Capistrano: Berlusconi e o cinismo das potências capitalistas

Esse senhor, o Silvio Berlusconi, governou a Itália por 17 anos. Segundo o jornalista Mino Carta, em artigo na revista CartaCapital, esse foi um período em que “ a Itália viveu quase duas décadas de desmandos e vulgaridades, de atraso econômico e lassidão, de relacionamento suspeito com o crime organizado e de assaltos à Constituição…”. E é verdade, mas, a mídia calou.

berlusconi
Imagine só, Berlusconi por 17 longos anos fazendo as maiores estripulias. Isso era motivo de risos e de brincadeiras da mídia, mas, ficava nisso mesmo, a mídia não tentou desqualificá-lo, nem tampouco o taxou de ditador por passar tanto tempo no poder, muito menos de corrupto.

Fico imaginando se fosse um governo de um país da América Latina, da África ou da Ásia, principalmente um governo de esquerda, fazendo o que o Senhor Berlusconi fez durante os 17 anos de desgoverno na Itália. Basta ver o tratamento dado pela mesma mídia aos presidentes Chávez, Evo Morales, Lula e a outros chefes de estado que fazem parte do bloco de esquerda.

Poucos conhecem a história política da Venezuela, não tem a mínima ideia como era o país antes do presidente Hugo Chávez, é bom ressaltar, democraticamente eleito. A mídia não diz como era que as oligarquias venezuelanas tratavam a riqueza do país e o papel dos Estados Unidos no saque dessas riquezas. Com Chávez, a situação do Venezuela mudou.

Hugo Chávez é um nacionalista comprometido com o seu povo, ele não aceita a tutela do seu país por nenhum governo estrangeiro, defende a autodeterminação dos povos, o relacionamento respeitoso entre as nações, luta por uma América Latina livre e soberana. Motivo da sórdida campanha midiática contra ele executada pelos Estados Unidos e os seus lacaios.

No caso dos países árabes e da Grécia, o cinismo das potências capitalistas (Estados Unidos e Comunidade Europeia) ficou patente, eles não tem preocupação com os povos nem compromisso com a democracia, o negócio deles é o lucro é o saque das riquezas das nações e, pronto.

Lendo um artigo de Walter Franganiello Maierovitch, na revista CartaCapital, intitulado “Tiranicídio com mão de gato”, ele diz, no primeiro parágrafo: “O Tomismo continua a dar suporte às potências interessadas em eliminar desafetos ou mudar cenários geopolíticos, geoestratégicos e geoeconômicos. Só para lembrar, Tomás de Aquino, no século XIII, sustentou que assim como era lícito ao médico amputar um membro infeccionado para salvar o corpo humano, era igualmente válido ao príncipe matar uma pessoa nociva ao organismo social”.

É com essa justificativa que as potências capitalistas têm tratado os seus “desafetos”: Afeganistão, Iraque, Líbia, Palestina, Cuba, Bolívia, Venezuela e, agora, com uma ameaça permanente de ataque ao Irã. O interesse maior dessas potências é a mão do gato e, só.

Quantas pessoas foram mortas no Iraque, no Afeganistão, na Líbia e na Palestina? Ninguém sabe, a mídia esconde os genocídios praticados por eles. Tem ocorrido um verdadeiro tiranicídio com objetivo bem claro das potências capitalistas, que é o domínio geopolítico e geoeconômico do mundo.

Não existe preocupação nenhuma das potências capitalistas com as questões de direitos humanos, até por que os seus aliados na mesma região e com a mesma cultura e costumes não sofrem qualquer tipo de repressão e ameaça. A Arábia Saudita é um dos exemplos. Portanto, como sempre, o que estar acontecendo nestas “crises” é puro cinismo das potências capitalista.

 

Antonio Capistrano ex-reitor da Uern é filiado ao PCdoB