Terreiro da Casa Branca celebra 26 anos de tombamento
Os 26 anos de tombamento do Ilê Axé Iyá Nassô Oká, popularmente conhecido como o Terreiro da Casa Branca, foram comemorados em sessão especial realizada na manhã desta sexta-feira (16/12), no plenário da Câmara Municipal de Salvador. A solenidade em homenagem ao primeiro centro religioso negro tombado no Brasil foi marcada pelos sentimentos de resistência e união para que mais avanços sejam alcançados para as comunidades de terreiro.
Publicado 16/12/2011 18:41 | Editado 04/03/2020 16:18
Segundo a vereadora Olívia Santana (PCdoB), que teve a iniciativa de realizar a sessão, “o pioneirismo do tombamento do Terreiro de Casa Branca abriu portas para que outros centros religiosos de matriz africana pudessem ser reconhecidos e, consequentemente, preservados”.
Políticas de valorização dos terreiros de candomblé foram discutidas durante a sessão especial. Para o professor, antropólogo e ogã (quem auxilia a manter o terreiro em ordem) da Casa Branca, Ordep Serra, se o tombamento não fosse confirmado, em 3 de julho de 1986, talvez a Casa não existisse hoje.
O procurador de Justiça Criminal do Ministério Público da Bahia, Lidivaldo Brito fez um apanhado histórico das relevantes conquistas legais alcançadas pelo povo de santo. “Temos que continuar lutando contra o racismo institucional e intolerância religiosa que se abatem contra a comunidade de candomblé”, defendeu.
Parceria
Fiel do candomblé, o secretário municipal da Reparação, Ailton Ferreira, ressalta a necessidade de uma parceria entre a pasta e os terreiros. “Precisamos respeitar e preservar a nossa ancestralidade e tratar com compromisso os interesses do nosso povo”.
O trabalho que vem sendo desenvolvido pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) foi detalhado pelo ouvidor-geral Carlos Alberto Júnior. Para ele, políticas públicas têm que ser pensadas para defender a comunidade dos terreiros. “As ações que vêm sendo desenvolvidas são pontuais”. O ouvidor-geral anunciou, em data a ser confirmada no primeiro semestre de 2012, o Seminário de Políticas Públicas para os povos de terreiro.
Os problemas enfrentados para preservar os centros religiosos de matriz africana foram relatados por Bruno Tavares, coordenador-técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Para Tavares, a ocupação indiscriminada e o crescimento desordenado da cidade são problemas diariamente combatidos. Para ele, “preservar os terreiros de candomblé é preservar a identidade nacional”.
Placa
Para fechar com chave de ouro a sessão especial, a vereadora Olívia Santana chamou a Mãe Tieta da Casa Branca e Willis Andrade, da São Jorge do Engenho Velho de Brotas, para entrega uma placa em homenagem ao aniversário de tombamento do terreiro. Em retribuição, Mãe Tieta emocionou o plenário cantando a música Oro Mimá, para saudar Oxum.
A vereadora Olívia Santana é autora do projeto de lei que instituiu o dia 21 de janeiro como o Dia Municipal de Combate à Intolerância Religiosa. Posteriormente, o texto serviu de inspiração para o deputado federal Daniel Almeida (PCdoB) criar, através de projeto de lei, o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, sancionado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na forma da Lei 11.635/07.
Fonte: Ascom da Câmara de Vereadores de Salvador.