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Aumento do salário mínimo deve elevar venda em supermercados

O aumento do salário mínimo deverá garantir ao setor de supermercados um crescimento da quantidade de produtos vendidos em 2012 maior em comparação a 2011. Com a perspectiva de preços estáveis, os consumidores terão à disposição mais recursos para suas compras nos supermercados. Diante deste cenário, as redes varejistas e as indústrias de alimentos e bebidas pretendem ampliar investimentos para atender essa expectativa de crescimento das vendas.

"Iniciar o ano com aumento da renda é o que de melhor pode acontecer", diz o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda. O salário mínimo será elevado para R$622 a partir de 1º de janeiro de 2012, alta de 14,13% em relação ao valor atual, de R$545.

O dirigente acrescenta que o processo de queda na taxa básica de juros, a Selic, também deverá estimular a demanda como um todo da atividade econômica. Honda lembra que as perspectivas para 2012 são completamente inversas em relação ao início de 2011. "Começamos 2011 com pressão inflacionária, aumento dos juros e sem grande ganho real do salário mínimo", explica.

Os fatores citados por Honda contribuíram para uma desaceleração no ritmo de crescimento das vendas em 2011. De janeiro a outubro, o volume comercializado nos supermercados, segundo a Abras, cresceu 2% frente igual intervalo do ano anterior. Isso significa uma forte desaceleração em relação ao ritmo de 7,1% que vinha sendo apresentado no mesmo período de 2010, o período de maior crescimento dos últimos anos.

Diversificação e sofisticação

Para 2012, a estimativa inicial da Abras é de que o volume das vendas suba, no mínimo, 3% ante 2011. Segundo o economista Fabio Romão, "o impacto do salário mínimo é muito significativo, podendo elevar a renda e o consumo principalmente das famílias com renda menor, que têm uma maior participação dos alimentos na cesta de compras", afirma. Ele ressalta que os ganhos de renda contribuem ainda para a diversificação e sofisticação do consumo.

Os produtos que devem puxar as vendas em 2012 são as categorias de bebidas, como cervejas e refrigerantes, e de perecíveis, como leite, queijos e iogurtes. "Com mais renda, os consumidores das classes C e D ampliam a cesta de consumo e os das classes A e B, sofisticam", explica Honda.

Também ocorre um processo de migração. "O brasileiro está trocando o suco em pó por
refrigerante, o óleo de milho pelo de soja ou azeite, o vinho nacional pelo importado ou comprando massa e arroz de melhor qualidade", exemplifica.

Preços estáveis

Outro componente adicional para garantir uma boa performance de vendas em 2012, a perspectiva de preços mais estáveis, é consequência da crise externa. "Teremos uma redução da demanda por commodities (com preços cotados internacionalmente) vinda da Europa, China e Estados Unidos. Em reação a essa nova percepção, os preços das commodities agrícolas já caíram cerca de 18% nos últimos seis meses", escreveram, em relatório a clientes, os economistas da consultoria Rosenberg & Associados.

A inflação projetada para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no grupo alimentação e bebidas, em 2012, é de 5%. Como comparação, este indicador deve fechar 2011 em 6,8%, enquanto terminou 2010 em 10,4%. "Isso é um bom cenário para os supermercados. Além do aumento da distribuição de renda via salário mínimo, os preços dos alimentos devem subir menos", ressalta Romão.

De Brasília
Com agências