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Família de casal assassinado no Pará envia carta a Ministro

A família de José Cláudio e Maria do Espírito Santo, o casal de extrativistas assassinados em maio deste ano, enviou carta do ministro da Justiça, José Eduardo Cardos, pedindo celeridade na apuração do crime. Os familiares do casal reclamam que, diante da morosidade da justiça no caso, a situação no assentamento onde vivem está se agravando, com ameaças e intimidações aos familiares do casal, que tiveram que sair da área onde viviam.

Na carta, assinada por Laísa Santos Sampaio e Claudelice Silva dos Santos, elas contam que desde o assassinato do casal, elas foram obrigadas a abandonar o assentamento, porque se sentem ameaçadas.

E relatam ainda que na madrugada do dia 18 de agosto, o cachorro de Laísa foi alvejado por tiros desferidos contra o animal que fazia a guarda da casa. Laísa tem recebido “recados” por pessoas da localidade, para que a cale a boca ou então sua vida terminará como a de sua irmã. Os mesmos fatos tem ocorrido com Claudelice, irmã de Zé Claudio, que também está fora do assentamento.

As reivindicações apresentadas ao ministro na ocasião e cobradas na carta são para “apuração dos crimes ambientais no interior do Pará, segurança referente à integridade física dos familiares e dos demais integrantes da comunidade e o reordenamento fundiário do Assentamento Praia Alta Piranheira”.

Na carta, Laísa Sampaio e Claudelice dos Santos enumeram as ações pretendidas e que até agora não foram implementadas como a presença de uma equipe de policiais da Força Nacional no interior do Pará; a retomada dos lotes concentrados ilegalmente e fiscalização do Ibama, que não voltou mais ao Assentamento.

Elas pedem ainda a investigação das ameaças aos familiares do casal e completa investigação sobre a morte do casal.

Segundo a carta, como as medidas prometidas não foram implementadas, a situação tem se agravado no interior do Assentamento, como a produção ilegal de carvão: aproximadamente 100 fornos de carvão voltaram a funcionar dentro do Assentamento; desmatamento: várias áreas desmatadas além do tamanho permitido para a agricultura familiar e extração ilegal de madeira: foi retomada a retirada ilegal de castanheiras e outras espécies.

Outras situações ocorridas no assentamento são relatadas como apropriação ilegal de lotes: a família de Zé Rodrigues (um dos mandantes da morte do casal) se apropriou dos três lotes na área da floresta, onde se encontravam os trabalhadores Tadeu, Zequinha e Marabá; caça predatória: pessoas não conhecidas intensificaram a caça predatória no lote do casal de ambientalistas assassinados e iIntimidações: o memorial colocado no local onde o casal foi assassinado foi parcialmente destruído.

O casal de lideres extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva foi executado na manhã do dia 23 de maio deste ano, na cidade de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará, cidade a 390 quilômetros de Belém.

A suspeita de Organizações Não Governamentais (ONGs) e da família do casal é de que eles tenham sido executado por madeireiros da região. Silva era considerado sucessor de Chico Mendes, em referência ao líder dos seringueiros do Acre que foi morto em 1988 por sua defesa da Amazônia.

De Brasília
Márcia Xavier