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Fim de ano candente no Conselho de Segurança da ONU

O Conselho de Segurança da ONU, encarregado da paz e segurança mundiais, chega à última semana do ano envolto em enfrentamentos públicos e nada diplomáticos entre seus membros mais importantes.

A magnitude da situação ficou evidente neste sábado (24) quando o embaixador russo e atual presidente desse órgão, Vitaly Churkin, pediu a seus colegas dos Estados Unidos e da França que se relaxem, reconsiderem sua atitude e deixem de lado a impaciência e o nervosismo.

O fato detonador da controvérsia radica na pretensão de Washington e Paris de impedir uma investigação por parte da ONU da morte de civis durante a campanha de bombardeios da Otan contra a Líbia, como reclama a Rússia.

O pedido de Moscou ganhou força com as recentes revelações do diário New York Times sobre a existência de dezenas de vítimas mortais civis por causa dos ataques da Aliança Atlântica.

Na última quinta-feira (22), o representante permanente da Rússia na ONU denunciou a existência de uma campanha de propaganda lançada para apresentar a intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) como uma operação perfeita.

A Otan adotou uma postura propagandística afirmando a ausência total de vítimas civil na Líbia, o que, "em primeiro lugar, é absolutamente improvável, e em segundo, não é verdade", disse Churkin.

O diplomata também criticou as declarações do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que na semana passada justificou a atuação da Otan na Líbia com a resolução 1973 do Conselho de Segurança.

A esse respeito, o embaixador russo instou o titular da ONU a ser mais cauteloso em suas opiniões sobre assuntos de importância que pertencem à competência do Conselho.

Imediatamente depois das declarações do emissário de Moscou, os chefes das missões norte-americana e francesa, Susan Rice e Gerard Araud, saíram em cena na defesa da Otan.

Com termos poucas vezes escutados na ONU, Rice qualificou de, ruidosos, fraudulentos e truque barato os reclamos de Moscou para investigar o sucedido na Líbia, enquanto que Araud considerou que se trata de um estratagema do Krêmlin.

Como contra-ataque, ambos os embaixadores investiram contra a postura russa sobre a crise na Síria que pede para condenar não só o governo, mas também os grupos opositores, pela violência nesse país e se opõe a aplicar sanções contra Damasco, como pretendem Washington, Paris e Londres.

Em resposta a um jornalista, Churkin rechaçou qualquer vinculação entre ambos os temas como objeto de negociação e considerou que tal procedimento seria cínico.

Nestes momentos, o Conselho de Segurança tem sobre a mesa um projeto de resolução apresentado pela Rússia na semana passada que denuncia "a violência proveniente de todas as partes", entre elas as autoridades sírias e os elementos extremistas.

Ao mesmo tempo adverte sobre o fornecimento ilegal de armamentos a grupos armados sírios e chama os "países vizinhos e outros a adotarem medidas para evitar esses fornecimentos".

"Estou preocupado com o Conselho de Segurança, pois não se está avançando na boa direção", expressou Churkin ao falar neste sábado aos correspondentes na sede da ONU em Nova Iorque.

O diplomata russo criticou aqueles que pretendem que as coisas têm que ser feitas à sua maneira, agora, e não de outra forma, sem objeções e sem admitir outros pontos de vista.

Isto não é bom para o trabalho do Conselho de Segurança é uma situação que prejudica seriamente a capacidade do Conselho de Segurança para avançar. Espero que meus colegas relaxem, reconsiderem sua atitude e abandonem a impaciência e o nervosismo, indicou.

Prensa Latina