Começam os debates do Encontro de Afrodescendentes na Bahia

O governador da Bahia, Jaques Wagner, a ministra da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, Luíza Bairros, e o secretario geral Ibero-americano, Enrique Iglesias, foram algumas das autoridades presentes na abertura oficial do Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes (Afro XXI), realizada nesta quinta-feira (17/11), no Centro de Convenções, em Salvador. Os debates foram iniciados ontem com um encontro da sociedade civil brasileira.

O Afro XXI foi aberto oficialmente com uma saudação religiosa de Makota Valdina, uma das mais respeitadas lideranças das religiões de matriz africana na Bahia. Logo em seguida, Enrique Iglesias falou da importância do evento acontecer em Salvador, que foi uma grande porta de entrada da comunidade negra na América. O secretário afirmou ainda que é preciso reconhecer os avanços, mas que a luta pela igualdade não acabou e não acabará com grandes declarações, pois é uma luta longa e permanente. “Temos que criar na sociedade uma cultura da igualdade”, disse Iglesias.

A ministra da Seppir, Luíza Bairros, ressaltou a ampla representação da diáspora africana no Encontro, que vai muito além dos quatro países africanos presentes e passa pelos 10 países da América Central, os 16 da América Latina e as seis nações européias presentes. “O Afro XXI tem a ver com o processo de Durban e da 3ª Conferência Mundial contra o racismo. O que deve animar os nossos debates é o fato de que hoje fazemos o enfrentamento ao racismo em um ambiente social democrático, que foi modificado pela força da nossa própria luta. É muito importante conviver em um ambiente em que nós mesmos ajudamos a modificar”, acrescentou.

Já o governador Jaques Wagner saudou os participantes lembrando que Salvador é uma cidade onde qualquer afrodescendente se sente em casa. “Para mim é uma grande honra está como governador da Bahia durante este Encontro. A gente já fez um belo caminho na Bahia e no Brasil para combater a desigualdade, mas ainda estamos muito longe de conseguirmos viver em uma sociedade de plena igualdade racial. Aprendi que muito mais difícil que construir prédios é derrubar edifícios de preconceitos na cabeça das pessoas. Eu acredito que adotar políticas afirmativas é trabalhar para derrubar estes preconceitos”, declarou Wagner.

Sociedade civil

Os debates do Afro XXI se iniciaram nesta quarta-feira com o encontro da sociedade civil e foi marcado pela afirmação da autonomia dos movimentos sociais em relação aos governos. O objetivo foi constituir propostas que contribuam com a Declaração de Salvador, documento que sairá do encontro de chefes de Estado no último dia do Afro XXI, no sábado.

À mesa de abertura do encontro sentaram-se, lado a lado, representantes dos movimentos sociais e de governos. O primeiro a saudar o encontro foi Gilberto Leal, militante do Movimento Negro, que destacou a necessidade da união e da competência na articulação política da sociedade civil para ter força para interferir e enfrentar blocos políticos muito bem articulados na região.

O panamenho Humberto Brown, representante do movimento Diáspora Latina, lembrou a necessidade de buscar a inteligência ancestral para encontrar saídas e dar respostas adequadas à conjuntura global na luta contra o racismo. “Será um dia desafiante, pois são muitas questões e pouco tempo para discutir toda a pauta”, refletiu ele.

De Salvador,
Eliane Costa.