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Bigardi: É preciso dar passos adiante, avançar e oxigenar Jundiaí

A atuação à frente da bancada comunista da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e as perspectivas políticas para as eleições municipais de 2012 proporcionaram ao deputado estadual Pedro Bigardi um ano que ele mesmo define como “muito especial”. “Este é o melhor momento político que vivi em termos de realização, de mandato, de amadurecimento e de perspectivas”.

Por Mariana Viel

Enquanto se prepara para disputar as eleições para a Prefeitura de Jundiaí — cidade localizada a cerca de 60 km da capital paulista e que possui a 23ª economia do país, com um PIB de R$ 16,58 bilhões, segundo dados do IBGE  —, o parlamentar mantém uma ampla atuação na Assembleia. Ele divide com a deputada Leci Brandão a tarefa de defender e representar os ideais comunistas no Legislativo estadual.

“Tenho ouvido na Casa que essa nossa participação ampla e comprometimento têm trazido um respeito muito grande dos outros deputados em relação à bancada do PCdoB. Da mesma maneira que aconteceu no passado com o Jamil Murad, o Nivaldo Santana, a Ana Martins e todos os outros comunistas que passaram por aqui”.

O envolvimento da bancada com os mais diversos temas em debate na política estadual obrigou os deputados a dividirem suas atuações em diferentes frentes. O trabalho de Leci Brandão tem se concentrado nas áreas da Educação, Cultura e Direitos Humanos. Enquanto Bigardi tem dedicado mais esforços ao Esporte, Transporte, Mobilidade, Logística e Meio Ambiente.

“Também nos empenhamos nos debates sobre Saúde e Segurança. Somos obrigados a atuar em muitas frentes, e isso é bom porque interferimos mais no jogo político e evoluímos nossa atuação como deputados. Temos dado excelentes passos e nossos mandatos têm tido resultados vitoriosos, tanto para o Partido como para as bandeiras que defendemos”.

Para Bigardi, o esforço desse ano terá importantes desdobramentos na campanha de 2012. “Entendo que se o mandato de deputado estadual for exitoso, com boas consequências políticas, naturalmente isso vai influenciar meu trabalho eleitoral no próximo ano”.

Vermelho:
Além do trabalho em Jundiaí — cidade na qual você já disputou quatro eleições para prefeito —, a atuação na Assembleia tem proporcionado uma visão ampla sobre os principais problemas que o estado enfrenta. Quais são as principais críticas da bancada comunista ao governo tucano — há mais de 16 anos no poder?
Pedro Bigardi: O governo segue a mesma linha adotada pelas administrações tucanas nos últimos anos. Além de extremamente centralizador, é uma administração com pouca participação e clareza de projetos políticos para o estado de São Paulo. Também temos uma grande preocupação com relação à privatização da saúde, com uma linha sempre de enfraquecimento do SUS. Todos os projetos caminham nesse sentido na área da saúde e acho isso muito ruim.

Vejo alguns avanços na área de Planejamento. Essa era uma crítica que eu fazia no mandato anterior. O governo passado não pensava a questão do Planejamento para o estado de São Paulo. A atual Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano conseguiu avanços. No entanto, as demais áreas foram mantidas mais ou menos como estavam.

Vermelho: Quais são hoje os principais focos e projetos de sua atuação parlamentar na Assembleia? PB: Como vice-presidente da Comissão de Esporte, tenho uma atuação muito voltada para essa frente. Fiz uma emenda coletiva no orçamento federal e gostaria muito que houvesse uma ampliação no orçamento do esporte no estado de São Paulo. Hoje temos 0,1% do orçamento para o esporte. Estamos tentando ampliar esse valor para que ele passe a 1% em alguns anos.

Gostaria de ter a regulamentação da minha lei que inclui entidades culturais e desportivas sem fins lucrativos nos benefícios do programa “Nota Fiscal Paulista”. A ideia é fazer com que todos os pequenos clubes, ONGs e associações de teatro, música e dança possam ter recursos assegurados em diversos pontos do estado. É possível amplificar os orçamentos e investimentos nessas áreas.

Tenho lutado muito também para a extensão do trem de passageiros na região entre Jundiaí e Campinas. Isso aliviaria a região da Anhanguera e Bandeirantes — permitindo que trabalhadores e estudantes tivessem acesso a esse meio de transporte mais econômico.

Me empenho muito também pela aprovação do Parque Estadual da Serra do Japí [uma pequena cadeia montanhosa localizada no sudeste do estado de São Paulo e que faz divisa com Jundiaí, Pirapora do Bom Jesus, Cajamar e Cabreúva] que é uma unidade de preservação integral.

Vermelho: Sua pré-cadidatura à Prefeitura de Jundiaí no próximo ano é vista como uma das prioridades do PCdoB no estado de São Paulo. Você acredita que isso é resultado da sua atuação na Assembleia?
PB: Tive que me concentrar muito no meu mandato este ano, especialmente porque sou líder do Partido — o que me exige muito tempo e dedicação. Em 2012, farei um planejamento. Tenho que aliar a questão da disputa eleitoral e minha atuação como deputado.

Sinto que hoje o meu nome é muito mais forte do que no passado. Vejo isso nas ruas, nos bairros onde ando e nas cidades da região que visito. As pessoas estão vendo o meu trabalho. Sinto que meu nome está muito mais fortalecido. Algumas pesquisas de intenção de voto e até conversas de bastidores políticos também comprovam isso.

Vermelho: Como você analisa o cenário político de Jundiaí para a disputa do próximo ano?
PB: O PSDB está à frente da administração da cidade há cerca de 20 anos, e começa a se mostrar um governo sem novidades, cansado e sem perspectivas para a cidade. É um governo que se repete ano após ano.

Jundiaí hoje vende a imagem de uma cidade ideal e sem problemas. Há também um senso comum de que fazer críticas a Jundiaí é estar contra a cidade. Essa lógica marqueteira do PSDB fez com que as pessoas se acomodassem e passassem a participar pouco do governo da cidade. Isso ocasionou o “emburrecimento” do governo porque ele não tem o contraditório. A cidade ficou fechada a qualquer tipo de critica que exponha seus problemas e até mesmo suas potencialidades.

Sinto um desespero de setores ligados ao PSDB de Jundiaí no sentido de me tirar do jogo o tempo todo. Me preocupa que entremos em um nível de campanha baixo em função de tudo que represento hoje para a cidade.

Acredito que a saída para essa situação seja envolver a própria população, entidades de classe e associações de moradores para tentar criar um clima e um debate político de alto nível. Nossa campanha será embasada nos movimentos sociais da cidade.

Vermelho: O que uma administração comunista poderia levar de novo e diferente para Jundiaí?
PB: Uma administração comunista em Jundiaí possibilitaria a oportunidade de enxergar a realidade, envolver as pessoas, enfrentar os problemas e potencializar o que temos de bom. É uma virada de postura. Um governo liderado pelo PCdoB seria um governo verdadeiro — que ajudaria os cidadãos a enxergar a realidade da cidade e construir novas oportunidades para todos.

Somos uma cidade rica, muito bem localizada, que tem grande potencial nos setores da indústria, do comércio, de serviços e da agricultura. Temos que dar passos adiante, avançar e oxigenar a cidade.

Vermelho: Quais são as principais bandeiras que você defende para Jundiaí?
PB: Minha atuação como deputado e mesmo em todas as campanhas que disputei sempre foi marcada pelo contato com a população. Acho fundamental construir um programa de governo através do debate com a cidade. Saber das necessidades e dos anseios dos eleitores é fundamental para a construção de um projeto vitorioso.

Em todo caso, algumas questões como mobilidade urbana e planejamento estão entre os pontos prioritários para o desenvolvimento se Jundiaí. A cidade está crescendo de forma completamente desordenada e isso tem afetado a questão da mobilidade, do trânsito e da circulação de pessoas.

A Saúde também é um dos maiores problemas apontados pela população. A gestão do sistema de saúde não funciona. Jundiaí é um polo regional e vive atualmente uma grande carência de leitos. É preciso criar equipamentos para reorganizar todo o sistema de saúde. A questão da segurança pública, que inclui de forma muito evidente o tráfico de drogas e o crime organizado que está instalado na cidade merece também muita atenção.

Vermelho: Já existem articulações e negociações partidárias para a disputa do próximo ano?
PB: Tivemos uma boa coligação na eleição de 2008 e mantemos relação com esses partidos. Estamos vendo as candidaturas que estão sendo colocadas e aguardando a consolidação do cenário eleitoral. Mas temos a visão de que não podemos cometer erros no sentido de inviabilizar um segundo turno. Precisamos levar a eleição para o segundo turno. Pelo que tenho percebido há uma grande possibilidade de haver uma polarização de diversos partidos em uma candidatura única contra o PSDB.

Vermelho: Como se configura hoje a organização do PCdoB na cidade?
PB: O Partido cresceu muito e hoje tem uma chapa própria, com possibilidade de eleger dois vereadores e tentar um terceiro nome. Na última eleição tivemos seis mil votos de legenda. É uma chapa muito renovada — composta por pessoas de todas as áreas de atuação e de diversas regiões da cidade. Chegamos a 500 filiados e temos expectativa de ampliar muito esse número.

Hoje somos uma referência para a cidade e recebemos convites para participar e opinar a respeito de diversas questões. Temos também um trabalho muito forte na macro-região (composta por 18 cidades) o que nos dá uma base política muito importante. Estamos muito impressionados com o trabalho de toda a nossa militância na região.