Denúncias de violência contra a mulher crescem em Salvador

As mulheres de Salvador não aceitam mais a violência e estão denunciando os agressores. É o que revela os dados da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Brotas, onde os atendimentos psico-sociais, por exemplo, cresceram 229,35% de janeiro a novembro deste ano em relação a 2010, com 7.743 casos. É o maior número em oito anos.

Trata-se de um índice importante da frequência nas delegacias da mulher, que, recentemente, passou de simples triagem a um acompanhamento mais ostensivo da situação da vítima. "Ela não sai mais sem saber o que fazer e nem a gente fica mais sem saber o que aconteceu", garantiu a titular da Deam de Brotas, delegada Marilda Luz.

A mesma prática está sendo adotadas nas 15 Deams do estado da Bahia, onde na maioria das ocorrências registradas aponta os maridos, companheiros e namorados como principais agressores. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o ciúme e o álcool aparecem sempre quando o ato violento é mais grave. Principalmente, nas segundas-feiras, percebe-se um acréscimo no registro de boletins policiais, motivados justamente pela combinação desses dois fatores.

Políticas públicas

Para a vereadora Aladilce Souza (PCdoB), o aumento da violência contra as mulheres em Salvador revela dois aspectos preocupantes: primeiro as condições difíceis de vida vivida pelas mulheres e segundo, a falta de políticas públicas para o enfrentamento à violência na capital baiana. “Em Salvador, a Superintendência de Políticas para as Mulheres praticamente está fechada. O orçamento é mínimo e ainda é contigenciado. A gestão do prefeito João Henrique não valoriza e não dá a menor importância a esta área”, reclamou.

“É fundamental que a gente tenha não apenas uma Superintendência, como um órgão que promove e coordena a política, mas toda uma rede de serviços de enfrentamento à violência e de proteção à mulher em situação de violência, com equipes multiprofissionais, casas abrigos e toda uma rede de apoio. Mas, o que temos em Salvador é a ausência de políticas para o enfrentamento à violência, a não ser pelas iniciativas do Governo do estado, que implantou a Vara Especializada e as Deams. Isso é pouco, por isso nós vamos continuar cobrando mais ações do município nesta área”, acrescentou Aladilce.

De Salvador,
Eliane Costa com agências.