Sem categoria

Noriega é extraditado ao Panamá para pagar por crimes da ditadura

Depois de mais de duas décadas em prisões nos Estados Unidos e na França, o ex-presidente do Panamá Manuel Antonio Noriega, de 77 anos chegou na madrugada desta segunda-feira (12) ao Panamá, onde enfrentará novas condenações. No sábado (9) um protesto na Cidade do Panamá (capital do país) reuniu milhares de pessoas, vestidas de branco, que pediam a prisão de Noriega (1983-1989).

"Exigimos justiça, prisão para o assassino”, dizia um dos cartazes no protesto. O ex-presidente é acusado de assassinatos e torturas, além de narcotráfico e lavagem de dinheiro. O ex-ditador foi conduzido à prisão de El Renacer, em Cidade do Panamá. O governo montou um esquema de segurança e chegou a criar “manobras de diversão” para impedir potenciais atentados. A informação foi confirmada pela ministra do Interior, Roxana Mendez, no final da operação: “posso garantir que ele está detido na prisão El Renacer”, assegurou.

Antigo agente da CIA e aliado dos EUA, Noriega tornou-se a “besta negra” de Washington e foi deposto em consequência de uma operação militar levada a cabo pelo Exército americano a 20 de Dezembro de 1989. Noriega foi levado para Miami, onde foi condenado a 40 anos de prisão em Abril de 1992 por tráfico de droga e lavagem de dinheiro, uma pena que acabou sendo reduzida para 17 anos.

Condenações

A pena americana terminou em Setembro de 2007 e Noriega ficou à espera do seu destino, após pedidos de extradição formulados pelo Panamá e por França, por condenações à revelia por assassinato (em 1995) e lavagem de dinheiro (1999). Paris acabou por receber o ex-ditador em Abril de 2010 e, depois de ir novamente a julgamento, Noriega foi considerado culpado e condenado a sete anos de prisão em Julho de 2010.

Em Setembro deste ano foi decidido que Noriega seria extraditado para o Panamá para aí ficar detido durante 20 anos, pelo sequestro e assassinato de opositores políticos.

No Panamá, ele foi condenado a mais 20 anos de prisão pela morte de opositores. No mês passado, em Paris, Noriega pediu para retornar ao Panamá "sem ódio, nem rancor. (…) Meu propósito é retornar ao Panamá e demonstrar minha inocência, pois aconteceram julgamentos na minha ausência, sem assistência jurídica", disse ele.

Extradição

Há três meses, a Justiça da França rejeitou o terceiro pedido do Panamá para a extradição de Noriega pela morte do sindicalista Heliodoro Portugal. Porém, a França tinha aprovado o primeiro pedido de extradição apresentado pelo Panamá pelo assassinato, em 1985, do opositor do regime Hugo Spadafora.

Noriega governou o Panamá no período de 1983 a 1989. O atual governo panamenho exige a extradição do ex-presidente para que ele cumpra pena por crimes, inclusive o desaparecimento de vários opositores, como Spadafora, encontrado decapitado.

“Ele vai para a prisão como qualquer outra pessoa condenada e sem nenhum privilégio (…) Ele deverá pagar por todas as penas, todo o mal, todo o horror, toda a vergonha, toda a morte” pelos quais é responsável, defendeu neste domingo (11) o Presidente do Panamá, Ricardo Martinelli.

O mandatário sublinhou, porém, que Noriega poderá beneficiar de uma lei que permite aos condenados com mais de 70 anos cumprirem a sua pena em casa, sublinhando que “é o sistema judicial que decide, não o sistema político”.

Em julho de 1999, Noriega já tinha sido condenado à revelia pela Justiça da França a dez anos de prisão e ao pagamento de 13,5 milhões de euros pelo crime de lavagem de dinheiro.

A irmã de Hugo Spadafora, Alida Spadafora, sequestrado e decapitado em 1985 declarou à AFP que “chegou a hora de Noriega enfrentar a justiça do Panamá pelos crimes contra a Humanidade, de o sistema judicial provar a independência e dos habitantes do Panamá apoiarem as vítimas” do regime militar, disse à, irmã do opositor Hugo Spadafora, sequestrado e decapitado em 1985.

Fonte: Com informações do Público PT e da Agência Brasil