Publicado 22/11/2011 13:02 | Editado 04/03/2020 17:07
Essa matéria me remeteu imediatamente aos nossos esforços teóricos de conceituar e relativizar o que a olho nu apresentam-se como simples e descartável, além de conduzir-me ao reforçamento de nosso método científico que busca sempre desnudar as diferenças entre a aparência e a essência. Inevitavelmente provocou-me a fazer analogias com a nossa vida política, teórica e organizacional.
Em quaisquer circunstâncias será uma centralidade
Sejam em sofisticadas cadeias industriais, sejam em “minúsculas” peças, a concentração da inteligência de classe nelas contidas estará sempre presente, comprovando-se como a única capaz de gerar o valor e a riqueza, e por essa condição, pode parar um sistema por mais sofisticado que se apresente. Esse seu poder organizado pode viabilizar um modelo que não o transforme em mera mercadoria. Essa condição é uma expressão concreta da centralidade política e econômica do trabalho.
A organização e o esforço permanente
Há décadas o nosso coletivo dirigente desprende grande energia em torno do modelo organizacional do PCdoB. Um esforço permanente em torno de métodos, de meios e de formas que possibilitem um funcionamento regular de um Partido vivo, contemporâneo e sobretudo militante. O nosso atual estatuto é uma dessas expressões.
Além de modelos, pressupomos focos, sejam eles teóricos, sejam eles sobre qual fração de classe devemos estar concentrados. Os trabalhadores e as trabalhadoras são ao mesmo tempo a fonte da energia cinética pela transformação social, e também por isso, o centro de nosso esforço organizacional.
Em alguma circunstância pode apresentar-se como um “mero” parafuso, mas até nessa condição, sem a sua atuação até mesmo um sistema moldado com uma altíssima tecnologia pode parar.
No que pese esse potencial estratégico, dar organicidade a essa classe e colocá-la a serviço de uma transformação social estratégica requer convicção e persistência desde sempre.
Despertar e organizar consciência são uma disputa acirrada
O capital não desconhece esse papel, por isso trata essa possibilidade como vida ou morte. Os locais onde se produzem as porcas e os parafusos são espaços de tremenda efervescência luta política, onde a disputa pela captura da consciência da classe trabalhadora ocorre, cada vez mais, através de sofisticados métodos pelos proprietários dos meios de produção.
Organizar não significa simploriamente colocar pessoas em reuniões. Essas são atitudes importantes, mas sem uma motivação, sem uma perspectiva de que a partir delas se criem possibilidades para afirmação de suas próprias vidas, a classe trabalhadora tende a inconsistência pela organicidade partidária. No máximo pode vislumbrar a luta pelas suas demandas imediatas.
Uma circunstância de crescimento, uma oportunidade
Nesse atual contexto histórico brasileiro, a efetivação de um modelo orgânico vivo, ágil, flexível, capaz de aglutinar a nossa classe a partir de suas relações de trabalho, ganha maior centralidade. Os núcleos partidários de base precisam dotar-se dessas características.
Apropriarmos das condições – da temperatura à pressão – dos ambientes daqueles que geram os parafusos, as porcas e os softwares é uma diretriz que se efetivada, potencializa o nosso esforço de incorporar mais e mais trabalhadores e trabalhadoras as fileiras partidárias.
Essas peças exercem um papel tão importante a uma planta industrial, quanto nossas organizações de base jogam dentro do sistema diretivo do PCdoB. São os liames que potencializa a essência do nosso Partido.
*Divanilton Pereira
Membro do Comitê Central do PCdoB e de sua Comissão Sindical Nacional
Membro da Executiva Nacional da CTB
Membro da Federação Única dos Petroleiros (FUP)