de teste à eficácia do pacote recessivo decidido pelos líderes Europeus em Bruxelas.

“É na Itália que reside a chave da crise da dívida na Zona Euro”, diz Luigi Speranza, um analista do banco BNP Paribas citado pela agência Reuters, “os desenvolvimentos na Itália são um teste crucial de credibilidade à estrutura anticrise que foi delineada em Bruxelas”.

Irritação dos não-europeus

Nesta cúpula do G20, os restantes líderes mundiais mostram impaciência e irritação com a aparente incapacidade da Europa para resolver o problema da dívida.

O Presidente russo Dmitri Medvedev considerou que, “a Europa tem de ajudar-se a si mesma. A União Europeia tem, hoje, tudo o que é preciso para isso, a autoridade política, os recursos financeiros e o apoio de muitos países” .

Outros, como o presidente da China Hu Jintao, limitam-se a desejar que o anunciado plano europeu para a crise seja bem sucedido: “A Europa é a maior economia do mundo, e não haverá recuperação econômica global sem recuperação econômica europeia (…) esperamos que a Europa fique bem”, disse Hu Jintao.

A presidenta Dilma Rousseff, que na manhã de hoje se reuniu com Angela Merkel, chanceler da Alemanha, também se manifestou sobre a crise durante um discurso em uma das sessões de trabalho da cúpula na quinta. Ela disse que o Brasil está pronto a contribuir para uma solução à crise europeia, mas cobrou dos líderes da região "liderança, visão clara e rapidez".

Um dos pontos em aberto nas discussões em Cannes é a possibilidade de os grandes países emergentes, como o Brasil ou a China, contribuírem financeiramente para ajudar os países europeus em dificuldades.

Representantes do BRICS (grupo que reúne o Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul) já manifestaram disposição em contribuir por meio do FMI, o que estaria de acordo com o aumento do capital do fundo previsto no rascunho da declaração do G20.

Apesar disso, líderes do grupo também cobraram, como Dilma, que os próprios europeus eliminem suas divergências internas e coloquem em andamento o plano acertado na semana passada pelos países da zona do euro.

Com agências